❦ Capítulo 15 ❦

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A casa do garoto não ficava tão longe do corredor, precisariam andar só alguns quarteirões

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A casa do garoto não ficava tão longe do corredor, precisariam andar só alguns quarteirões. Caminhavam em silêncio, com Payton sempre passos a frente, distraído, chupando um pirulito qualquer. Anora seguia os passos apressados, segurando a bolsa transversal.
  A casa era pequena, decorada com um jardim de moitas recém regadas, tudo muito simples e charmoso. Payton se aproximou da porta sem cerimônias e adentrou berrando pelo nome dos pais, que atenderam assustados.

- Filho? - A mulher de meia idade parecia assustada, segurando um pano nas mãos.
- Olha só quem eu trouxe. - Desviando o corpo,  Payton revelou Anora que estava sem jeito na porta.
- Meu Deus! Anora! - Indo em direção a jovem, a mulher agarrou com todo carinho o seu corpo, emocionada. - Você cresceu tanto!

  Anora não sabia muito bem com reagir, mas retribuiu o abraço apertado. Tinha memórias rasas do casal em sua casa, torcia para que a mais velha não perguntasse sobre lembranças, para não ter que mentir por gentileza.
  As apresentações foram feitas, os abraços e emoções trocados e Anora não poderia estar se sentindo mais especial com toda aquela bajulação. Téo, pai de Payton, mostrava diversas fotos antigas para a jovem, jornais que estampavam na capa a foto da família, canetas ganhas por deputados na época e outros objetos.

- Pai, depois vocês conversam mais. - Payton puxava Anora para longe do sofá, cortando o assunto de antiguidades. - Vamos para o meu quarto agora, nos chamem para o almoço daqui a pouco.

  O pobre Téo foi deixado para trás na sala, intrigado com a ousadia do filho que arrastava Anora pelo corredor.
  Payton fez questão de levantar as mãos para o alto ao se trancar no quarto, agradecendo por finalmente estarem a sós, sem as bajulaçoes dos pais. Boa parte do quarto poderia ser identificada com a personalidade de um garoto daquela idade, pôsteres, cores escuras, bagunças, eletrônicos, menos uma cama coberta por lençóis coloridos do outro lado.

- Esse é o lado da minha irmã, só ignora. - Payton dava de ombros, se jogando em sua cama.
- É fofo. - Caminhando pelo quarto, Anora observava as paredes decoradas. - Não vai me dizer o porquê me trouxe aqui?
- Não está óbvio? Para escapar dos meus pais! Tá na cara que você não se lembra de muita coisa e mesmo assim, eles ficam falando e falando.

  Se aconchegando na cama infantil, Anora agarrou uma almofada com pelagem fofa e segurou em seu colo, acariciando o tecido enquanto mantinha a vista em nuvens que passavam pela janela cumprida do quarto. Já tinha anos que não via fotos de sua mãe, apenas mantinha consigo as poucas memórias fotográficas para evitar que toda a dor da perda voltasse, e Téo não poderia imaginar isso quando mostrava fotografia por fotografia com tanta nostalgia, eram grandes amigos de sua mãe, tinham o direito de sentir tal sentimento. Odiava sentir aquela vulnerabilidade.

- Faz quantos anos que sua mãe partiu? - Payton cortou o silêncio com uma voz baixa.
- Nove. - Respondia distraída, hipnotizada pelas nuvens. - Nove anos.

  Antes que pudessem continuar a conversa, batidas altas na porta ecoaram pelo quarto, trazendo a jovem de volta para a realidade.
  O almoço estava delicioso, os assuntos agora focavam no presente e no futuro de Anora, que preferia não entrar em tantos detalhes sobre seu relacionamento atual com o pai, revelava apenas o básico. Payton preferia não se intrometer, mesmo que soubesse mais verdades do que seus pais estavam ouvindo. Depois da refeição rápida, Anora foi convidada por Lúcia, mãe de Payton, para acompanha-la até seu quarto para que visse uma coisa.

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