Rua das raízes. - Prólogo.

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O céu, a terra, o mar, o ar, testemunhando com ímpeto e declarando aos seres viventes. Embora a terra fosse livre,  ainda se mantinha acorrentada, seja pelos humanos, pela gravidade e até mesmo pelas crenças. 

No entanto, ela não caia, ela era forte, persistente e firme, porém radical.

— Senhora Han. — A voz era doce, mas tinha receio ali.

— Sim? — Virou-se segurando nas mãos um pergaminho egípcio. — Ele ainda está agonizando? 

— Sim, minha senhora. — Um sorriso trilhou o rosto de Han Jisung, uma duquesa, tratado no gênero feminino por ser ômega, mas aquele era apenas um  detalhe, apenas os servos falavam  consigo, então não havia necessidade de se importar com tratamentos e gêneros, embora utilizasse os dois para si mesmo. 

— Ótimo. Quando tiver certeza que ele está morrendo venha aqui. — Deu as costas novamente, olhando aquelas histórias no papel.

Casado a três anos com um alfa no auge da velhice, levando o título de duque, Jisung amaldiçoava aquele fatídico dia, sentia os nervos subirem e embrulhar-lhe o estômago. Tendo apenas doze anos quando se casou, ele agora possui quinze e fios ondulados em um tom de azul escuro, quase preto, a sua elegância causava inveja e desejo, sempre usando roupas bonitas e sorrindo doce, além de contribuir valores exorbitantes à igreja.

Servo e obediente às leis do Senhor e ao marido. 

Quanta hipocrisia. Jisung era ótimo mantendo as aparências, apenas não superava seu talento em esconder os amantes, desde aos servos até mesmo sua nova conquista, o futuro herdeiro ao trono: SeungWoo. 

Céus. Aquele alfa lúpus era uma tentação, sentia seu corpo arrepiar-se apenas de lembrar as noites com ele, principalmente agora que seu marido agonizava na cama abeira da morte iminente.

Após longas horas, o sol estava mais amarelado e o calor acariciava sua pele enquanto estava sentado na janela olhando as ondas do mar baterem e voltarem, os navios da marinha ali e outros piratas que tinham ousadia de baterem contra a autoridade.  

— Senhora, o senhor Hong está desesperado, acho que morrerá. — O sorriso antes inocente imaginando as águas quentes o tocando, deu espaço a um malicioso. 

— Traga-me um copo de água para meu marido. — Se levantou arrumando o vestido elegante vermelho, os ombros mostrando a clavícula e o cordão da família real, ajustou o espartilho e caminhou.

Passou por ao menos três corredores, desceu as escadas e entrou no quarto espaçoso encontrando o duque, sorriu ainda mais quando logo recebeu a água, os empregados sempre treinados e temerosos, gostaria de rir do temor deles, mas agora sua atenção foi de encontro a voz rouca do alfa.

— Sua vadia, estou morrendo e não me deu um herdeiro! Eu deveria ter ido atrás de uma ômega mais nova. — Jisung gargalhou se virando de costas para o marido, colocou a mão dentro do bolso de seu vestido enorme, tirando uma garrafa de pequeno porte com veneno. 

— Meu marido, eu tenho uma excelente notícia.  — Pegou novamente o copo nas mãos e foi lentamente até a cama enorme do alfa, se sentou entregando a água.

— Qual? — O alfa segurou o copo, achava o ômega burro, sempre o obedecia e o servia com bebidas antes de terem uma noite agradável ou quando iam dormir.

— Estou grávido, beba. — O ômega sorriu inocente e o alfa retribuiu, bebendo rapidamente o líquido. 

— Está me dizendo a verdade? — Questionou ele dando o copo vazio. 

Antes que pudesse lhe responder, uma jovem entrou no quarto desavisada que o grande duque se apossava de um leito, e que a morte já o esperava.

— Senhores? Perdão, eu apenas vim aqui para limpar. — O duque arregalou os olhos prestes a expulsá-la, mas a duquesa sempre gostou de contrariar o marido.

Rua das flores - HYUNSUNGWhere stories live. Discover now