CAPITULO QUATRO

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E eu devia apenas te dizer para ir embora, porque eu sei exatamente onde isso leva, mas eu fico vendo a gente dar voltas e voltas toda vez
Você tem aquele olhar sonhador de James Dean em seus olhos
E eu estou com aqueles lábios vermelhos, o clássico que você adora
E quando nós terminamos, voltamos todas as vezes
Porque nós nunca saímos da moda
— Style: Taylor Swift

Acordar dói.

Não sei ao certo como cheguei na cama, entre a raiva e as lágrimas, acabei caindo aqui e dormindo de qualquer jeito, odeio essa sensação na boca do estomago, o azedo na ponta da língua, esse enjoou que a tristeza causa, um mal estar como se seu corpo inteiro tivesse sido surrado, e só sobrasse pequenos pedaços.

O cheiro de panqueca fresca é a primeira coisa que reconheço quando abro a porta do meu quarto, tomei um banho rápido, só para tirar a cara de choro e poder despertar melhor, definitivamente não era como eu esperava essa manhã, mas tudo bem, estou com a minha camisa favorita do Batman, que ganhei de meu pai na pre estreia de cavaleiro das trevas, meias confortáveis nos pés, e a minha cueca da sorte.

Sei que é infantil chamar uma peça intima de "cueca da sorte", mas ela é a roupa nova que eu compro todo dia 31, está cheia das energias positivas que depositei na virada de ano, todos os sonhos e pedidos que fiz, cada pontada de esperança que tive para esse ano está despejada nela, então, sempre que eu estou passando por um dia difícil, uso ela, sempre colocando para lavar com o mesmo perfume, e todo final de ano, compro uma diferente.

Superstição faz parte do ser humano, não acho que exista alguém mais supersticioso do que eu.

A musica inunda meus ouvidos assim que chego perto da sala principal, a luz do dia ainda incomoda meus olhos, uma dor chata na minha têmpora, estou a dois passos da cozinha quando o cheiro fica mais forte, o barulho do bacon fritando faz minha boca se encher de agua.

– Não sei o motivo de toda essa comida, Naninha. – Digo, minha mão cobrindo meus olhos para me acostumar com a luz. – Mas agradeço do fundo do meu coração por isso.

Minha irmã não responde, ouço uma movimentação rápida no quarto de mantimentos, algumas coisas caem, penso em ir ajuda-la mais estou muito cansado para isso, repouso minha cabeça contra meus braços, fechando os olhos.

– Antes que você comece, não quero falar sobre o encontro. – Ouço o barulho do prato contra a bancada quando Deh coloca, servindo a comida. – O cara foi um idiota, filho da puta, e se eu pudesse voltar lá e acabar com ele, eu acabava. – A cafeteira apita, avisando que o café já está pronto, ela me serve. – O beijo não foi ruim, mas ele era problema, tinha cara da encrenca. – Ainda estou com a cabeça abaixada quando levo a panqueca até a boca. – Meus deuses, você melhorou muito nisso.

– Obrigado. – O pedaço desce seco, travando em minha garganta, firmo meus olhos no homem na minha frente, o avental amarrado na cintura, a camisa branca marcando os braços, o cabelo preto bagunçado, ele tem bolsas vermelhas embaixo dos olhos, parece não ter dormido. – Eu sou muito bom na cozinha, mesmo sendo encrenca e problema.

– Harry...

– Bom dia. – Um sorriso tímido sai de seus lábios, é a primeira vez que eu o vejo assim. – Você ainda gosta de panqueca pela manhã, não é? Procurei o mel mas não achei.

– Está fazendo o que aqui? – Minha postura está tensa, minhas costas eretas, sinto meus ombros pesarem. – Delilah não dormiu em casa?

– Saiu mais cedo. – Harry enche um corpo d'agua, se recostando contra o fogão enquanto bebe. – Parece que deu problema no trabalho que ela ia apresentar, um dos caras desistiu de ultima hora.

Encontro às cegas • DrarryOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz