Meu Cisne Negro

27 6 43
                                    


Melinda abriu os olhos lentamente e olhou o teto acima que fora feito de tabuas velhas e antigas. Ela estava deitada sobre um colchão coberto por um edredom manchado de sangue e sentiu uma dor atrás da sua cabeça.

Sem janelas. Pensou Melinda ao olhar as paredes, sem uma fresta de ar, apenas uma mesa com uma jarra de água e um copo de vidro. Na outra extremidade um rádio velho e uma caixa com alguns livros antigos.

O desejo de Melinda era fugir de todos os conselhos de seus familiares que sempre tinham algo para lhe dizer sobre como criar um futuro próspero. Mas ela olhava para dentro de si mesma e assistia seus sonhos se destruindo com as palavras que saíam das pessoas ao seu redor.

Talvez, viver não fosse o que ela estava fazendo. Ou Melinda estaria vivendo por outras pessoas, e sobrevivendo com os vestígios de desejos que ainda matinham seu sangue morno.

Ao escutar o ranger de uma porta se abrindo, Melinda olhou para o lado e assistiu ele adentrar no recinto e fechar a porta.

- Olá, Melinda.

- Evan. - sussurrou. - Eu já devia imaginar que era você por trás de tudo isso. - concluiu.

Ele fechou a porta atras de si e caminhou pelo pequeno quartinho enquanto sentia os olhos de Melinda nele. Evan ajoelhou-se na frente da loura e ela afastou-se para trás.

- Eu poderia lhe machucar por me entregar para a polícia. - ele fez uma pausa. - Mas eu não quero ferir você. - acrescentou.

Melinda olhava desconfiada para ele que esboçava um sorriso perverso nos lábios.

- Irão me encontrar e vão...

- Ninguém vai achar esse lugar. - ele a interrompeu. - Voce jamais iria falar deste lugar para qualquer pessoa. - concluiu.

Melinda assistiu ele levantar-se e caminhar em direção a porta.

- A onde eu estou, Evan?

Ele não disse nada, apenas saiu pela porta e a fechou.

- Desgraçado.

Melinda levantou-se daquele colchão velho e caminhou em direção as caixas que se amontoavam no canto daquele quartinho. Ela abriu a primeira caixa e encontrou alguns envelopes velhos.

- Para Jane Christie. - ela sussurrou ao ler o destinatário.

Melinda carregou aquela caixa em direção ao colchão e começou a abrir os envelopes para ler as cartas.

Lamento, mas não poderei comparecer ao nosso jantar de namoro. Surgiram alguns imprevistos no trabalho e não consegui pegar o vôo de volta a Paris.

Sinto muito, mas prometo que irei recompensá-la de alguma forma.

De Evan Swan.

- Aquele cretino namorou com a minha mãe? - Melinda sussurrou incrédula.

Ela passou horas deitadas e lendo aquelas cartas que havia trocado com Jane. Melinda nunca poderia imaginar que sua mãe fora namorada de Evan e ele sempre soube disso.

Tudo fazia sentido para Melinda, a raiva que a mãe sentiu quando a família Swan mudou-se para Rose'sBlue's, a curiosidade por Evan ter sido preso e alegria de imaginar que Ingrid ficaria sozinha com Micaela.

Em alguns momentos, ela flagrou-se pensando em Edward e alimentando sua mente com as lembranças dele. Melinda fez esforço para os lapsos de memória que possuía com a imagem do psicólogo surgir em sua cabeça como aqueles nevoeiros nítidos de cenas de filmes de terror.

O Soneto Do Cisne NegroWhere stories live. Discover now