— Não, aí continuando o assunto, eu acabei influenciando ela a pegarmos outras pessoas e eu não consegui, simplesmente amarelei pensando nela. — João disse terminando de contar algo que eu não estava presente.

— Agora volta a história nessa porra, né João? A garota vai ficar boiando? — Mari deu um tapinha no ombro dela e nós rimos.

— Não tem problema não, gente. — eu falei sem graça.

— Claro que tem, volta! — Matheus mandou.

— É que assim, Alicia, né!? — eu assenti. — Eu e a linda da minha mulher nós somos um pouco diferentes, sabe? Desde que nos conhecemos até casar compartilhamos da mesma vontade de certas brincadeiras, como pegar outras pessoas com a pessoa.

— Sério? — arregalei os olhos surpresa.

Mari assentiu rindo.

— Inclusive eles já fizeram isso casados. — Eduarda contou.

— Ah não, conta mais! — pedi recebendo o chopp que o cara trouxe.

Até que talvez essa saída me faria bem. Passei minha sexta (no caso ontem) deitada no sofá passando mal, com tontura, mal estar, além da tristeza e hoje mais cedo também, precisava dar uma relaxada.

— E o que nós estávamos falando é que eu e Mariana casamos em uma situação muito incomum. Nós fomos pra Vegas e em um dia lá, nós decidimos beber muito juntos, pra escaralhar mesmo, nós tínhamos acabado de voltar, se eu não me engano. Daí eu tive a brilhante ideia de praticarmos esse joguinho...

— Nossa! — o interrompi resmungando de ânsia depois de beber o chopp.

— Que foi? — Matheus perguntou.

— Sei lá, me deu vontade de vomitar. Não vou beber não, eu já devia aprender que eu não me dou muito bem com vinho. — falei. — Mas continua, João.

— Então falei pra ela chegar em uma mina e eu também iria em uma, acabou que eu amarelei porque antes de chegar lá, eu só queria saber de pensar em beijar ela. — ele olhou pra mulher com um sorriso apaixonado. — Mas ela beijou.

Nós caímos na gargalhada.

— Tá, mas eu também disse que quase não fui. — ela se defendeu.

— É...

— Mas o melhor foi o que aconteceu depois. — Eduarda falou.

— Nós bebemos muito, muito mesmo no bar do hotel que era tipo um cassino, daí saímos de lá, fomos de bar em bar, boate em boate com o mesmo taxista por Las Vegas até só sobrar pouquíssimos dólares pra comprar um hot dog, só que a merda foi que na frente da barraca, tinha uma capela de casamento, aí adivinha... — Mariana continuou.

— Não, para! Vocês não vão me dizer que vocês casaram bêbados em Vegas!? — coloquei a mão na boca.

— Sim! — ela disse rindo. — Inclusive todos os meus seguidores ficaram falando que foi igualzinho a um casal daquela série friends, eu amei.

— A diferença é que vocês ficaram juntos e eu amo muito esse casal. — Eduarda fez um coração com a mão.

A questão é que depois dela falar dos seguidores em diante eu não ouvi mais nada, porque minha atenção foi toda voltada pra cena que eu não acreditei que veria hoje e que eu me considerei a mulher mais azarada do planeta terra.

Patrick entrando no bar com uma lata de skol na mão, com um sorriso frouxo nos lábios, bem diferente do que ele era, andando rápido e desajeitado.

— Puta que pariu... — Matheus disse acompanhando meu olhar.

— Ih, aquele não é o Patrick? — João perguntou.

Foi na hora que o mesmo esbarrou em um cara de pé conversando com a namorada e o cara encarou ele. Pronto, minha noite acabou ali.

João e Matheus levantaram da mesa quase que em câmera lenta pra tentar resolver o problema - conhecendo bem a peça -, mas não foi suficiente porque o primeiro empurrão que o cara deu nele, foi um soco a mais.

— Olha a merda, vou lá! — Duda disse e as duas levantaram pra ajudar os dois a separar a briga.

Eu não consegui nem me mover da cadeira, não tinha coragem de me meter ali porque do jeito que eu conhecia o Patrick ele me daria um fora que eu me arrependeria de ter me metido.

Eles conseguiram separar a briga, o dono do bar deu um show nele mais uma vez, as meninas voltaram e os meninos saíram com ele do bar.

— Desculpa amiga, nunca pensei que ele apareceria aqui. — Eduarda disse pegando na minha mão.

— A culpa não é sua, eu que não deveria ter vindo, mas eu vou embora. — falei segurando o choro. — Vou pedir um uber aqui.

Jamais choraria na frente deles.

— Não, eu e João levamos você em casa. — Mariana ofereceu. — Você mora com o Phelipe, né?

Eu assenti.

— Então, pertinho da minha casa. — ela disse. — Eu e ele já era pra termos ido na verdade, deixamos as meninas com a babá, mas não gosto muito de fazer isso.

— Certeza? — ela assentiu sorrindo simpática. — E vocês, amiga?

— Ué, eu e Matheus vamos continuar bebendo aqui, tem problema não. Você conhece a gente. — ela deu de ombros e riu.

— Tá bom então. — guardei o celular.

— Caralho, que doideira. — João disse assim que voltaram. — Ele esbarrou no cara, pediu desculpas e mesmo assim o cara inventou de partir pra merda com logo quem, né?

— Pediu desculpas mesmo? — Mariana questionou duvidando.

— Pior que sim, a mulher do cara até pediu desculpas. — Matheus contou.

— E que que ele tava fazendo aqui? — Eduarda perguntou.

— Disse que veio comprar bebida aqui, realmente a casa dele é aqui perto. — ele explicou.

Eu nem queria conversar sobre, deixei eles falando sobre o que rolou e fiquei no mundo da lua pra tentar segurar aquela vontade de chorar.

— Tá, vamos amor? Vou deixar Alicia em casa também. — Mari chamou ele.

Ele assentiu e nós levantamos. Ou seja, mal cheguei e já tô indo embora, só gastro de dinheiro atoa, mas eu não aguentaria ficar depois daquilo.

Era horrível pra mim vê-lo daquele jeito, significava que ele só estava diferente por causa de mim, e não igualmente por ele e isso partia meu coração. Afinal, eu o amava, né!? Impossível querer o pior pra quem a gente ama.

Eles me deixaram em casa, eu agradeci e corri pro apartamento pra poder enfim me jogar na minha cama e poder botar pra fora.

Ver aquela foto fez meu coração partir, não por eles, e sim por mim. Ao mesmo tempo que eu sorri vendo meus amigos se amando, se entendendo e felizes, eu me pus a chorar com saudade do abraço, do toque, do beijo do meu namoradinho maluquinho.

Mas existia muito firme dentro de mim aquele dilema da minha própria saúde mental. Era eu ou ele, e por mais que eu tivesse sofrendo agora, eu ficaria bem depois.

O ruim foi que hoje ele me provou que realmente não mudou em nada e que aquele cara, mesmo sendo o que eu me apaixonei, não me merecia, pois eu merecia o cara que ele se tornou depois e que agora eu não sabia nem mais se existia.

Era uma vez, AliOù les histoires vivent. Découvrez maintenant