Nas Ondas do Havaí, parte dois

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     Ayla amava o mar de Waikiki

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  Ayla amava o mar de Waikiki.

No banco do carona, no buggy rubro como os fios da dona do veículo, a garota se permitiu fechar os olhos e sentir a maresia, esquecer mais uma vez do enorme problema que pesava em seus ombros. A música que saía pelo rádio retrô servia como um opérculo, a abafar os sons gritantes de seu pensamento à respeito da Lua, de Namaka, Kai, e até sobre Kimi, sua mãe, que sempre surgia em suas memórias.

Mesmo acompanhada, a loira sentia-se tão solitária quanto na noite em que conhecera Kai, embora o ser que comandava os mares estivesse sempre a lhe observar. Já era a última semana de julho e o campeonato seria no dia seguinte, o que, na teoria, levava ao fato de que o surfista logo retornaria para São Genésio e desaparecia para sempre, como um náufrago no mar. Mas, embora desejasse com todas as forças, o Mori não sobreviveria caso retornasse ao oceano para desafiá-lo, principalmente se era ele o prêmio que Namaka desejava ter.

Assim como sua mãe.

— Desculpa se foi estranho pra você. — Wendy começou, de repente, causando um enorme susto na mais nova, que arregalou os olhos e a fitou, tentando compreender o que era aquilo. A estrangeira logo deu continuidade, para sanar algumas das dúvidas que permeavam a mente da Wood: — Mas, é que eu precisava conversar com você. Sobre o Kai.

O nome pronunciado, do rapaz que era uma imensidão de sintonias, lhe proporcionou, novamente, os enigmáticos indícios que sempre vinham à tona ao pensar ou simplesmente ouvir o nome do turista vivaz. Ela ainda não entendia, no entanto passou a adorar aquilo, um doce mistério à se decifrar. Porém, a alegria e o torpor típicos se esvaneceram, ao notar o tom sério e a expressão fechada que o rosto de Wendy adquiriu.

Ao perceber tais sinais, a garota se perguntou, entre as inquietantes interrogações que enchiam sua mente, se não estava invadindo, tomando o lugar de alguém que já havia desbravado o âmago de Kai.

E se Wendy não era a pessoa escolhida por ele, para velejar nas ondas profundas que eram o seu coração.

"Pode falar. Está me assustando." — Pediu, sem mentir. O temor a possuía em vibrações alarmantes, criando inúmeras realidades em que Ayla não passava de uma intrusa, ou mesmo a assassina que Namaka desejava que fosse.

— Só quero te falar que, tipo...Você vê o sorriso do Kai, a personalidade dele, e a determinação dele em continuar no esporte, mas na realidade, o garoto passou por muita coisa. — Falou ela, inspirando um tom maternal. Wendy não era muito mais velha que o melhor amigo, encontrado em uma época e uma realidade totalmente diferente da sua, em que haviam exigências demais e escolhas de menos. A Lamberg sempre enxergaria Kai como um irmão mais novo, e como tal, seu dever era protegê-lo. Inclusive de Ayla, se assim fosse preciso. — Talvez, não caiba à mim contar isso, mas os pais dele não o apoiam nisso tudo, sabe? Não sei se ele já havia mantido você a par sobre essa situação.

A sereia assentiu com a cabeça, hipnotizada. O Mori já havia lhe dito algo parecido, porém suas palavras eram, em sua maioria, carregadas de descontração, como se não importassem, não fizessem qualquer diferença para si. Porém, a garota sabia que era tudo uma encenação, um sorriso que escondia uma mescla de angústias e mágoas, assim como ela. Logo, pediu que desse continuidade, ansiosa para conhecer mais daquele Kai que não lhe era tão familiar, mas que permanecia encantador; cativante.

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