Romance na Transilvânia, parte dois

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Quando acordei na manhã seguinte, meus óculos estavam tortos no rosto e a minha cabeça estava a um centímetro de tombar para fora da poltrona

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Quando acordei na manhã seguinte, meus óculos estavam tortos no rosto e a minha cabeça estava a um centímetro de tombar para fora da poltrona. Devagar, me endireitei, tentando lembrar de onde estava.

Demorou alguns segundos para que as lembranças da outra noite me invadissem, mas assim que me recordei tudo, levantei tão depressa que minha visão escureceu.

Olhei para os lados, mas não havia sinal de Eric ou do gato. Notei o livro que eu tinha começado a ler pousado na mesinha entre as duas poltronas, ao lado do volume gigante de Os Miseráveis.

Santo Deus! Não conseguia acreditar que tinha adormecido ao lado de um cara que não conhecia... Se minha mãe soubesse disso, nunca mais me deixaria sair sozinha na vida! Para ela, minha maioridade não representava lá muita coisa.

Fui tropeçando para fora da saleta, sonolenta e confusa. Precisava chegar até meu quarto e... dormir mais? Eu podia estar errada, mas tinha a impressão de que ainda era bem cedo. A escuridão daquela casa coberta por cortinas pesadas bagunçava meu relógio interno.

Eu estava fechando a porta da sala de livros – o mais devagar possível, com medo de que ela soltasse um rangido que acordasse a casa toda – quando uma voz disse atrás de mim:

"Já de pé?"

Saltei no lugar, quase batendo com a testa na porta. Virei com a velocidade de um raio, prestes a soltar uma longa lista de palavrões. Tampei a boca com as mãos a tempo de me impedir daquela barbaridade ao ver Eric parado perto de mim. Seus olhos me encaravam com divertimento e, em minha opinião, ele parecia estar tentando não sorrir.

"Você gosta de assustar pessoas?!", sibilei, sem me importar de ser educada. Na noite anterior, aquele cara quase tinha me feito sofrer um ataque. Se eu saísse viva daquela casa, estaria no lucro.

"Não regularmente", Eric disse com toda tranquilidade do mundo. "Mas estou gostando de assustar você. É engraçado."

"Também foi engraçado quando eu quase te acertei ontem com um castiçal?"

"Foi", ele respondeu seu hesitar. "Mas isso só porque você não conseguiu me acertar com o castiçal."

Eu abri um meio sorriso para ele.

"Ainda não é tarde demais para reverter o erro."

"Vou me lembrar de ficar longe de você."

Eu balancei a cabeça, mas não consegui ficar brava com ele. Para ser sincera, devia ser mesmo engraçado me assustar. Sempre fui escandalosa.

"Você acabou adormecendo na poltrona", Eric disse então, voltando minha atenção para o meu outro deslize da noite passada. "Não quis acordá-la. Espero que não esteja dolorida. Pela posição em que estava, tive a impressão que acordaria com um torcicolo."

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