Capítulo 27

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❤️Helena Greco❤️

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Helena Greco❤️

Soneto CV

"Não chame o meu amor de idolatria
Nem de ídolo realce a quem eu amo,
Pois todo o meu cantar a um só se alia,
E de uma só maneira eu o proclamo.
É hoje e sempre o meu amor galante,
Inalterável, em grande excelência;
Por isso a minha rima é tão constante
A uma só coisa e exclui a diferença.
'Beleza, Bem, Verdade', eis o que exprimo;
'Beleza, Bem, Verdade', todo o acento;
E em tal mudança está tudo o que primo,
Em um, três temas, de amplo movimento.
'Beleza, Bem, Verdade' sós, outrora;

Num mesmo ser vivem juntos agora."

- William Shakespeare

Não consigo dormir, reviro milhões de vezes sobre a cama, mas o sono nunca vem. Não depois das revelações desta semana.
Pedi um tempo a Matteo para pensar sobre tudo, sobre os momentos que vivi em torno das histórias que ouvi a respeito de mim mesma desde o dia em que acordei naquela clínica. Não dava para acreditar que tudo aquilo era uma mentira e que mais uma vez eu teria que ouvir várias histórias que explicassem quem eu verdadeiramente era, mas além de tudo, querendo ou não, e intencional ou não, havia sim uma pressão dessa vez, pois tudo era diferente.

Eu tinha uma enorme sensação de que eu teria que me cobrar mais, pois eu tinha que dar conta de tomar essa vida para mim. Talvez a noção de que haviam duas crianças precisando de uma mãe tocava profundamente o meu coração.

Isso era uma das coisas que eu decidi me focar quando tudo foi revelado e Matteo me deixou sozinha para absorver tudo. A ideia era magnífica, uma vez que eu tinha apenas a concepção de que tive um filho que morreu e nunca mais o teria de volta. É claro que a sensação de perda ainda não me abandonara, pois eu remoía isso dentro de mim por muito tempo e usei disso como combustível para nunca abandonar o meu desejo de vingança.

Mas agora, saber que eu tinha dois filhos crescidinhos e saudáveis era algo de outro mundo.

Eu sempre sentirei falta de Nikolai, pois fora a ele que aprendi a amar e sentir um carinho ao ter comigo as fotinhas de ultrassom e a única foto dele no hospital quando nasceu, a última eu não gostava de ver, eu preferia ver as imagens de ultrassom do que ver o rostinho dele morto, não dava para aceitar aquela injustiça. E afinal de contas, ele era o meu sobrinho, e não haveria maneiras de não amá-lo, independentemente de quem fosse o seu pai e a qual organização ele pertencesse.

Mas o importante, e o que eu tentava me focar agora era manter a sanidade, tentar ser forte e não enlouquecer com toda essa loucura, pois a mágoa ainda estava aqui devido toda a enganação e injustiça que eu vinha sofrendo durante todo esse tempo.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Where stories live. Discover now