Capítulo 44

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Um mês depois ...

Nesses últimos dias tenho notado certas mudanças no meu corpo que antes eram imperceptíveis. Meus seios estão mais sensíveis e também parecem maiores, eu andava com um sono fora de série isso sem contar que a bendita da minha menstruação está atrasada desde que dei a pausa no meu anticoncepcional. Eu sei que pode ser só algum descontrole hormonal mas algo dentro de mim gritava ao contrário.

─ Amiga faz logo é melhor do que você ficar se torturando aos pouquinhos. A voz da Karine penetrou meus pensamentos e olho para ela.

─ Eu não quero fazer é se der positivo? Digo mordendo o canto da boca ao mesmo tempo em que retorço uma mão na outra. Meus nervos à flor da pele.

─ Lizzy você só vai saber se fizer amiga não tem outro jeito. Ela murmura compreensiva com a mão no meu ombro. Assenti e respirei fundo.

Preferi fazer o teste na casa da Karine já que o Thomas estava trabalhando de casa hoje e queria ter certeza antes de jogar uma bomba dessa em cima dele.

" Você consegue Liz, você consegue." Repito a mim mesma enquanto ocupo o assento gelado e macio do vaso sanitário.

─ Só não sei porque comprou tantos Liz um só já era o suficiente sabia? Karine diz indignada com a quantidade de caixas rosa e lilás sobre seu balcão de mármore branco e preto.

─ Eu só queria me certificar. Disse dando de ombros fazendo ela revirar os olhos.

─ Que seja o dinheiro é seu.

Depois de me entupir de água minha bexiga estava pronta para encarar os cinco testes pela frente.

─ Agora é só esperar cinco minutos. Karine murmura segurando minha mão.

Os cinco minutos pareceram cinco horas. Meus olhos aflitos, ansiosos não conseguem desviar para nenhum outro lugar que não seja a enorme pia dupla. Quando o primeiro teste deu sinal de vida despertou meu sensor de alerta e fico olhando a primeira tirinha vermelha aparecer. Subindo como mágica. Respirei aliviada mas logo sou golpeada com a risca número 2. Essa bendita risca extra mudaria minha vida para sempre e cruzei os dedos torcendo para ter outro resultado nos outros. Logo todos os outros começaram a se manifestar. Teste 2: duas riscas a segunda mais apagadinha mais ainda eram duas. Teste 3: duas riscas e diga-se de passagem bem vermelhas. Teste 4: Grávida 1-2 Semanas. Teste 5: duas riscas. Não tinha como contestar eram 5 contra 1. O desespero toma conta de mim. Não queria ser mãe antes dos 28 anos por esse motivo nunca descuidei do meu anticoncepcional e Thomas e eu transávamos tão pouco sem proteção. Eu só queria entender o que aconteceu existem muitas mulheres que param de tomar seus contraceptivos hormonais e levam anos para engravidar e eu que nunca deixei de tomar o meu desde os 18 anos engravidei. Que raios aconteceu comigo? É o quê uma espécie de roleta russa e fui a sorteada da vez?

Respirei fundo tentando manter a calma segurando o choro.

─ Como isso aconteceu? Murmurei com o olhar distante.

─ Ora como acontece isso Liz? Você transou sem proteção.

─ Eu sei Karine mas eu nunca deixei de tomar meu anticoncepcional você sabe disso. Digo saindo do banheiro já estava me sentindo claustrofóbica e Karine vem atrás de mim.

─ Você precisa contar para o Thomas. Paro no meio do corredor pequeno do seu apartamento.

─ É eu sei mas tenho tanto receio da reação dele.

─ Sabe o que eu sei amiga que aquele homem te ama e ele não vai te deixar sozinha pode acreditar nisso. Karine fala tentando me deixar mais calma mas falha miseravelmente.

Eu só era insegurança e dúvidas agora.

[...]

Assim que estacionei em frente ao meu apartamento fiquei por algum tempo encarando o nada. Tentando achar um jeitinho de contar isso para o Thomas.

" Que droga!"

Era óbvio que o motivo dessa gravidez indesejada foi a misturinha do anticoncepcional com o antibiótico. Como fui burra e não me atentei a isso. Existem algumas classes de antibióticos que diminuem a eficácia do anticoncepcional provavelmente esse que o doutor Benson me passou era um deles.

" Burra, burra, burra...." Dizia a cada tapa que dava no volante. É inadmissível pra mim que tenha sido tão irresponsável. Respirei profundamente soltando o ar lentamente. Fiz isso mais algumas vezes até me sentir mais tranquila.

"Grávida." Essa palavra de sete letras ainda ecoava dentro da minha cabeça e permaneci imóvel por tempo suficiente apenas com meus pensamentos.

Quando abri a porta Thomas ergue o rosto desviando olhar da tela do Macbook à sua frente o deixando de lado.

─ Aonde você foi que demorou tanto? Ele pergunta. Deixo minha bolsa em cima da mesinha da sala e começo a me livrar dos meus sapatos.

─ Na Karine. Disse entrando na cozinha.

Vou até o armário e pego um copo indo para a pia depois. Dou um gole longo no copo com água e deixo ele dentro da pia.

─ Eu estava aqui pensando o que acha de irmos jantar fora naquele restaurante italiano que abriu. Thomas diz me abraçando.

─ Tá bom. Murmurei.

Thomas me vira para ele me olhando estranho.

─ Você está bem? Ele pergunta preocupado.

─ Uhum. Respondo desviando o olhar. ─ Vou tomar banho e me arrumar. Disse tentando soar natural. O que não era verdade já que por dentro estava em pânico.

─ Tá bom. Tom diz e apenas ajunto nossos lábios em um selinho rápido me desvencilhando do seus braços depois.

Quando algo muda apenas sua vida é uma coisa mas quando muda a vida de outra pessoa é totalmente diferente. Eu estava buscando coragem para contar para ele e agora não me pareceu o melhor momento.

Entro no banheiro e começo a me despir devagar. Já nua encaro meu corpo marcado pelas recentes transformações que a gravidez já apontava pelo grande espelho acima da pia. Deslizo minha mão suavemente pelo meu ventre. É tão estranho saber que uma pessoinha está se formando aqui. Eu não acredito que serei mãe. Como vou dar conta de uma criança. Filhos são responsabilidades para sempre e não me julgo capaz de ser tão boa assim. Não agora.

─ Amor. Thomas entra no banheiro sem permissão e afasto rapidamente minha mão do meu ventre.

Ele ficou me olhando pelo espelho.

─ Você ia se masturbar? Ele pergunta depois de ver a minha cara de quem estava aprontando alguma coisa.

─ Intimidade é uma droga! Thomas eu quero ficar sozinha será que posso?

─ Calma eu queria te fazer companhia mas já vi que você não quer. Ele diz na defensiva.

─ Não. Murmurei erguendo uma das sobrancelhas bem delineadas apoiando as mãos na pia.

─ Você sabe que posso te dar mais prazer que seu dedinho né?

─ É eu sei mas não vou me masturbar Thomas eu só estava indo tomar banho.

─ Então tá. Ele diz e sai em seguida.

Respirei fundo indo até o box. Antes de entrar debaixo da água coloco o pé para dar uma averiguada se a temperatura estava boa entrando em seguida. Enquanto a água quente caía sobre meu corpo nu minha mente era um turbilhão de ideias e pensamentos. Eu só queria parar de me martelar e me culpar mas não conseguia simplesmente não conseguia.

Um Ceo para chamar de meu {Obra concluída}Où les histoires vivent. Découvrez maintenant