Apertou mais os braços em volta do mesmo, sentindo-o parar de soluçar brevemente. Fazia um carinho leve nas costas do moreno, sem se importar se sua própria roupa agora estava se tornando cada vez mais úmida. Apenas queria acalmá-lo e cuidar do mesmo. Chegava até ser engraçada a cena, sentia como se tivesse um pequeno gatinho entre as mãos, mexendo em seus pelinhos negros. Timidamente Jungkook o retribuiu, decidindo que antes de qualquer coisa, precisava colocar as próprias batidas do coração acelerado em ordem, e provavelmente só conseguiria nos braços do ruivo.

— Eu também senti saudades… — Jimin ditou baixinho, com um sorriso pequeno e os olhos fechados. Era tanta ternura envolvida que sentia vontade de derreter entre as mãozinhas tímidas de Jeon, que apertavam sua blusa. Jungkook arrepiou-se levemente com o tom carinhoso e a respiração em sua orelha, fungando baixinho. Jimin o abraçou ainda mais forte, como se fosse surreal a ideia dele aparecer em uma noite se declarando em sua porta como um clichê de filme de romance. Embora de clichê o moreno não tivesse nada.

Jeon sorriu timidamente, sentindo-se feliz por aquelas palavras. Parecia que todo aquele rebuliço e o monstrinho chato da tristeza que chorava e rosnava o tempo inteiro tinha ido dormir. Estava tão tranquilo e relaxado que não se importaria em ficar durante dias daquela forma, abraçados em meio ao corredor. Quem ligava pro frio ou se provavelmente estariam super resfriados no dia seguinte? Nenhum dos dois, principalmente se isso significasse estar contente daquela forma.

Mas o momento fora cortado assim que um espirro audível saiu dos lábios do moreno, assustando Park que notou a forma em que se encontravam. Estavam provavelmente durante uns cinco minutos na mesma posição, abraçados, num corredor frio e escuro, com Jeon incrivelmente encharcado e agora deixando sua roupa da mesma forma, causando um friozinho em sua pele que se arrepiou. Acabou por rir baixinho, notando como o outro endireitou a postura e seu rosto retesou na mesma expressão de sempre, aquela repuxada numa cara de taxo incrível que nenhum outro ator de Hollywood conseguiria sequer chegar perto de imitar.

— Você está com frio? — Jungkook olhou para o mais baixo, observando os olhinhos pequenos do mesmo. De primeira não entendeu a pergunta, até porque estava tão quentinho nos braços alheios que sequer fazia sentido, mas então quando sua mente voltou a trabalhar rebobinando a fita e lhe fazendo lembrar-se de tudo o que passou até estar ali naquele corredor, foi quase possível escutar um estalo na sua cabeça. Pensou até mesmo ter visto Jimin fazer uma bela careta, como se tivesse escutado o barulho.

Jungkook havia esquecido que fora de pijama azul até o apartamento do ruivo e abriu o berreiro como um bebê na porta dele. Um bebê grande e com uma atitude completamente horrível. Quer dizer, o moreno não chorava; de verdade, parecia até um defeito de fábrica, podia contar nos dedos quantas vezes havia feito. Parecia que no momento em que ocorreu, a torneirinha da vida abriu sem barreiras e deixou tudo vazar de uma vez. Chorou tanto aquele dia que tinha certeza que as lágrimas que caíram vieram desde 1997, quando ainda estava saindo de sua mamãe. 

— Ah… — respondeu envergonhado, endireitando a postura e coçando o queixo de leve. Os olhos foram parar nos próprios pés, observando as pantufas que tinha no mesmo. Ele foi chorar na porta de Jimin usando pijamas e pantufas. Por algum motivo que não precisava nem mesmo pensar muito, estava morrendo de vergonha agora, então simplesmente concordou com a cabeça. Devia estar horrível naquele momento, principalmente por ter chegado tão de surpresa no local, sem dizer que havia incomodado o sono alheio e ainda tinha suas inseguranças martelando na mente. Poxa, não era fácil superar as coisas.

Era como o Capitão América contra o Homem de Ferro, você simplesmente não esquecia uma batalha dessas.

E Jeon estava guerreando a dele constantemente na própria cabeça. Afinal, ele passou tantos dias longe de Jimin, dos seus amigos, da aula de dança. Tinha medo que tivessem esquecido de si, que tivessem simplesmente lhe substituído. Jeon nunca foi o tipo de pessoa que se achava memorável, sempre pensando que era mais um por aí, porque, bem ou mal, nunca havia se destacado sobre algo. Além, é claro, do fato de não ser muito bom com as coisas que envolvessem ser uma pessoa mais maleável e compreensiva. Não que fosse sem paciência, é só que, falando de forma mais prática, pra si era muito mais fácil uma aula de física do que filosofia. Quer dizer, “ser ou não ser, eis a questão”, mas a questão ali na verdade era que pra ele só funcionava mesmo o “sim” ou “não”. Por que pra quem não entendia o próprio coração, como o faria no de outra pessoa?

Fullgás • Jjk + Pjm / jikookWhere stories live. Discover now