VIII - Reggie

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Sexta, 1 de Setembro, 1972.

Ambar já estava acordada. O teto do seu quarto continuava com um bonito céu estrelado, mas já entrava claridade pelas duas janelas até ao chão presentes na divisão. Era cedo, pelo menos mais cedo que a hora que ela tinha de acordar. Ambar estava deitada de costas para a porta, olhava para o seu malão e restantes malas, tudo já preparado ao lado do seu armário, em cima do seu banco de leitura estava a roupa que tinha escolhido levar até ao comboio, quando estivesse lá dentro é que vestiria o uniforme. Como sempre que há uma ocasião importante ou que exige um horário, Ambar escolheu a sua roupa no dia anterior, um vestido de ganga tipo jardineiras com uma camisola cor de vinho com riscas finas azuis escuras por baixo e, claro, os seus all star bota brancos de onde se veria (apenas um pouco) umas meias da mesma cor que a camisola.

— Já estas acordada filha? — o seu pai chamou-a da porta. Ambar virou-se para o pai e sorriu — Não estejas nervosa, depois de lá estares já nem te lembras de casa, mas vá não demores.

Apesar de Ambar não ter dito nada, o seu pai percebeu-a bem. Estava uma pilha de nervos, mas iria ser um bom dia. Levantou-se e começou a arranjar-se, levaria o cabelo solto apesar da sua mãe ter insistido muito para que ela não o fizesse. Desceu para comer e depois só lhe faltaria escovar os dentes e despedir-se do seu quarto e das suas coisas para sair, mas antes que pudesse fazer as duas últimas coisas, a caminho da casa de banho cruzou-se com a sua mãe.

— Então filha?! — a sua mãe aparecera de repente no corredor, quando Ambar estava perdida nos seus pensamentos e a troca de olhares que tiveram bastou para que Addison percebe-se tudo. — Vá fala comigo...

— É que... E se eu for horrível? Se não souber aprender...— a sua mãe riu.

— Ambar deixa-te disso, achares que vais ser péssima só ajuda a que as coisas não te corram tão bem. Tens de ir a pensar que é isto que queres, estavas tão feliz querida!!! Vai confiante, eu sei que vais ser excelente.

— Eu tenho confiança, mas... também não quero ser uma bruxa do pior que existe — Ambar olhou para baixo, não gostava de mostrar a ninguém que não acreditava em si mesma.

— Tu é que escolhes sabes? — isto fez a rapariga erguer os olhos de chão com o sobreolho levantado — Sim, a vida é tua, é a tua história. Tu é que fazes o teu caminho, acredita em ti, faz que as coisas te levem onde queres.

— Vou ter saudades tuas mãe.

— E eu tuas, mas aposto que o pai vai ter mais — as duas riram sabendo que por muito que não mostrasse o pai era o mais sensível lá de casa — agora entra na casa de banho que eu faço-te um apanhado no cabelo enquanto escovas os dentes — Ambar revirou os olhos, a sua mãe tinha sempre de levar a sua avante, mas ao menos fez-lhe os dois torcidos que ela pediu, já que tinha de levar o cabelo meio apanhado que fosse como ela queria.

Acabou por fazer tudo o resto a correr, pois passado dois minutos de entrar na casa de banho, Olivin já estava a gritar do andar de baixo que iam chegar atrasados, ele podia ser o mais sensível da casa, mas também era o mais pontual e que odiava atrasos. A viagem até à estação de King's Cross foi normal, com o seu pai sempre a reclamar que iam chegar depois da hora combinada com os Thompson porque elas as duas não se despacharam a tempo, mas acabaram por chegar à estação ao mesmo tempo que a outra família e dirigiram-se para a plataforma.

— Não percebo Addison esta plataforma não existe! — os pais de Ava mostraram-se bastante indignados por terem um bilhete com a plataforma 9 ¾ , mas os Mcnor só conseguiram rir.

— Bem isso é porque elas vão passar através daquela barreira entre a plataforma 9 e 10.

— Como?!

Nós Contamos A Nossa HistóriaWhere stories live. Discover now