Tudo bem… Uma hora Jungkook começaria a falar coisas que fizessem sentido. Era só Jimin esperar, porque aos poucos ele ia captando a mensagem e decifrando com a mente incapacitada que possuía. 

— Ela disse pra eu lutar pelo sorvete… — Jeon abaixou a cabeça enquanto dizia todas aquelas coisas. Estava envergonhado e não sabia muito bem o que fazia. Quando Taehyung lhe obrigou a ir até o prédio do ruivo não pensou que tivesse de dizer algo, quer dizer, era só improvisar. Mas Jungkook era péssimo no improviso, então depois de simplesmente ter dito de gostava mesmo do ruivo, sua cabeça entrou em pane e começou a falar sobre tudo o que vinha na cabeça sem parar. E essa estava num círculo vicioso em ficar repetindo as palavras de sua mãe: “Lute pelo sorvete, filho. Não deixa ninguém tirar uma amostra grátis dele!”. E, bom, já que não havia mais filtro entre sua mente e a boca…

— Eu não quero dar amostras grátis do sorvete. É de Flocos! — ergueu as mãos e as mexeu no ar, mas se arrependeu no minuto seguinte quando o frio tomou posse de seu corpo. Abraçou o mesmo, tremendo de leve pela forma como o dia ainda estava frio. Não tinha erguido ainda o rosto, já que não conseguia nem processar as coisas que entravam em pane nas engrenagens de seu cérebro, se fitasse Jimin agora era capaz de explodir sem nem pensar duas vezes. — Flocos é o meu favorito… — ditou baixinho e com a voz embargada. — E eu realmente não quero perdê-lo… — ao final da frase a compreensão brilhou na mente de Jimin. Não que tivesse sido fácil, desde quando entender a cabeça do moreno era? Mas quem ligava, certo? Porque depois de tudo, em momentos como aquele, valia mais do que a pena todas as confusões, porque serviam para mostrar que aos poucos fazia parte do mundinho dele.

O coração de Jimin apertou com a voz embargada, a expressão triste e os olhos que antes grandinhos, agora pequenos pelo inchaço. Pela primeira não era preciso perguntas e nem palavras para que o ruivo pudesse ler Jungkook, nunca havia visto tantas expressões faciais no rosto do garoto antes e isso era algo único. Porque quando ele dizia aquelas coisas loucas sobre sorvete e amostras, seu rosto falava mais por si do que qualquer letrinha do alfabeto. E isso encantava a Park, por ser um grande passo. Afinal, quando as duas partes se entendiam, o encaixe era sempre bonito, certo?

Não que Jungkook quisesse se mostrar assim, sentia-se um pássaro pequeno que caiu do ninho. Mas não conseguia, desde o dia do beijo estava completamente frágil, mesmo que nunca tivesse parado pra pensar sobre. Estava mais sensível, mais quieto, mais tímido, mais triste e com muita saudade. Quando Jimin viera até si, não fora por orgulho que não o recebeu, não. Foi medo. Tinha medo das próprias reações, dos próprios atos e também de Park. Não se reconhecia mais, era tudo muito novo, muito assustador. As coisas se tornaram mais intensas do que pensava que era e já não sabia mais como lidar.

Não é como se um dia já tivesse conseguido, mas estava muito pior. Porque em um momento pensou que era muito mais simples, contudo, não foi. Não era e nem seria. Pelo simples motivo de: era sua primeira vez amando alguém e isso, bom, se nem os poetas sabiam explicar, como o próprio Jeon conseguiria? 

Estava perdido e vendado, mas nem sempre não saber enxergar era tão ruim assim. Principalmente quando tinha o seu próprio guia e esse agora lhe abraçava de forma calorosa, envolvendo seu corpo gelado entre os braços fortes e o puxando até o próprio calor corporal, esquentando calmamente. Seu rosto escondido entre o pescoço alheio, sentindo o cheirinho gostoso do perfume natural e o sentimento de que ali era o local que havia achado pra fugir do mundo, até porque, Jimin era capaz de fazer com que criasse um só deles. 

O ruivo não conseguiu manter-se parado diante daquela cena. Não gostava quando aquele menino sempre sem expressão e com pensamentos diferentes demais perdesse sua essência e chorasse. Jimin não gostava disso, gostava do rosto de bunda, das falas desconexas e das bochechas coradas quando pensava coisas erradas. Gostava dos sorrisos mal projetados, dos carinhos sem jeito e das conversas que muitas vezes eram só frases suas. Gostava quando era o Jeon Jungkook de sempre ali, e não um menino triste. Porque era tudo o que menos queria. 
Então o abraçou forte, porque gostaria de mostrar que entendia o que ele falava e o que ele sentia. Entendia que não o largaria e que ele não precisava sentir-se tão desamparado. Mostrava que não o soltaria e que odiava vê-lo daquela forma por sua culpa. Porque Jeon também era importante para si. E valia a pena cuidar dele da forma que o mesmo precisasse.

Fullgás • Jjk + Pjm / jikookWhere stories live. Discover now