— Ela pediu minha ajuda, me fez contar muitas coisas, claro que muitas delas eu não contei pra você, não é pra sua idade. — ri de nervoso.

Ela bufou. — Mas fez sucesso assim ou foi só você que comprou?

— Fez sucesso. — ri do deboche dela. — Não é atoa que todo ano muitas pessoas passam na academia pra entregar flores.

— Meu Deus, são pra isso? — ela levou a mão na boca e eu assenti. — Pensei que era pra prestar luto pela academia ser muito ruim. — deu um sorriso safado.

Tina tinha essa coisa de ser engraçadinha e eu achava hilário. Semicerrei os olhos pra ela emburrado e quando levantei da cadeira ela saiu correndo, óbvio que fui atrás dela.

Peguei ela pelas pernas no meio do corredor e a joguei no sofá fazendo cosquinha. Ela gritava, me chutava, mas acima de tudo não parava de rir.

Parei quando vi que ela estava perdendo o fôlego, ela se ajeitou sentando direito no sofá e tirou os lindos cabelos dos olhos recuperando o fôlego.

— Pai? — ela me chamou. — Quando você vai namorar de novo?

Agora seria mais difícil do que contar toda a historia. Engoli a seco, minha barriga embrulhou e o medo se mostrou bem na minha cara.

— É, então, sobre isso... — gaguejei.

— Eu já sei que você tá namorando com a tia Sarah, só queria que você falasse de uma vez por todas. — ela revirou os olhos.

— Sua safada! — eu balancei a cabeça negativamente e ela caiu na gargalhada. — Estragou o que nós íamos contar no jantar de hoje.

— Todo mundo já sabe, papai. Se bem que Scar é meio lerda, mas vocês trocam vários olhares. — ela disse.

Eu fiquei indignado, mas facilitava minha vida de ter que dar a notícia totalmente apavorado e nervoso.

— Mas você nunca vai esquecer da mamãe, né?! — perguntou receosa.

Me ajeitei ao lado dela no sofá, coloquei suas pernas em cima da minha e olhei pra ela firme.

— Nunca! — disse com toda certeza. — Sua mãe é o grande amor da minha vida, assim como pra Sarah o Bruno sempre vai ser, mas nós encontramos um no outro um amor seguro.

— Com a mamãe não era? Com o Bruno também não? — questionou.

Com certeza quando eu contasse pra Scarlet a conversa seria mais fácil. Respirei fundo.

— Quando eu digo um amor seguro é você ter aquela pessoa também como sua melhor amiga, como aquela que quer seu bem acima de tudo, como aquela que está sempre contigo e que você tem um carinho profundo por ela. É mais "somos casados porque nos amamos e somos melhores amigos". — expliquei. — Já quando falamos da sua mãe e do Bruno, é algo além da vida. Você faria tudo por aquela pessoa, você daria a vida, você comete loucuras pelo amor, você quer casar, quer ficar velhinho, quer beijar, quer estar a todo dia e a todo hora por perto.

— Ué pai, mas se você não quer nada disso com a tia Sarah, por que você tá namorando com ela?

Eu ri de nervoso. — Eu quero sim com ela, eu gosto dela de verdade, mas é algo mais ameno, sabe Tina? É controlável, é estável, é mais calmo, enfim, é diferente. Sou péssimo nisso.

— Tá bem, eu entendi mais ou menos. — ela assentiu. — Quem vai nesse jantar?

— Que jantar? — perguntei lerdo.

— O da inauguração do namoro, ué. — ela disse e eu caí na risada. — E do seu aniversário e do rio Daniel.

— Todos os seus tios: Jade, Phelipe, Matheus, Duda, Laura, Daniel, seu primo Heitor e o Henrique. — contei.

— E minha irmã Sophia? — perguntou.

— Esqueceu que ela foi viajar? — disse.

— Ahhh, é. — ela assentiu. — Ok, vou subir que tenho dever de casa pra fazer. Eu amei a história e mais ainda minha mamãe, obrigada.

Sorri pra ela que correu pra subir pro quarto. Tive tanto medo de contar pra no fim ser tudo muito bem e ela ainda se apaixonou pela mãe.

Peguei na gaveta do hack da sala uma foto que eu guardava de Alicia pra quando me batesse a verdadeira saudade, aquela que dói.



Que saudade da minha mulher! Que saudade de levar bronca dela, de ser corrigido, de ser acalmado por ela, que saudade dos ciúmes bobos que ela tinha que nem chegavam a ser ciúmes, saudade do sorriso, da alegria, da disposição. Saudade de vê-la dançar, saudade até do único dia que ela tentou lutar. Saudade da guerreira que ela era mesmo quando estava em tempos difíceis e saudade das sensações que ela me trazia que eram únicas.

Limpei a lágrima que escapuliu e caiu na foto e a guardei. A foto já estava toda amassada com o estrago que minhas lágrimas faziam.

Respirei fundo, fiquei uns cinco minutos falando com ela porque eu sabia que de uma forma ou de outra ela me ouvia e fiquei de pé pra seguir com o meu dia.

Era uma vez, AliNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