Juliana acenou com a cabeça.
—Você pode me contar para que não se torne realidade?
A loira demorou, tentando acalmar seus pensamentos, tudo era muito confuso.
—Você não acordava... você não acordava. _Valentina repetiu.
—Eu não consegui te acordar. _ela soluçou mais.
—Ah Val.
—Eu... eu não pude fazer nada.
Se Lúcia estava angustiada, agora piorou.
O que o médico havia dito a elas? E quando elas foram ao médico?
—Foi como aquele dia no vinhedo, foi igual, foi tão real... Só que desta vez não cheguei a tempo.
Juliana deixou as lágrimas rolarem pelo rosto.
Sua Val estava sofrendo, por causa dela. Há quanto tempo ela se sentia assim? Desde quando ela estava acumulando seus medos, até que eles explodissem com tanta força?
—Eu pensei que estava acordada...
Depois de alguns minutos em silêncio, deixando Valentina se acalmar um pouco Juliana perguntou.
—Quer falar sobre isso com a sua mamãe? _disse achando que talvez fosse melhor ela não estar lá para Valentina poder contar tudo a Lucia.
—Não! Não vá...
—Tudo bem, calma linda. Eu vou ficar aqui. _Juliana tentou mais uma vez.
—Quer tentar comer alguma coisa? Eu vou te dar.
Valentina sorriu levemente, lembrando como Juliana lhe dava comida quando ela estava com o braço quebrado.
—Sim? _insistiu a morena.
—Sim.
Observando o leve sorriso no rosto da filha. Lucia respirou aliviada.
—Eu vou fazer uma limonada para você, você deve estar com sede. _Lúcia disse dando-lhes um pouco de espaço e se perguntando o que suas meninas não estavam lhe contando.
Juliana se preparou para lhe dar o caldo de frango e legumes que Lúcia as levou com tanto amor.
—Abre.
Uma rotina antiga, que ajudava Valentina a sentir que a esposa realmente estava ali, que ela estava bem, que estava cuidando dela, como sempre fazia. Que ela não estava apenas imaginando os braços dela ao redor dela.
—Juls, estou com tanto medo. _disse ela entre as colheradas.
—Minha morrita, você devia ter me contado desde que saímos daquele escritório.
—Você estava tão feliz, eu também estou, mas...
—Mas você teme pela minha saúde.
Essa foi uma afirmação, não uma pergunta. Ela continuou dando colheradas de sopa para ela, ela não iria forçá-la a continuar falando sobre isso agora, mas no tempo certo elas teriam que fazer isso. Ela não queria deixar esses pensamentos crescerem.
—Você quer que digamos à mamãe? _Juliana perguntou.
—Acho que ela vai tirar a verdade de nós assim que voltar.
Juliana deu uma risada.
—Sim, acho que sim.
Terminando de alimentar a esposa, Juliana pegou a bandeja e a colocou de volta na mesinha.
—Quem diria, acabei te alimentando de novo. _disse tentando animá-la um pouco.
E Funcionou.
—Ah, então era muito melhor para você que eu não tivesse comido o dia todo.
Juliana fez um som de surpresa.
—Só não espere que eu limpe de novo o...
—Aqui está a limonada. _disse Lúcia ao entrar no quarto.
Valentina aceitou o corpo rindo um pouco.
—Obrigada mãe. _disse ao receber o copo.
Enquanto Valentina bebia, fez-se um silêncio que deixou Lúcia estática por segundos.
—Estou feliz que você esteja se sentindo melhor Valentina, mas que diabos está acontecendo? Que história é essa de médico? _as meninas se entreolharam.
—Eu vou ficar cheia de rugas de tanta preocupação e isso vai acabar comigo. _disse ela tocando o rosto.
—Mãe, você tem que prometer que não vai contar a ninguém. _Valentina disse a ela seriamente.
]—Falem logo meninas. _elas não disseram nada.
—Ok, eu prometo não dizer nada.
Elas deixaram passar mais um momento como um drama.
Juliana foi a primeira a falar.
—Temos que te mostrar uma coisa.
Valentina se mexeu e saiu da cama indo até o armário. Momentos depois, ela voltou com um grande papel nas mãos, dentro de um envelope.
—É um exame. _Lúcia disse pegando o papel e vendo uma imagem diagnóstica.
Valentina o deixou nas mãos da mãe e ficou ao lado de Juliana.
—Abra.
E Lúcia fez exatamente isso, suas mãos esguias movendo-se rapidamente para tirar o que ela pensava ser o diagnóstico de Juliana, mas quando ela pode ver o que estava no envelope, ela congelou, como se não tivesse entendido.
Demorou alguns segundos.
—Queeeeeee?
Valentina riu, pensando que sua mãe tinha acabado de soar como sua esposa.
—Não posso acreditar. _Lúcia deixou escapar enquanto olhava para as duas filhas.
—Mamãe Lu, você vai enrugar. _Juliana disse zombando da expressão no rosto de Lúcia.
***
