Ele me interrompeu franzindo a sobrancelha. — Claro que eu quero ficar perto Alicia, eu amo vocês dois demais. — segurou nas minhas mãos.

— Mas tem muita coisa em jogo, nós não estamos juntos. — disse

— E por isso eu vim até aqui, eu que preciso falar algumas coisas pra você. — ele disse.

— Tipo? — tirei as mãos das dele.

— Eu sei que errei com você e muito, eu me odeio por isso, eu fiz por egoísmo, querendo apenas me proteger e no final de tudo magoei quem eu amo demais nessa vida. Te culpei por um sentimento que era meu, te culpei depois daquela situação horrível e fiz tudo aquilo em função do jeito que eu prometi que mudaria pra você. Fumei na sua frente pra te provocar sendo que eu nem queria mais isso e ainda sabendo que era um ponto muito fraco em você por causa do seu pai, mas eu me arrependo muito Alicia, eu nunca quis te ferir assim. Eu fui um egoísta, um babaca, um bosta.

— Sim, doeu muito e quando descobri que eu tava grávida doeu mais ainda não ter aquele cara que eu namorei por meses e que me fez tão feliz e que eu sabia que seria o cara mais feliz do mundo descobrindo. — fui sincera.

— E eu sou. — ele balançou a cabeça positivamente. — Ontem eu ia aceitar uma proposta louca de viajar por aí pra lutar, sem pensar em nada, e daí o Daniel me contou...

Eu o interrompi. — Você não negou por mim, né?

— Eu neguei por vocês. — ele colocou a mão na minha barriga e foi a primeira vez na minha vida que eu vi ele com lágrimas nos olhos daquele jeito tão leve. — E eu senti medo quando soube da notícia, não sei porque, com a Sarah foi diferente, eu fiquei tranquilo e bem, mas eu senti medo e quando descobri o motivo eu vim correndo pra cá.

— Que motivo? — perguntei com medo.

Ele se aproximou mais ainda e colocou a mão no meu rosto.

— Fiquei com medo de perder vocês, de depois de você descobrir isso não me querer por perto, fiquei com medo porque eu te amo além da conta, porque você é o amor da minha vida e não quis que nada desse errado e eu tive que correr pra cá pra resolvermos, pra dizer que eu não sou mais eu se você não está por perto, que você é a mulher mais incrível que eu conheci na vida e que... — ele se ajoelhou.

— Patrick, levanta! — ri de nervoso arregalando os olhos e olhando em volta.

— Não, eu preciso fazer isso. — ele negou. — E que você engravidar foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida e agora eu tenho um motivo melhor pra te pedir em casamento tão cedo assim, porque eu já queria e não sabia como, já queria porque igual a você eu não encontro nunca mais e eu não posso deixar uma mulher dessa escapar da minha vida.

Sim, meu peito parecia que ia furar a qualquer momento e quando eu olhasse pro chão encontraria meu coração e além disso, eu tremia tanto que mais um pouco eu perderia o controle do meu corpo.

A minha primeira reação foi ajoelhar na frente dele também e soltar um monte de coisa que eu precisava dizer que a minha razão não deixava, mas eu decidi me permitir por ser um momento de emoção:

— Eu te amo, Patrick, eu te amo tanto que nunca pensei que amaria alguém tanto assim, um amor que eu sinto além do meu corpo, além do meu espírito, parece que pra vida toda. Eu amei te ver mudar, mas acima de tudo, eu amei te ver feliz. Eu percebi que sempre quis te moldar muito, te fazer ser outra pessoa, sendo que o cara pelo qual me apaixonei era broncão, ogro, estressado, só que também percebi que VOCÊ também se apaixonou pelo seu novo jeito de ser, eu sabia o quanto você tava feliz diferente, de bem com a vida e com o mundo e quando te vi daquele jeito me senti culpada também, me senti encurralada e não aguentei dentro de mim aquela sensação. Me desculpa se terminei com você do nada, me desculpa mesmo, eu não me sentia daquele jeito desde a morte do meu pai e eu precisei fugir.

