Jeongguk assentiu uma única vez. Ele apertou a mandíbula e suas narinas inflaram. Algo parecia realmente estar irritando o alfa.

Taehyung tampou o braço novamente e fitou Jeongguk.

— Minha mãe e meu pai eram betas — disse em forma de explicação. Significava que não havia como Taehyung ser outra coisa.

Apesar de não se relacionarem com outras pessoas ou sentirem prazer, betas faziam sexo de vez em quando entre si. Muitos porque tinham curiosidade, outros porque viam necessidade de reprodução — alguns queriam filhos para que os herdeiros pudessem dar continuidade nos negócios. 

Sir Monier pegou um dos pergaminhos que havia trago consigo e abriu sobre a mesa. O som do papel cortou o ar denso pela crescente tensão da sala.

— Elaborei o contrato esta manhã. Meu Lorde, se me permite iniciar a leitura.

— Prossiga, Monier.

O mensageiro limpou a garganta antes de começar. Jeongguk assumiu uma pose mais casual na poltrona, apoiando o cotovelo na mesa e abrindo suas pernas levemente. Taehyung continuava com a postura ereta e rígida na cadeira.

— Este é um acordo entre o alfa Jeon Jeongguk, um dos herdeiros do clã Jeon, e o beta Kim Taehyung, servo treinado e certificado pelo reino de Ealathia e o seu rei, Deoratus IV.

À medida que Sir Monier lia o caput do contrato, o nervosismo de Taehyung ia crescendo. Aquilo realmente estava acontecendo, ele realmente estava juntando-se a um clã.

— Desculpe a interrupção — Taehyung falou diplomaticamente. — Mas gostaria de ressaltar que ainda não tenho a certificação. Estou em processo de obtê-la, o que pode levar um ou dois meses.

— Certo. Não será um problema, estaremos lidando com burocracias até lá. Irei colocar isso no contrato e condicionar o seu início na casa à certificação.

— Obrigado.

— Cláusula primeira, das obrigações. — Sir Monier continuou. Ele estava suando um pouco. Não estava calor, então Taehyung imaginou que fosse o nervosismo por ter a total atenção de Jeongguk em suas palavras.  — O servo se compromete a doar o seu tempo às suas obrigações perante ao alfa, nunca negligenciando as necessidades do alfa que estejam ao alcance do seu treinamento. O beta deverá, assim, usar os conhecimentos intelectuais adquiridos e a sua capacidade analítica para ajudar o clã a crescer e a permanecer forte.

Taehyung fitou a mesa branca, absorto no que dizia a cláusula. Ele já sabia quais eram as  competências de um beta desde seus oito anos, quando tinha iniciado a sua escola oficialmente, mas ouvi-las ali naquele momento estava fazendo o seu coração palpitar.

— Ao alfa compete prover um lar confortável, uma boa alimentação, vestimenta e o acesso aos cuidados médicos básicos. O alfa deverá acordar com o beta as condições para o descanso de tempos em tempos, a fim de preservar a vitalidade e a força do servo. O alfa deverá também repassar um valor de $500 meajas mensais ao beta para cobrir despesas com itens pessoais. 

Quinhentas meajas não era um valor muito expressivo. Em termos de comida, era o equivalente a uma saca de arroz, a commodity agrícola mais barata de toda Ealathia. Era o mesmo preço de uma blusa de flanela no centro de Kauput Wolf’s. Mas para os servos, que não gastavam com mais nenhuma despesa básica, era considerado o suficiente.

— Alguma dúvida até o momento?

Taehyung negou.

— Não.

— Continue — Jeongguk ordenou. 

— Certo. Cláusula Segunda, do harém de ômegas. O beta deverá obedecer aos pedidos dos ômegas, que estão abaixo apenas das ordens diretas do alfa. Em caso de ordens possivelmente conflitantes, o beta deverá reportar ao alfa para que este tome uma decisão. É trabalho do beta manejar conflitos e garantir que tudo seja feito com discrição, evitando que suas dúvidas criem qualquer ambiente hostil entre o alfa e os seus ômegas. Cláusula terceira, dos segredos do clã. O beta possuirá acesso a documentos secretos e históricos da família do alfa. Em nenhuma hipótese tais documentos poderão ser usados para razões pessoais.

Servante (jjk + kth) (ABO) - ConcluídaWhere stories live. Discover now