➵ 16 | linda mulher

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Any Gabrielly

Depois da longa segunda-feira, eu precisei ir comprar algumas ervas naturais que estavam em falta. Estava voltando para casa com o rádio ligado enquanto batucava e cantarolava animadamente. Dei uma olhada pelo meu retrovisor e avistei um carro preto logo atrás de mim, o mesmo carro que vi há umas cinco quadras atrás.

Acelerei um pouco e peguei outro caminho que não costumava seguir, só para tentar ver se estava sendo seguida ou se eu só estava sendo maluca como sempre. Minhas mãos começaram a suar quando percebi que o motorista do carro preto veio na mesma direção, sempre mantendo seus faróis no máximo, me impedindo de ver quem dirigia.

Pisei fundo no acelerador e entrei em ruas que não tinham nada a ver com o meu caminho para casa. Se eu estava mesmo sendo seguida, não era bom deixar escancarado onde eu morava. Foram mais umas oito quadras, fiz o retorno umas duas vezes, eu estava andando praticamente em círculos por Manhattan e continuei sendo seguida. Não, eu não estava sendo maluca.

Praguejei a minha picape quando ela enguiçou e o motor morreu. Assim que meu carro parou, o meu perseguidor também parou, bem na esquina daquela rua que estava pouco movimentada. Fiquei dentro da caminhonete tentando fazê-la ligar novamente, mas não tive sucesso.

— Vamos, querida, eu nunca desisti de você, não pode me deixar na mão agora! — choraminguei.

Foram uma, duas, três, várias tentativas, mas a picape simplesmente não ligou.

— Sua filha da puta! — esmurrei o volante. — Ok... — respirei fundo. — Paz de espírito, Any. Surtar não ajuda ninguém em nenhuma situação.

Coloquei a mão na maçaneta da porta e abri lentamente, colocando o primeiro pé para fora. O universo estava sendo bem sacana comigo ultimamente e faltava muito para se redimir. Ele não deixaria eu ser atacada agora, deixaria? Se eu não saísse daquele carro para olhar o motor, não sairia do lugar e ficar parada era bem pior.

Olhei para o carro preto na esquina, engoli em seco e fui até a frente da minha picape. Subi o capô e tive que cobrir o nariz devido ao vapor que saiu de lá. O problema era pior do que imaginei.

— Eu não pretendia morrer no meio de uma avenida vazia. — olhei para o céu. — Isso é uma lição por eu não ter trocado de carro? — bufei. Dei a volta e comecei a chutar o pneu. — Droga de picape velha, desgraçada, fodida, filha de uma puta... — eu xingava a cada chute.

— Ei, para! — alguém disse ao colocar a mão em meu ombro.

— AAAAHHH! — eu me assustei e sem pensar duas vezes me virei e dei um soco no peito da pessoa.

— Cacete! — Josh se afastou e tossiu com a mão no peito. — Você é pequena, mas tem a mão tão pesada!

— Não pode chegar nas pessoas assim! — falei ofegante.

— Você dá um murro em todo mundo que te aborda na rua?

— Não. — só quando estou sendo seguida, o que não acontece com frequência. — Desculpe.

— Tudo bem, Rocky Balboa. — sorriu. — Problemas com a lata velha?

— Não chama ela assim! — fiz cara de tédio e cruzei os braços.

— Você estava literalmente cobrindo ela de porrada. — riu. Não sei se me acostumaria a ouvir a risada dele, já que meu coração saltitava ainda mais à medida que isso acontecia.

— É que eu estou um pouco longe de casa, já está tarde. — relaxei.

— Nunca é tarde na cidade que não dorme. — ele foi até o capô aberto e começou a dar uma olhada. — A água do radiador ferveu, se andasse mais alguns quilômetros o motor pegaria fogo e você morreria em uma explosão.

Doce Amargo(Adaptação)Where stories live. Discover now