— Você não precisa pedir desculpas, você está mais do que certa, eu me encontrei estando bem com a vida e me desencontrei no minuto que eu surtei. Fiquei apavorado. Eu não quero um cara descontrolado pra você, nem pro nosso filho, nem pra minha filha, nem pra ninguém, nenhum de vocês merece isso e por isso eu digo que prometo acima de tudo que tentarei ser o melhor cara do mundo pra vocês, prometo ser um pouco do cara que você se apaixonou, do meu jeitinho ogro, mas também ser o cara que você continuou amando. — ele tirou uma caixinha do bolso. — Eu corri no shopping antes de pegar estrada de madrugada de hoje pra comprar esse anel e te pedir em casamento, eu quero casar com você, mas eu também quero dar tempo pra você ver que eu realmente vou ser diferente. Então, Alicia, você aceite se casar comigo temporariamente? — ele riu em meio ao choro, que se você não prestasse muito atenção, nem perceberia.

— Temporariamente? — ri de volta confusa.

— É, se eu não mudar, se eu me descontrolar de novo, você tem o direito de não aceitar mais, mas por enquanto você aceita? — ele perguntou receoso.

Pensei no meu pai, assim, na hora. Na nossa promessa de felicidade e coragem, acho que os dois se encaixavam nesse exato momento. Eu queria aceitar pra viver feliz ao lado do cara que eu amo e eu precisava ter coragem pra aceitar algo sério tão cedo.

Mas a vida é muito curta, quem sou eu pra dizer que algo é cedo ou não? Eu busquei a certeza dentro de mim que ele era o cara e encontrei, o meu oposto era exatamente o amor da minha vida.

Me pus a deixar as lágrimas rolarem pelo rosto de emoção e coloquei a mão no rosto ansiosa e tentando limpa-las.

— Eu aceito. — disse ainda gaguejando do choro e o beijei.

Nós estávamos literalmente no chão, ajoelhados e se beijando sentindo aquele gostinho de lágrimas salgadas na boca que dava um toque especial de momento emotivo.

Eu segurava o rosto dele como nunca segurei antes enquanto o beijava, não queria o deixar escapar e precisava daquele beijo. Já ele me apertava com força com o braço envolvido na minha cintura.

— Eu tenho uma filha noiva agora? — minha mãe surgiu fazendo nós dois nos separarmos e esticou o braço pra nós dois.

Eu olhei pro Patrick que tava igual um pimentão e ri esticando a mão pra ela me ajudar a levantar.

— Acho que sim. — eu disse com um sorriso bobo no rosto.

— Só faltou eu colocar o anel. — ele disse e eu assenti entregando minha mão a ele.

Era lindo, lindo, lindo. Prata do jeito que eu bem gostava e fininho, completou o que ele já tinha me dado.

— Agora vamos lá pra dentro pra eu conhecer meu genro? — ela perguntou animada.

— Claro, sempre quis conhecer minha sogrinha, a pessoa maravilhosa que trouxe essa perfeição pro mundo. — ele disse me puxando pela cintura e beijando minha bochecha.

— Mãe, você demorou tudo isso pra estacionar? — perguntei indignada quebrando o assunto.

— Não, quis ficar assistindo a cena de filme de vocês dois na calçada da minha casa. — ela contou.

— Você é fogo! — disse rindo com o Patrick.

Nós enfim entramos em casa, ela foi logo fazer pão de queijo porque ela gostava de agradar e sentou pra conversar com nós dois.

Eu também contei pra ele sobre minha consulta, foi gratificando ver aquele sorriso dele escutando cada detalhe e seus olhos brilhando pra mim.

Ainda não tinha caído a ficha que eu tinha acabado de aceitar um pedido de casamento, foi tão fácil que nem parecia que tínhamos terminado, mas quando eu tô perto dele, eu perco toda minha razão e algo me dizia que ir pela emoção nesse momento era o certo a se fazer, porque ele era o cara da minha vida. Nós não namorávamos nem há um ano, mas eu sentia que não tinha porquê adiar o inevitável.

Era uma vez, AliWhere stories live. Discover now