Então Lena havia informado a "Doutora Sylla" que tinha me contado sua história. Ou a que ela achava que fosse verídica.

- Eu te acho uma vadia, Diarra.- respondi calmamente.- Seus motivos não me importam, como também o que eu acho ou deixo de achar não importa a você. É simples, e eu realmente não me importo, somos amigos e é só não tocar nesse assunto, que não brigaremos.- dei de ombros.

- Tinha me esquecido do quão filho da puta você consegue ser.- respondeu com desdém. Soltei uma risada.

- Você não precisaria ser lembrada se não fosse uma vadia com sua filha.- rebati sério, vendo ela me encarar com uma expressão mais séria ainda. Diarra tinha aquele olhar inexpressivo e que faria qualquer um a temer.- Se quer um conselho, não estamos na melhor fase e nem sabemos se vamos estar vivo, principalmente aquela garota. Ela é jurada de morte, Diarra! E o único direito que a coitada tem, de ter uma família, você está privando.

- Nunca parou pra pensar quando algum de nós tivermos um filho, inferno!- disse entredentes.- Olha os exemplos que tivemos, me diga um que está brincando como ela.- trinquei a mandíbula, a encarando friamente.- Estou falando sério, Noah!

- Que eu saiba, descobrir quem é a mãe, não levará ela para um caixão.- Diarra engoliu em seco.- Não lembre do passado para cobrir seu lado covarde, Diarra.- a mesma me encarou com ódio. Aparentemente eu tinha tocado na ferida.

Antes que Diarra respondesse, senti uma mão no meu ombro e me virei. Zoe abriu um sorriso calmo e de lado, me encarando com os olhos castanhos e cautelosos. Olhei além, vendo Lena ainda desenhando. Coloquei minha mão sobre a de Zoe, fazendo uma leve carícia.

- Está tudo bem ?- ela perguntou, hesitante. Levando seu olhar até Diarra e transmitindo toda calmaria que ela possuía.

- Claro! Noah só estava me aconselhando.- Diarra abriu um sorriso falso, enquanto fazia um coque com as tranças azuis.- Ele é extremamente bom com relações e laços familiares, vale a pena parar pra ouvir.- revirei os olhos, sem paciência.- Vou até Lena, licença.- Zoe apenas assentiu, enquanto a senegalesa descia as escadas para a parte de baixo e ia até onde estava a garotinha.

Me virei, ficando de frente para Zoe e entrelaçando meus braços em sua cintura. Ela abriu um sorriso simples, entrelaçando seus braços no meu pescoço. Puxei seu rosto para perto, beijando-a calmamente, com ela correspondendo na mesma intensidade. Terminei o beijo, colocando uma mecha loira do seu cabelo atrás da orelha.

- O que disse para ela foi pesado, Noah. Você não é assim, e nem sabe os motivos que a levaram a fazer isso.- mal sabia ela então. Apenas assenti, não querendo entrar naquele assunto no momento.

Zoe sabia o superficial, e ainda de brinde sempre achava que as pessoas tomavam certas atitudes por motivos honrosos. Não se tratava disso, principalmente quando as pessoas incluídas era um de nós.

- Você não a conhece, Zoe. Não a defenda tanto.- foi a única coisa que falei, vendo minha mulher assentir. Ultimamente Zoe estava sempre optando pelo silêncio, algo que começava a me incomodar, porque nunca tinha sido uma característica dela. Tinha algo de errado.

Após a briga que tivemos de madrugada, que acabou comigo tomando café com minha ex - que estava tão bem "casada" quanto eu -, as coisas pareceram tomar um rumo diferente. As máscaras começavam a cair, e não tinha como simplesmente reverter... Zoe ter vindo comigo a Nova York não foi um erro total. Não teria sido um erro.

Mas, ela teve a experiência completa de quem entrava em meio ao caos que tínhamos criado: brigas há todo momento, rancor por cada olhar, o perigo a cada passo e o risco iminente de morte. Zoe estava começando a entender que o buraco era bem mais embaixo do que parecia, que ela estava junto de tudo aquilo que, até então, abominava.

Principal escolha: A ruína  ♤Now United♤जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें