Selfishness.

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— Eu não acho que tenho a capacidade emocional para estar em um relacionamento agora. Essa é minha resposta sincera. Eu vou acabar te machucando de novo. É assim com todos os casos que eu tive. Eu não sei porque, mas com você eu não quero fazer isso.

— Por que não?

— Porque você é uma boa pessoa.

Ele me olhou, sem piscar, abrindo a boca para dizer mais alguma coisa mas parou no meio, comprimindo os próprios lábios novamente.

“Um casal sempre será feito por duas pessoas separadas. Um não pode absorver a energia do outro e se tornarem um só.” Eu pensei sobre, como ele disse.

— Eu não sou a pessoa que você acha que eu sou. Eu sou cínico e distorcido, falho de todas as maneiras. — ele suspirou, tombando a cabeça para trás. — Por que você não escreveu sobre a pessoa do vídeo com Rintarou ser você? Eu sabia da existência daquele vídeo desde a escola, não fiquei tão surpreso por ter sido vazado e sim por você não ter dito uma palavra sobre ele. — ele subiu a cabeça, olhando para mim novamente.

Eu senti meu sangue correr mais devagar, minhas mãos começaram a suar apesar de estarem frias. Engoli seco, piscando inúmeras vezes, com os lábios trêmulos.

— O que quer dizer? Você já sabia? — o questionei, com as mãos tremendo.

Eu enviei um e-mail para a sua revista com o arquivo do vídeo, sabendo que não dava pra ver o seu rosto. — ele se levantou da cadeira, caminhando em passos arrastados até mim. — eu sabia que você ia ver Rintarou lá e que ia acontecer alguma coisa, ou que ele ia te magoar de alguma forma, mas eu estava com medo que vocês acabassem se resolvendo então eu pensei que... talvez você começaria a sentir culpa sobre isso e que essa culpa pudesse te trazer até mim, no final. — Assim que Kenma chegou perto de mim, ele se ajoelhou na minha frente entre as minhas pernas, segurando minha mão que estava trêmula e olhando fixamente nos meus olhos. — Quando eu vi que você havia escrito um artigo sobre si mesma para encobrir aquilo, eu tive as minhas esperanças, comecei a me perguntar se era porque você apenas não queria que fosse ruim pra você. — ele olhou para baixo, piscando várias vezes com os lábios entre abertos. Ele deitou a cabeça em meus joelhos. — Eu não sou uma boa pessoa.

Fiquei alguns segundos processando aquela informação, não pensei que isso chegaria a esse nível, todo o meu desespero se transformou em raiva, que logo logo se tornaria em tristeza. Eu o encarei incrédula, soltando meus braços de suas mãos.

— Que porra você tá dizendo? Eu pensei incontáveis vezes antes de enviar a merda daquele artigo com medo que você se machucasse por não ter me dado autorização para escrever sobre aquilo. Eu me preparei para que as coisas terminassem entre nós! — eu segurei seus ombros, começando a chacoalha-lós enquanto ele mantia o olhar baixo. Eu praticamente gritava, não duvidaria se a pessoa de baixo estivesse ouvindo, eu não me importava na verdade. — Mas você estava apenas assistindo minhas reações e me fazendo de idiota! — senti as lágrimas caindo involuntariamente.

— Mas eu gosto de você... é como eu gosto de você do meu jeito egoísta.

No momento em que eu ouvi a voz calma de Kenma dizendo aquelas palavras, minha raiva começou a diminuir. Eu estive bem ocupada me apoiando nele para perceber seus sentimentos. Eu sinto um estranho carinho nele. É como se visse a mim mesma nele, da forma mais egoísta possível.

Minha maneira desajeitada de demonstrar afeto. Minha tendência para mostrar minhas garras e escolher quais palavras que deixariam marcas.
A relação que eu baguncei e manipulei porque desajava um amor obsessivo.

Kenma agarrou minhas mãos que estavam parando de tremer, colocando uma delas em seu rosto.

— Luka... se você se importa ao menos um pouco comigo... você me beijaria? eu sou o único com você aqui agora.

Mas entre esse carinho surgiu algo a mais. Eu sabia que ele estava perdido por mim e isso me deixou triste.

Mais uma vez, no meu pior momento, Kenma me confortou por um problema que ele mesmo havia causado.

Suas mãos subiram até meu rosto, acariciaram minha bochecha e ele me beijou mais uma vez, foi aí que eu me questionei se eu estava errada por ter o usado ele como tapa-buraco, ou se ele quem estava errado por ter me desejado.

















— Eu reservei o local do casamento para o início de março, parece ser um tempo bom para nós dois. — Satoshi disse, dando um gole da xícara de café, olhando fixamente para Srta. Rintarou.

— Certo. — Taeko apenas confirmou.

— Você não parece bem hoje. De qualquer forma, sobre o que você queria falar comigo?

— Eu não acho que seja uma boa ideia colocar Luka e Suna juntos novamente... — ela disse, cruzando os braços.

— Pela relação dos dois? — Taeko se assustou, arregalando os olhos e suspirando fundo. — Eu sei que tipo de relação os dois tem. — o mais velho colocou a xícara de lado, juntando suas mãos. — Eu sei de tudo desde antes, na verdade. Seu filho me contou sobre sua dependência química, a falta de dinheiro, dividas com agiotas e o que causou o suicídio do seu outro filho. Eu não estou casando com você porque quero, mas eu amo você, e assim que nos casarmos, eu vou lhe dar três anos para se reabastecer financeiramente. Você nunca fez mal algum a minha filha, e eu sou grato por ter cuidado dela como se fosse uma mãe... E pra ser sincero, eu posso ter me sentido muito mal ao vê-los daquele jeito, eu não posso fingir que ela não é minha filha, a mesma coisa com Suna. Eu não quero vê-los juntos, mas tudo há seu tempo. Nós não podemos mantê-los separados.
















Mas e aí, agora vocês estão do lado de quem? Kenma ou Suna? MUAHAHAHA



𝐃𝐎𝐔𝐁𝐋𝐄 𝐊𝐈𝐋𝐋, 𝖲𝗎𝗇𝖺 𝖱𝗂𝗇𝗍𝖺𝗋𝗈𝗎.Where stories live. Discover now