Amarrado Até O Pescoço

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Era manhã quando Edward escutou batidas na porta do seu apartamento. Ele vestia uma camisa de manga no azul escuro e uma calça moletom na cor cinza e os pés descalços no chão.

Ao abrir a porta ele olha dois policiais fardados e uma mulher de cabelos negros e cacheados usando vestimentas sociais.

- Senhor Ramírez, sou a detetive Rachel Moore. - ela disse mostrando o distintivo na palma de sua mão. - Gostaria de fazer algumas perguntas. - acrescentou.

- É claro.

Enquanto os policiais entravam em seu apartamento, Edward perguntava-se se eles estariam ali por suspeitar do que aconteceu entre ele e Melinda. Mas era impossível alguém saber sobre ocorrido e tinha certeza de que a menina jamais teria delatado tal ato de ambos.

- Por favor, sentem-se. - disse Edward caminhando em direção a poltrona.

Edward assistiu a detetive sentar-se no sofá a sua frente enquanto os policiais observavam cada detalhe de seu apartamento. Ele assistiu Rachel retirar algumas fotos de um grande envelope de cor amarelo queimado.

- Você conhece esta garota? - perguntou a detetive mostrando uma foto de uma jovem loura para ele.

- É Melinda Christie. - respondeu. - Ela era minha paciente. - acrescentou.

- Por qual motivo a senhorita Christie não é mais sua paciente?

Pensa, Edward. Ele disse para si mesmo enquanto procurava por uma resposta plausível e tentava descobrir porquê a detetive estava fazendo perguntas sobre Melinda.

- Eu estava pensando em procurar um outro lugar para atender meus pacientes. - ele fez uma pausa. - E indiquei uma psiquiatra para a senhorita Christie continuar com as consultas. - concluiu.

- Com qual frequência a senhorita Christie vinha até seu apartamento para as sessões?

- Nossas consultas eram frequentes. - respondeu Edward.

Antes que Rachel pudesse fazer outra pergunta, Edward tomou liberdade em questionar para entender o que estava acontecendo.

- Aconteceu algo com Melinda Christie? - perguntou Edward.

- A senhorita Christie desapareceu ontem a noite. - respondeu Rachel. - A mãe chegou em casa e encontrou sangue perto da escada. - concluiu.

Meu Deus. Pensou Edward enquanto levava a mão em direção a boca.

- Poderia me dizer onde estava ontem a noite por volta das 08:00 entre as 11:00pm, senhor Ramírez? - perguntou Rachel.

- Na cafeteria With Cookies. - respondeu.

Edward esqueceu que havia se encontrado com Melinda na With Cookies na noite anterior. Ele estava preocupado com o desaparecimento da jovem.

Rachel levantou-se do sofá de couro e disse:

- Não saia da cidade, nós poderemos fazer mais perguntas.

Edward acompanhou as autoridades em direção à porta e a fechou. Ele ficou parado com a costa apoiada na madeira e deslizou o corpo sobre a mesma.

Melinda, Melinda, Melinda. Cada vez que Edward sussurrava o nome da jovem no fundo de sua mente, as lembranças da loura se faziam presentes como os lapsos de uma memória perdida.

Era tarde quando Edward abriu uma garrafa de vinho tinto e despejou o líquido em uma taça. Ele caminhou na direção à sala com o frasco na mão esquerda e cálice de vidro na direita.

Edward repousou a garrafa sobre a sua escrivaninha e caminhou em direção à janela. Ele olhou as nuvens cinza despejar as pequenas partículas de água sobre a cidade e recordou de uma de suas primeiras consultas com Melinda.

- É lindo não é? - sussurrou Melinda sem tirar os olhos dos carros que passavam rapidamente pela avenida molhada.

- O que é lindo, Melinda?

- A chuva. - ela respondeu docemente. - A forma como ela nos deixa excitados só pelo fato de ser pura. - concluiu.

Edward flagrou ela com a mão direita do lado de fora sentindo a chuva molhá-la, enquanto a única coisas que queria era alimentar sua mente com as lembranças dela. Ele observou as gotas de água escorrer pela pele de Melinda e cair sobre a calçada abaixo.

Não demorou muito para Edward pegar o celular e escutar o barulho da ligação sendo encaminhada ao destinatário. Ele conseguia sentir o leve efeito do álcool tentando deixa-lo entorpecido após beber uma garrada de vinho.

- Alô. - sussurrou uma voz masculina do outro lado da linha.

- Laszlo. - disse Edward. - Eu preciso da sua ajuda. - concluiu.

- O que aconteceu, Edward? - ele perguntou preocupado.

- Eu fiz algo grave. - respondeu.

- Onde você está?

- No meu apartamento.

- Já estou a caminho.

Não importava as circunstâncias, mas Edward sabia que logo precisaria de um bom advogado como o seu amigo. Ele sabia que poderia contar com Laszlo, apesar de todas as desavenças, sempre estariam por perto para ajudar um para o outro.

Demorou cerca de quase uma hora de relógio para Edward escutar batidas desesperadas na porta de seu apartamento e ao abrí-la avistou seu amigo com o cabelo molhado. Enquanto o psiquiatra voltava para a poltrona, Laszlo passou a chave na fechadura, tirou o casaco de seu terno cinza e caminhou em direção ao sofá de couro.

- Nossa você esta péssimo. - disse Laszlo ao sentar-se sobre o móvel.

Após repassar os últimos acontecimentos e o fato de ter feito sexo com Melinda para seu amigo, Edward encontrou-se vagando no vão de sua mente como um cachorrinho perdido na chuva que procurava por um abrigo durante a tempestade que se formava sobre sua cabeça.

Laszlo levantou-se do sofá, olhou garrafa de vinho vazia sobre a escrivaninha e verificou as mensagens que enviou para Melinda na noite em que ela desapareceu.

- Por quanto tempo você ficou na cafeteria? - perguntou Laszlo voltando a sentar-se no sofá.

- Fiquei até as 04:00am. - respondeu Edward.

Laszlo pegou seu celular, abriu a platoforma Google e pesquisou sobre o desaparecimento de Melinda.

- Voce está com sorte. - ele fez uma pausa. - A mãe chegou em casa por volta das 03:00am. - concluiu.

- Sorte? - Edward perguntou estupefato. - Melinda desaparceu e o Evan...

- Quem é Evan? - perguntou Laszlo.

Edward ficou em silêncio por segundos necessários para recordar o medo que Melinda sentia do ex-namorado e em seguida, respondeu:

- A única pessoa que tinha motivos para machucá-la.

Rapidamente, Edward levantou-se da poltrona e cambaleou pelo recinto até chegar em sua escrivaninha. Ele retirou todos os papéis do caso de Melinda e os colocou em uma pasta preta.

- O que pensa que vai fazer? - perguntou Laszlo enquanto tomava a pasta das mãos do amigo.

Edward puxou a pasta para perto de si e respondeu:

- Irei entregar para a detetive.

- Não vai, não. - disse Laszlo pegando a pasta mais uma vez das mãos do amigo. - Você já esta amarrado até o pescoço e quando a detetive descobrir sobre seu caso com a paciente a corda vai sufocá-lo ou talvez até quebre sua traquéia. - concluiu.

- O que quer que eu faça?

- Primeiro, vá tomar um banho e ficar sóbrio enquanto eu penso em uma maneira de ajudar você. - respondeu Laszlo.

O Soneto Do Cisne NegroWhere stories live. Discover now