Capítulo 20

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Matteo Greco

Soneto 35

“Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;

Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;

Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te excuso, e me convenço

Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.”

— William Shakespeare


Mesmo com o ferimento ainda estando dolorido eu não poderia deixar uma coisinha dessas me abalar, eu tinha assuntos a tratar, coisas para descobrir e uma verdade a ser arrancada de Helena.

Ela quase havia perfurado o meu rim, foi por pouco, mas por algum milagre aquilo não havia acontecido.

Eu devia um pedido de desculpas a ela, não, na verdade eu deveria pedir perdão. 

Eu nunca bateria em uma mulher da forma como fiz com ela, tudo bem que eu sou um mafioso que não poupa quase ninguém em minha vida, e que se for preciso utilizar de métodos de tortura em uma mulher para tirar uma informação eu o faria, mas eu não sou o tipo de homem que em um rompante de raiva bate em mulher, e da forma mais fodida que poderia acontecer, isso aconteceu na noite passada quando as imagens de Helena transando com Peter inundaram a minha mente, e ainda mais quando ela parecia tão receptiva com esse fato.

A raiva subiu a minha cabeça, mas isso não justificava o meu erro, portanto eu imploraria pelo perdão dela, pois não é assim que se reconquista uma esposa perdida.

É, perdida.

Enquanto estava sonolento envolto da nuvem que os remédios causaram em minha mente, eu deduzi que era isso que estava acontecendo com Helena. Por algum motivo ela havia se perdido e desviado dos nossos caminhos, e ela não parecia nem um pouco afim de voltar, mas ela precisava.

Nós precisávamos dela.

Então, enquanto atravesso o corredor da nossa casa com a maior determinação que já senti em minha vida, eu logo paro em frente ao nosso quarto. Pedi que a colocassem aqui, pois isso poderia ser motivo o suficiente para ela se sentir em casa, principalmente com as nossas fotos e as das crianças ali, criando um ambiente tranquilo e agradável.

Mas quando pego na maçaneta da porta para destravá-la percebo que ela já está aberta e isso me causa palpitação, pois se ela já tivesse conseguido fugir eu não saberia o que fazer diante disso, não sabia qual seria a sensação de perdê-la novamente. Então com o maior cuidado do mundo eu empurro lentamente a porta pra ver o que está acontecendo lá dentro.

E novamente estaco no lugar ao ver Giovanni em cima dela na porra da minha cama.

Mas o que esse puto pensa que está fazendo?

— Se vocês me denominam tão parecida com ela eu não vejo problema em sermos parecidas, não tem nada demais nisso, esse tipo de coisa acontece mesmo e com qualquer um. As pessoas não dizem por aí que todos nós temos algumas semelhanças compartilhadas com alguém em alguma parte do mundo?! - escuto ela dizer enquanto tenta forçar a saída do meu irmão de cima do corpo pequeno dela.

O Recomeço - Livro III        |COMPLETO|Where stories live. Discover now