Start Over ² | Vinnie Hacker ✓

018

E querido, eu quero e vou ser sincera
Porque eu simplesmente não consigo fingir quando olho para você
Apenas mantenha tudo, quando eu jogar essas centenas
Espero que você saiba o que fazer

─── like that, doja cat ft. gucci mane

Afrodite Thoja

Nenhuma sexta-feira conseguiu ser tão chata quanto essa.

Charli e Chase foram em uma pizzaria depois da gravação, a qual eu recusei por estar com uma tremenda dor nas costas, provavelmente porquê meus dias estão chegando.

Quando parei em frente ao portão de casa, tive certeza que a frase "Deus não castiga duas vezes" sempre foi uma farsa!

O carro branco, muito familiar, estava perfeitamente alinhado em cinco centímetros de distância do meio fio, e mesmo do lado de fora eu podia ouvir a música de abertura daquele desenho insuportável.

— Dite! — as duas crianças correram até mim ao mesmo tempo, me desequilibrando por completo, e nós três caímos no chão. — Ops...

— Você demorou hoje — Zach me ajudou a levantar, mas tornei a abaixar, flexionando os joelhos para estar do tamanho deles.

— Tive problemas no estúdio, Zach, só isso. — ele assente e me dá um beijinho na bochecha, voltando a se jogar no seu puff azul. — Oi, lindinha.

Hera mantinha as mãos atrás das costas e o olhar focado no chão, envergonhada.

— Está com vergonha de que? Achei que já tínhamos passado dessa fase! — ela passa os dedinhos pela sua franja lateral, que aos poucos cobria um de seus olhos.

— É que.. — ela suspirou antes de voltar a falar — Ontem, no parque.. — senti minha cabeça pesar e forcei os lábios. — Você tá namorando o meu pai?

— O que? — levantei, surpresa. — Eu não namoro o seu pai, Hera! — falei, um pouco mais dura do que planejei. — Ele disse isso pra você?

— Não! Ele não me disse nada, ele até mandou eu ficar quieta quando eu comecei a perguntar sobre vocês. — franzi o cenho; se ele não disse nada, porque ela está aqui tendo essa conversa comigo?

— E por que você não acreditou nele?

— Porque o meu papai nunca fica daquele jeito, Dite— continuei com a testa enrugada, querendo saber onde isso ia parar. — Ele só fica daquele jeito quando os Lakers ganham dos Clippers.

— O que você que dizer com "daquele jeito"? Que jeito? — ela olha ao redor, como se seu pai pudesse aparecer a qualquer momento, e ele realmente poderia.

— Feliz. Ele estava muito feliz, ele até deixou eu repetir o sorvete, Dite, e ele nunca deixa eu repetir o sorvete! — respirei fundo, passando a mão pelo rosto.

     Você não deveria ter feito aquilo, Afrodite!

— Onde ele está? — ela apontou para a cozinha, sem falar nada. — Vai assistir com o Zach, ok?

Ela correu de volta para a sala enquanto eu andava em passos lentos até a cozinha, encontrando Vinnie mexendo no celular enquanto comia um pedaço de bolo de chocolate.

— Dite... oi — ele sorri sem mostrar os dentes antes de voltar a sua atenção para o celular.

Honestamente, depois das palavras de Hera, eu poderia jurar que ele viria me receber com um beijo e dizer o quanto me ama, mas eu me enganei.

É óbvio que eu me enganei.

— Oi — falei, sem conter o receio e a.. frustração?

— Você tá bem? Parece cansada. — ele comentou, alternando o seu olhar entre eu e seu celular.

— E realmente estou. Não me sinto tão dolorida desde.. — arregalei os olhos ao perceber que quase disse a ele sobre a gravidez. — Não importa.

— Que pena, eu ia te chamar pra sair mais tarde, mas é melhor deixar pra outro dia. — enruguei a testa e ele percebeu. — Pra uma pizzaria, com o Josh. Ele sente saudades suas.

— Eu adoraria, de verdade, mas eu acabei de recusar o mesmo pedido. — ele ri fraco.

— Pode ser amanhã? — ergui a sobrancelha, sabendo que não tenho nenhum compromisso marcado. — Se não der...

— Não, dá sim. A gente se encontra onde? — ele esconde um sorriso.

— Passamos aqui pra te buscar às seis, pode ser? — apenas assenti, querendo sentir logo a água quente nas minhas costas. — Ótimo.

— Ótimo. Tchau, Vinnie. — saí depois de ver seu sorriso sem dentes, indo o mais rápido possível para o banheiro.

Vinte minutos depois eu estava saindo do banheiro, apertando o nó do roupão.

Entrei no quarto apertando a toalha úmida no meu cabelo, até derrubá-la pelo sobressalto que tive. Vinnie estava sentado no meu colchão, olhando para o chão, pensativo.

— Vinnie? O que você.. — num piscar de olhos, ele estava parado na minha frente.

Seus dedos percorreram a lateral do meu rosto, até sentirem o meu cabelo. Eu estava paralisada, mas não podia mais mentir para mim mesma. Eu ansiava por isso.

Depois de poucos segundos, talvez dez, ele fez de nossos lábios um só. Estávamos em perfeita sincronia, e eu não queria pensar nos próximos minutos.

Uma de suas mãos apertou a minha cintura por cima do roupão branco e, quando ele percebeu que eu não me afastaria, sua outra mão empurrou a porta atrás de mim, fechando em um baque.

Nos separei depois de alguns segundos e vi a esperança em seus olhos se diluir quando recuei um passo.

Me virei de costas para ele e passei a chave na porta duas vezes, tendo certeza que ninguém entraria. E então, quando voltei o meu olhar para ele, o seu sorriso tinha aumentado, com um misto de diversão e luxúria.

Dessa vez, suas duas mãos foram encarregadas de me sustentarem no seu colo, enquanto ele andava comigo até a minha cama, sem quebrar o beijo em momento algum.

Aproveitei o momento que ele teve para tirar a camiseta e desamarrei o nó do roupão, estando exatamente do jeito que vim ao mundo.

Ali, com ele, eu me sentia em casa. Finalmente, eu me senti em casa, depois de tanto tempo.

Embora eu não admitisse isso em voz alta, ele sempre foi o meu porto seguro, e eu fui abaixo quando soube do que ele era capaz.

Sempre ouvi que todos merecem uma segunda chance, e eu estava pronta para dar a ele no momento que descobri a gravidez naquele ano, mas então, novamente, eu desmoronei.

Agora, nada me impede de dar essa segunda chance para ele. Somos adultos, responsáveis e sabemos o que fazemos nas nossas vidas.

E, honestamente, eu nunca me vi sem ele.