— Quer me dizer como diabos foi acontecer isso? Esse era seu compromisso de sexta com seu amigo que você não poderia faltar? — ela dizia séria.

— Veja pelo lado bom, agora tenho nosso rolê de sábado. Filminho em casa. — brinquei. Ela continuou séria e eu tirei o sorriso do rosto também. — Eu não tinha planejado isso.

— Então como rolou? Eu sei que tão evitando de te perguntar, mas não vou evitar não. — ela falou sincera.

— Ok, só te conto se você deitar aqui do meu lado. — bati no espaço ao meu lado. Ela me olhou como se quem dissesse "sério!?" — Por favorzinho?

Ela bufou revirando os olhos e deu a volta na cama deitando na mesma. Ela ficou de lado virada pra mim e eu segurei a mão dela ao lado do meu corpo acariciando.

— Agora me conta! — ordenou.

— Tá. — suspirei. — Ontem eu acordei bem, liguei pra um colega pra saber de um evento que ia rolar na Barra já planejando nosso rolê, fui na praia sozinho me energizar, tava real tentando melhorar daquelas angústias, até que o escritório que eu fiz uma entrevista de emprego ligou me negando e dizendo que eu não fazia o perfil deles. Foi horrível, no mesmo momento que eu tava feliz, eu fui jogado pra baixo. Muita coisa sem sentindo começou a passar pela minha cabeça, mais negação, rejeição, pensar que tudo tava dando errado, desde vida pessoal até profissional. Tive uma crise de ansiedade no meio da praia, eu nunca tinha tido, mas uma amiga minha da faculdade tinha direto e me contava como era. Esperei passar tentando disfarçar que nada tava acontecendo, mas de tanto chorar e querer me atacar as pessoas me olhavam, até que pedi um uber rápido e vim pra casa. Eu já estava melhor com o Patrick, então ele ficava tentando puxar assunto e isso aumentava mais ainda minha ansiedade, fui pro meu quarto, me tranquei e liguei pro Vinicius. Pedi que ele viesse pra cá pra casa assim que Patrick saísse, que trouxesse mais além de maconha que a gente sempre usava, imaginei um alucinógeno e álcool, sei lá, qualquer coisa que me fizesse esquecer. Só que ele trouxe mais do que eu imaginava, a cocaína. Eu relutei no início, ele ficava tentando me convencer de que eu esqueceria de tudo e quando começou a surgir os problemas na minha cabeça de volta eu topei. Nós usamos muito, Laura. Muito. Você não tem ideia. Quando a onda bateu, durou 3 minutos, depois meu nariz começou a sangrar, eu comecei a me agitar fora do normal e daí veio a falta de ar, foi quando eu caí no chão e o desespero, o medo me fez não conseguir levantar. Ele me olhou desesperado, assustado e quando viu que podia ser algo grave, ele pediu desculpas, colocou o celular na minha mão e foi embora correndo.

— Caralho, que filho da puta! — ela soltou minha mão e esfregou o rosto com raiva. — Você acha que você vai ficar viciado?

— Não sei, eu nem senti o efeito direito, só as piores sensações. No momento eu só quero distância. — disse sincero.

Ela assentiu pensativa.

— Eu sei que eu preciso de um psicólogo. Eu realmente vou me afastar do Vinicius e das drogas, mas os problemas são reais. — desabafei.

— Vamos pra São Paulo comigo, termina a faculdade lá e eu te dou um emprego no meu escritório. — ela ofereceu.

— Você tá falando sério? — me virei surpreso.

— Muito sério. Por quê não? — ela bateu de ombros. — Se você não tiver dinheiro pra um apê, eu moro sozinha, tenho quarto sobrando.

— Caralho Laura, você me salvaria muito. — falei animado. — Você é foda!

Por um impulso me inclinei pra cima dela e selei nossos lábios. Nossos lábios se encaixaram perfeitamente e ela não me afastou nem nada, apenas continuou pedindo passagem com a lingua.

Não queria que parecesse que foi por interesse ou qualquer coisa do tipo, na verdade era impossível não ter vontade de beijar aquela mulher, só que eu tava fodido demais pra isso. Não que eu não tivesse agora.

Ela passou a mão pela minha nuca e depois passeou com ela pelo meu cabelo. Mordi o lábio carnudo dela que sorriu em meio ao beijo e encerrou com selinhos.

— Até que esse rolê nosso que você não planejou deu bom mesmo, tá de parabéns. — disse ainda acariciando meu cabelo.

— Ah é? — encarei ela.

— Uhum. — mordiscou o lábio.

— Então será que você ficaria mais tempo pra esse rolê? É que sabe... eu não tô muito bem. — fui deitando direito devagar com a mão na barriga. Ela sentou preocupada. — Só seu beijo resolveria.

Ela começou a rir e me deu uns tapinhas de leve.

— Idiota! — ela me xingou e eu sorri puxando ela pra me beijar de novo.

Era uma vez, AliDove le storie prendono vita. Scoprilo ora