⭒CAPÍTULO SEIS⭒

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Sinto o meu corpo dolorido ao mover os meus braços e as pernas. Isso me preocupa tanto quanto a dormência nos meus olhos que não me obedecem de forma alguma.

─ Doutora ela vai ficar bem? ─ A voz presente é um pouco distante para alguém que parece estar tão perto de mim.

─ Foram várias picada ao mesmo tempo por múltiplas abelhas, nós conseguimos remover os ferrões antes de causar alguma reação inflamatória na pele, mas o tempo que levaram pra trazer a aluna pra enfermaria foi o suficiente para um pouco do veneno causar efeito. ─ A voz da mulher está perto e sinto a presença de alguns dedos sobre o meu braço. ─ Está vendo esses inchaços?

─ Sim, isso significa que ela tem alguma alergia?

─ Não, é só em dez por cento dos casos que o paciente desenvolve uma reação maior as picadas. ─ Espera, estou em algum hospital? ─ Todos esses inchaços no braço da sua amiga tem dez centímetros de diâmetro e quando ela acordar pode ter uma reação maior as picadas por sentir uma dor intensa

Quero abrir os meus olhos para dizer que estou ouvindo o que estão falando ou quem sabe descobrir o que está acontecendo, mas as vozes se afastam aos poucos como se a qualquer momento pudessem ficar mais próximas novamente. Não sei qual é o problema do meu corpo que agora aos poucos demonstra reações nas quais não são normais e dessa vez sinto uma ardência no meu pescoço onde antes não sentia absolutamente nada.

Uma coceira na minha perna e os meus dedos doloridos que em meio a dificuldade respondem ao meu comando para me ajudar. Tento mais uma vez abrir os meus olhos e aos poucos recupero a minha visão, percebo que acima de mim existe um teto branco e o restante é só um filtro embasado.

─ Ela acordou! ─ É aquela voz que antes conversava com a mulher.

─ O-que aconteceu? ─ Pra mim soo certo, mas pelo silêncio ambos não parecem ter entendido nem um pouco o que tentei perguntar.

─ Minha querida, sou a médica que cuida da enfermaria do acampamento. ─ A voz feminina e o rosto nem um pouco conhecido se faz presente quando a minha visão entra um pouco em foco. ─ Você se lembra de viajar com o seu colégio?

Com certa dificuldade concordo balançando a cabeça e isso alegra o garoto ao meu lado que beija a minha mão que está sendo segurada.

─ Consegue seguir a luz? ─ A mesma coloca um pouco distante do meu rosto uma claridade e a sigo de um lado para o outro conforme vai se mexendo. ─ Ellenor, isso é ótimo! Mas agora você está um pouco anestesiada pelos analgédicos e precisa descansar

Realmente, sinto o meu corpo implorar para os meus olhos se fecharem e é o que faço sem medir esforços.

─ Ela vai ficar melhor? ─ O outro preocupado.

─ Sim, as manchas avermelhadas vão sumir daqui a sete ou dez dias e quando ela acordar pode ter sintomas como diarreia, vômitos, dor de cabeça, febre, prostração e confusão mental...

⭑⭑⭑

Abro os meus olhos e percebo que estou no mesmo lugar do meu pesadelo. As paredes brancas, cortina azul clara e o bip é um pouco semelhante para mim. Não sei onde estou, por quantas horas dormi e o que aconteceu. Tento erguer as minhas costas, mas a dor por todo o meu corpo me impede de continuar e isso me deixa frustrada.

─ Você acordou. ─ Viro o meu rosto e vejo uma enfermeira se aproximar.

─ O que aconteceu? ─ Pergunto encarando a mulher.

─ Você participou da corrida e acabou caindo de um barranco, depois foi picada por um inxame de abelhas e por sorte alguém te encontrou.

─ Eu não me lembro... ─ Tentei me recordar, no entanto não consigo.

Querida, grande vida. #2 Where stories live. Discover now