XI - Desculpas e desespero

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Foi quase num sussurro que Regulus falou.
— Estás aqui a fazer o quê? — Ambar olhou para trás admirada, Regulus sentou-se ao lado dela, tinha o capuz da capa colocado.
— Eu…. — ele começou a falar sem olhar para Ambar mas calou-se em seguida.
— Vá diz lá! Vais o quê voltar a dizer que não vais ser nosso amigo? Não vieste aqui pedir desculpa à Ava de certeza por isso diz de uma vez o que é q--
— Desculpa. — Ambar calou-se, olhou para o rapaz e viu-o de olhos fixos no lago, continuavam escuros, vazios, mas ela continuava chateada, magoada com ele,
— Não acredito, o grande Regulus Black a vir pedir desculpa a uma mestiça, que bonito — Reg olhou para ela incrédulo — não preciso das tuas falsas desculpas.
Ambar arrependeu-se imediatamente do que disse, mas já não havia nada a fazer, Regulus não teve reação ao princípio, continuava a fitar o lago e Ambar apenas esperou que ele falasse.
— Eu mereço. Tenho sido horrível para ti. — Regulus tinha-se virado, olhava-a nos olhos agora — Mas… acredites ou não, as minhas desculpas são sinceras.
O rapaz fez menção de se levantar e Ambar puxou-o pelo ombro para que ele se senta-se de novo. Regulus não falou, voltou a sentar-se coçando o seu ombro, talvez Ambar tenha sido um pouco bruta.
— Porquê? — ele olhou para ela confuso — Porque é que nos tratas mal e depois pedes desculpas?
O moreno voltou a levantar-se, mas Ambar já não aguentava mais toda esta situação, por isso levantou-se também agarrando-o pelo braço.
— Nem penses que vais embora! Responde-me! — Regulus olhou-a de olhos arregalados e olhou em volta
— Fala baixo, eu…
— Tens vergonha que te vejam comigo? — o coração de Ambar pareceu parar quando se apercebeu disto
— NÃO — disse ele rapidamente enquanto se voltava a sentar na relva — tu… tu não percebes…
— Explica então! — Ambar sentou-se junto dele, olhou-o nos olhos, queria entender.
— Eu não posso ser como o Sirius, eu sou um Black, nós temos regras temos…
— Toda a honra da família Black para manter — Ambar disse aquilo sem pensar, mas os olhos de Regulus ficaram ainda mais baços…
— Sim — olhou para ela — Desculpa, eu acho que vocês até têm razão, que nada daquilo que a minha família diz importa mas… não posso ser como a Samantha, ninguém fala com ela quase!! Não posso ser como o meu irmão, não aguentaria ser como ele! Os meus pais têm uma ideia daquilo que eu tenho de ser e eu preciso de cumprir isso.
Ambar sentia-se mal, devia ser horrível, como é que alguém da idade deles pensava assim, como podia sentir tanta pressão, ela não ia julgar, não conseguia, estava demasiado irritada com o que o fizeram sentir para que se zanga-se com ele, mas iria ajudá-lo.
— Percebo. Mas… podes tentar ser tu mesmo sem ir contra os teus pais, pelo menos tentar
— Eu tento, mas os meus pais… se eles ficam a saber.
— Não vão ficar, só tens de parecer ser o que eles querem, não tens de ser um insensível para nós… Reg… nós somos amigos - Ambar olhou para ele com um sorriso e reparou que os seus olhos brilharam um pouco — comigo, com a Ava e com os outros podes ser tu mesmo, mas tens de parar de nos insultar e de fingir que não existo!
— E se eu for assim? E se for isso que os meus pais querem que eu seja?
— Tu não és assim. Já vi como és… como realmente és. No comboio, quando falaste com o Sirius ontem, na aula de poções…
— Isso foi diferente — Ambar olhou para ele sem perceber — Não estava aí ninguém com quem eu tivesse de ser o que todos esperam.
— Mas Reg, mal te conhecem!! Não podem esperar nada de ti
— Mas os meus pais, algumas pessoas aqui falam com eles.
— Olha já percebi que há algo com os teus pais e eu não vou perguntar, a não ser que queiras me dizer, mas deve haver uma forma de conseguires ser tu mesmo e tentares que eles pensem que és o que querem… — Ambar nunca tinha tido uma conversa tão confusa, não sabia bem o que dizer.
— Amb… obrigado por falares comigo. Eu vou tentar fazer o que disseste. Tenho de ir.
— Ah, eu vou conti--
— Não, — o rapaz voltou a ficar tenso — é melhor não, eu vou ter com o Barty e assim.
— Hmmm, está bem. Já percebi, mas não tens de estar sempre com eles. — Ambar sorriu para o rapaz, achava que finalmente o tinha percebido
— É verdade — um sorriso surgiu no seus lábios finos — Até amanhã.
— Até amanhã…. Ah e Reg, não deixes a Sam ficar sozinha — o rapaz acenou e foi-se embora.

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