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— Estamos de arrasar! — a Rose disse animada quando nos fomos ver ao enorme espelho branco dela. Até que nem estava errada no que dizia...

Ela estava com um vestido comprido azul-esverdeado com finos ramos bordados nele na parte esquerda do vestido. No cabelo solto tinha uma delicada coroa de flores brancas que condizia com a sua pulseira e mala.

Já eu, vesti um vestido até ao joelho de cor branca como a neve. Tinha umas pequenas rosas vermelhas no ombro esquerdo e um cinto da mesma cor. Ela decidiu esticar o meu cabelo, alegando que ficaria linda e leve.

Não sei muito bem o que é que ela quis dizer com isso, mas sentia a minha cabeça mais leve, de alguma forma. Como se por uns minutos todas as preocupações da minha cabeça desaparecessem. Era estranho não me ver com o cabelo ondulado, já que era o natural dele.

— Falta meia hora para o baile começar. — disse quando olhei para relógio no seu quarto. A Rose andou pelo quarto à procura do seu batom vermelho dizendo-me que eu não podia sair sem o pôr nos meus lábios carnudos.

Passou-se uns minutos, e quando finalmente me pôs saímos do quarto para ir encontrar a sua mãe e a sua irmã mais nova, Lily, que estavam há nossa espera na entrada do seu castelo.

Fomos pelo seu enorme corredor apressadamente quase caindo por causa dos saltos que usava, até que a Rose deixou cair o batom vermelho que tentava guardar na sua mala. Ela disse que o levaria se precisasse de retocá-lo.

O batom caiu por umas escadas à minha esquerda. Nunca tinha visto estas escadas escuras antes...

— Eu vou lá. — disse e desci com cuidado as escadas para não cair e sujar o meu vestido branco. — Acho que já o vi. — ele foi até o fim delas e estava junto a uma porta castanha de madeira já velha.

Peguei nele e reparei que estava molhado. Que raio? Quando o anel dourado tocou na pele dos meus dedos e senti água da poça que estavam no chão acastanhado algo me veio há mente. Algo que eu não tinha pensado antes.

Ao olhar para meu reflexo através da poça eu lembrei-me do Dia do Festival das Flores.

Lembrei-me em como na noite anterior choveu imenso e que era provável que a terra ainda estivesse molhada pela chuva. E, se a terra estava molhada, isso queria dizer que era provável que houvessem as pegadas do verdadeiro assassino do Bob perto da banca de vinho do Larry. Se eu fosse lá, as minhas dúvidas desapareciam.

Se eu visse dois pares de pegadas eu sabia que o Morgan estava a dizer a verdade, que ele e o Bob levaram ambos uma pipa de vinho ao Larry. Mas se apenas tivesse uma pegada podia querer dizer que o Morgan mentiu. Podia querer dizer que o Bob nunca chegou a levar pipa nenhuma.

Será que isso eram provas o suficiente para incriminar alguém? Seriam pegadas dispersadas suficientes para combater o facto de o Hector ter sido encontrado ao lado do corpo do Bob?

— Está tudo bem aí em baixo, Scarlet? — ouvi a voz da Rose vindo de cima da escadaria velha.

Sabia que não era boa ideia dizer-lhe a minha teoria maluca e pouco provável de estar certa, mas mesmo assim mesmo sabendo que era improvável eu não podia desistir. Eu não podia desistir da verdade. Eu não podia desistir do Hector.

— Rose! — subi as escadas o mais rápido possível, o que quase me fez cair por elas abaixo, e parei quando fiquei há sua frente. Vi que ela estava um pouco confusa pela minha mudança instantânea de humor, mas esperou em silêncio até eu falar. — Eu tenho de ir há Praça das Flores, agora!

Ficou uns segundos em silêncio a tentar perceber as palavras que eu deitei rapidamente para fora da boca. — O quê? Para quê? — pôs as mãos na cintura enquanto me olhava.

𝐎𝐬 𝐄𝐥𝐞𝐦𝐞𝐧𝐭𝐨𝐬 𝟐Onde histórias criam vida. Descubra agora