continuation of a love // Ziam

12

Liam

Acorde. Agora você não tem mais tempo para dormir.

Ouvi uma voz doce dizer aos meus ouvidos. Parecia o canto de uma sereia aos ouvidos dos marinheiros. Era melodioso, tranquilizante até. Ela pedia para que eu acordasse, mas como? Meus olhos não queriam abrir-se, meu corpo não respondia aos meus comandos.

Acorde. Está na hora, os bebês já estão chorando.

Bebês? De que bebês ela está falando? E logo o som estridente do choro de três bebês fora ouvido. Aquilo machucava meus ouvidos, mas não podia mexer minhas mãos, elas pareciam estar atadas. Meu corpo parecia estar preso.

Acorde. Não há mais tempo. Ele não irá acordar?

A voz parecia se desesperar, como se tudo estivesse a desmoronar. Eu sentia meu corpo, mas não podia move-lo. Eu sentia minha pálpebra, mas não podia abri-las. E eu sentia minha boca, mas não podia falar. Parecia que eu estava sob o encanto de uma bruxa perversa.

Acorde, por favor, você precisa ir salvá-los.

Salvá-los? Salvá-los de quê? Ou ao menos de quem? A quem estamos enfrentando? Ou melhor, você, já que não posso mover-me.

Acorde antes que seja tarde. É eles ou você. Acorde.

Eles ou eu. Antes que seja tarde. Para quê? Por que seria tarde para algo? De quem estamos com medo? A quem devemos temer?

Ele não irá acordar.

A voz disse por fim. Acho que desistiu. Salve-os, talvez eles tenham uma vida mais longa que a minha e vivam tanto quanto eu vive.

Ele não acordou, Leo.

Ele irá nos deixar?

Como? Uma segunda voz? Agora uma um garoto? De quem diabos são essas vozes?

Foi culpa minha, Leo?

Uma terceira voz. Quem são vocês? Expliquem-me o que está acontecendo?

Não, Maya, não é sua culpa! Ele precisa ir!

Por que ele precisa ir, Leo?

Para que nós possamos viver, Jess.

Eu não queria que ele fosse.

As vozes estavam distanciando-se, como se o vento que sobrou sobre meu corpo, levasse cada resquício do som das vozes daquelas três crianças.

Vou sentir saudade, papai.

A voz de Maya invadiu meus ouvidos e aquilo pareceu ser tão doloroso vindo de uma criança.

Algum dia nos veremos, mamãe.

Jess falou e sua voz parecia tão quebradinha e suas palavras pareciam lâminas, que atravesaavam meus ouvidos e cortavam cada pedacinho do meu corpo.

Eu não queria que você fosse. Queria que ficasse e me ensinasse tudo o que sabe. Papai, queria saber das suas histórias.

Aquilo foi demais. As palavras de Leo foram demais. Eu despertei do meu sono assustado, minhas mãos tremendo e eu estava suando frio. Senti um movimento ao meu lado e eu sabia que era Zayn, afinal, não era nem três horas da manhã e eu já estava despertando.

– Lee? O que houve? – ele acendeu o abajur, que iluminou minimamente seu rosto e eu pude ver sua expressão mudar para uma preocupada. – Por que está chorando?