Ela Está Grávida

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Eram quase 10:00am quando Edward levantou-se da cama e olhou o teto acima. Ele nao fazia ideia de como chegou no quarto na noite passada, mas arrastou seu corpo pesado e fez suas higienes matinais enquanto o barulho engarrafamento na avenida do lado de fora do seu apartamento provocava forte dores de cabeça.

Edward saiu do banheiro enrolado em uma toalha e direcionou-se a cozinha para fazer um café. Mas ao passar pela sala, ele se depara com Laszlo sentado no sofá que ficava ao lado da poltrona com uma xicara na mão e assistindo televisão.

- Laszlo? - questionou Edward.

Ele virou o rosto para olhar o amigo que estava de braços cruzados com uma tolha enorlada ao redor de sua cintura e perguntou:

- Quer café?

- Achei que estivesse bravo comigo.

- Ainda sou seu advogado. - ele fez uma pausa. - E parece que surgiu algo sobre o caso Melinda. - acrescentou.

- O quê?

Antes que Laszlo pudesse responder a pergunta do amigo, a voz na televisão ligada roubou a atenção de ambos fazendo-os focar nela.

- Uma informação que deixou as autoridades curiosas nesta manhã fora o envelope entregue manualmente a detetive. - disse a repórter. - Melinda Christie estava gravida quando desapareceu e o exame que ela fez fora entregue nesta madrugada. - concluiu.

Laszlo observou o amigo sentar no sofá ao seu lado com o semblante totalmente perplexo. Edward ficou sem reação e por alguns segundos a palavra gravidez fez sua visão ficar turva.

- De acordo com a data do exame, ele fora feito alguns dias antes de Melinda desaparecer. - disse a detetive na reportagem. - Faremos uma lista dos amigos mais próximos da senhorita Christie para descobrir o suposto namorado secreto. - concluiu.

Edward levantou-se rapidamente do sofá e correu para dentro do quarto. Nao demorou muito para ele retornar a sala e Laszlo levantar-se do móvel perguntando:

- A onde voce vai?

- Nós vamos a escola de Melinda. - respondeu.

- À essa altura os policias ja devem ter ido enterrogar os alunos, Edward. - ele fez uma pausa. - O que acha que vai conseguir com isso? - perguntou.

- Voce vai como advogado da mae dela. - respondeu. - Apenas finja que a Jane optou conseguir respostas por conta própria. - concluiu.

Ambos sairam do apartamento e enquanto Edward dirigia pela avenida movimentada. Laszlo discava os números no teclado do seu celular.

- Vou ligar para o delegado Patrick. - disse Laszlo. - Acho que ele ja deve ter retornado do enterro. - acrescentou.

- Enterro? - perguntou Edward.

- A sobrinha Sofia Ash foi encontrada morta próximo ao rio da estação de Rose's Blue's. - respondeu.

Edward friou o veículo de uma vez e escutou as buzinas dos veículos atras dele.

- Voce disse Sofia Ash?

- É, eu disse.

- Ela marcou uma sessão comigo quando Melinda viajou para casa da avó. - ele fez uma pausa. - Sofia disse que a amiga fora visitar a família e quando retornasse iria matá-la. - acrescentou.

Edward ficou em silêncio por breves segundos, mas voltou a dirigir quando o barulho das buzinas se intensificou. Ele conduziu o veiculo em direção ao centro da cidade enquanto as nuvens escureciam acima de sua cabeça para mais um temporal.

Depois de quase meia hora dirigindo pelas avenidas movimentadas, Edward estacionou o carro em frente a escola que Melinda estudava. Ambos desceram do veículo, mas antes que entrassem na escola Laszlo segurou o ombro do amigo.

- Você não pode entrar, Edward. - afirmou ele.

- Por que não? - perguntou confuso.

- Se chamar voce ou quem quer seja para depor novamente? - ele fez uma pausa. - Podem achar que esta encobrindo seus próprios rastros. - acrescentou.

- O que quer eu faça?

- Espera no carro.

Edward quis relutar contra o pedido do amigo, mas pensou que talvez ele tivesse razão. Laszlo poderia conduzir a investigação se entrasse na escola sozinha.

Edward adentrou no veículo e ligou a rádio. Estava em uma estação desconhecida quando ele escutou o instrumental da música Begin Again de Measure e recordou de Melinda cantando aquela canção.

- Wake up... (Acorde...)

A voz de Melinda se tornou clara como as águas do caribe. Edward fechou os olhos e voltou na manha chuvosa que assistiu ela deitada sobre o seu sofá de veludo com os olhos fixos no teto.

- To sun... (Ao sol...)

Ele não disse nada, apenas ficou em silêncio observando Melinda cantar como se não houvesse mais ninguém naquele ambiente. Edward virou o rosto em direção a janela e notou a água da chuva escorrendo pelos telhados.

- 'Cause morning... (Porque a manhã...)

A chuva ja estava cessando e quando ele olhou para o relógio em seu pulso sentiu um aperto em seu peito. Restava poucos minutos para a sessão com Melinda terminar e observa-la passar pela porta.

- Does come... (Está chegando...)

Ambos olharam a luz solar atravessar a janela fechado e quando fitaram um ao outro, tudo o que Melinda fez fora sorrir. Edward observou ela sentar-se no sofá e ajeitar sua saia de veludo na cor verde escuro que ficava no meio de suas coxas.

O som da porta do carro batendo fez Edward abrir os olhos e voltar a realidade. Ele olhou para o lado e notou Laszlo digitando algo em seu celular.

- O que voce descobriu, Laszlo?

- Sofia Ash era amiga de Melinda e parece que surgiu a notícia de que ela também estava grávida. - respondeu. - Ela é sobrinha de Patrick, então vamos a casa dele. - acrescentou.

- Patrick recomendou Melinda a ser minha paciente e...

- Vamos ver o Patrick primeiro, Edward. - Laszlo o interrompeu.

Laszlo notou que o amigo não estava bem para dirigir, havia algo de errado com psiquiatra naquela manhã. Edward parecia perdido, mas ele ainda continuava afogando sua cabeça nas lembranças de Melinda.

- Você nao esta bem, Edward.

Laszlo desceu do carro e contornou o veículo. Após abrir porta do banco do motorista, Edward olhou confuso para o amigo e saiu do carro.

No mesmo instante, um táxi estacionava logo atrás do Sedan. Laszlo caminhou em direção ao veículo amarelo e nao demorou muito para chamar o amigo.

- Entra no táxi, Edward. - disse Laszlo.

- Não.

- Eu vou onde o Patrick e depois irei ao o seu apartamento. - ele fez uma pausa. - Eu vou ajudá-lo. - acrescentou.

Edward ja estava de volta ao seu apartamento, sentado no sofá da sala enquanto observava a chuva cair la fora e molhar a vidraça da janela. Ele olhou para a entrada da cozinha e por alguns segundos pensou em beber outra garrafa de whisky, mas logo desistiu e voltou a olhar para todo o ambiente a sua volta.

Era como se cada móvel que ele olhasse lembrava de Melinda e o cheiro da loura parecia ter impregnado nas paredes. Edward fechou os olhos por alguns instantes e a imaginou encostada no umbral da janela assistindo a chuva cair sobre os carros que se movimentavam na avenida.

O Soneto Do Cisne NegroOnde histórias criam vida. Descubra agora