continuation of a love // Ziam

20

Liam

Quem é seu porto seguro? A pessoa que você pode contar sem pensar duas vezes? Que vai te segurar no momento em que pensar cair? Que vai te impedir de fazer coisas que se arrependerá eventualmente?

Algumas pessoas as têm, não é? É algo mais crucial e pode ser qualquer um. Pode ser um amigo, um irmão, um primo, a mãe, o pai ou até mesmo você próprio.

Louis tinha sua mãe, a mulher que o pôs no mundo, que o incentivou o apoiou e tinha seu piano - esse sendo o antigo piano de Anne. Fazia alguns anos que ele não tocava, ele sentia falta da tranquilidade. Ele precisava daquilo.

Eu não posso dizer como era aquilo, ao menos desejava ter algo assim com Zayn. Niall está grávido, eu estou grávido e acredito ser um pouco difícil para Louis nos ver assim. Se nós não tivéssemos aqui, talvez ele se sentisse melhor, não? Não, ele iria saber da gravidez eventualmente e continuaria se sentindo mal.

- Tio Liam? - ouvi uma voz fina, parecida com a de Louis, mas um pouco mais rouca. Olhei para o lado e vi James parado na porta da sala de música.

- Oi, JL. - disse, somente para implicar, mas pareceu não surtir efeito, já que o garoto deu de ombros e se aproximou de mim, me abraçando como se fosse a última vez que me veria. - Ei, o que aconteceu? - escutei um soluço atravessar sua garganta. - James!

- Meu pai vai voltar? Tio Liam, meus pais vão continuar juntos? - ouvir a voz quebradiça de James partia meu coração.

James se fazia de forte, sempre com seus livros em mãos ou seu rosto em uma expressão de pessoa intelectual, mas ele era muito sensível. Ele nunca dizia, mas pequenas coisas o machucavam. Ele odiava chorar na frente de alguém, principalmente na frente de Ethan, que era outro sensível e chorava quando via James chorar. James chorava sempre que seus pais brigavam com ele ou quando ninguém o escutava e isso fez Oliver sempre sentar e escutar tudo o que o irmão tinha a falar.

Amélia era tão forte quanto ele, por isso era ela quem o protegia sempre.

- James, não, olha para mim. - ele levantou a cabeça, concentrando seus olhos azuis nos meus. - Seus pais apenas estão em um momento difícil, mas irão se resolver, eu prometo.

- Eu não acredito em promessas, tio Liam. - ele disse em um fio de voz. - Elas são facilmente quebradas.

- Certo. - eu não sabia mais o que dizer. Quer dizer, James tinha doze anos, certo, ele podia compreender tudo o que acontecia, mas não deixava de ser algo doloroso para ele e não o impediam de imaginar que talvez o amor fosse algo passageiro.

- Tio Liam, por quanto tempo somos capazes de amar uma pessoa?

Aquilo me pegou desprevenido. De todas as perguntas possíveis, eu não imaginei aquela sendo proferida por James. Ele era só uma criança que não sabia lidar com mudanças e ter os pais se amando intensamente em toda sua vida, o fazia duvidar de algo tão bonito.

- Dura muito tempo, querido! - eu me sentei no sofá que tinha ali e olhei para ele. - James, seus pais apenas estão em um momento difícil, é comum Louis querer um tempo para pensar!

- Por que eles brigaram? - a voz embargada de James parecia narvalhas atravessando as paredes do meu tórax e cortando meu coração.

- Louis quer mais um filho e Harry não quer!

- Ah, papai não está feliz apenas comigo e os meus irmãos? - eu o abracei, pois não suportava olhar para aquele rostinho choroso.

- Ele está, meu amor, claro que está! - respondi, tentando o tranquilizar. - Ele só sente falta de ter um bebê só dele. Sente falta de cuidar de alguém, porque você e seus irmãos já são, praticamente, independentes!