Start Over ² | Vinnie Hacker ✓

03

Nós nos achamos
Eu te ajudei a sair de um lugar destruído
Você me deu conforto
Mas me apaixonar por você foi meu erro

─── call out my name, the weeknd

Lilith Thoja

As gravações acabaram as seis da tarde, e hoje Charli acordou mais tagarela do que nunca.

— Dite, da um soco nessa menina, eu imploro! — Chas levou um tapa e eu ri.

No fundo ele sabe que Char gosta dele há um tempo, mas a sua paixão por mim cegou ele.

— Topam uma pizza? — os olhei, vendo dois sorrisos famintos.

— É tudo o que eu preciso depois de horas de facas de brinquedo e sangue falso. —Charli diz e Chas ri, concordando.

Um carro estava estacionado na calçada, e por tê-lo visto há poucos dias, eu já sabia de quem era.

— Seu ex gostoso tá aqui? — mostrei o dedo para ela, que ri.

Girei a maçaneta e pude ver Zach e a garotinha – que eu esqueci o nome – brincando no tapete da sala.

— Dite! — Zach correu e me abraçou.

— Por que não tomou banho ainda, porquinho? — fiz cócegas nele. — Todo suado olha, que nojo! — ele mostra língua.

Me aproximei da garotinha, que tinha a calça rosa manchada de marrom. Parece que os dois acabaram de voltar da creche.

— Oi, lindinha. — me abaixei, abraçando ela.

— Oi. — disse, envergonhada. — Eu fiz o meu papai me trazer aqui hoje porque eu queria falar uma coisa séria com você.

Essa garota tem cinco anos ou vinte?

— Sou toda ouvidos. — me sentei no tapete com ela.

— O meu aniversário é segunda-feira que vem, mas a festinha vai ser no domingo, e eu queria que você fosse com o Zachy. — disse baixinho, olhando para o chão.

— Você veio me convidar pessoalmente para a sua festinha? — ela assente, com as bochechas rosadas. — É claro que eu vou, lindinha. — ela sorri e pula em mim, me abraçando.

— Hera, não exagera! —Vincent  repreendeu em tom brincalhão.

Por que eu senti uma vontade enorme de estar mais apresentável? Isso não faz sentido.

— Ela vai na festinha, papai, ela vai! — correu para Vnnie, animada.

Vincent me olhava, provavelmente pedindo desculpas pelo comportamento extremamente fofo de Hera.

— Relaxa, domingo eu não tenho nada para fazer. — ele assente e pega a filha no colo.

Ficamos nos olhando por poucos segundos, até que Zach apareceu para se despedir da amiga.

— Tchau, Dite. — me abraçou novamente.

— Tchau, lindinha. — apertei sua bochecha.

— Papai, vou ir dar tchau pra tia Mónica. — disse e correu antes que recebesse uma resposta.

— Desculpa pela intimação dela, — brincou e eu ri fraco — e obrigada por aceitar ir. Ela fala de você desde que te viu no sábado.

— Sério? Por que?

— O Zach disse muitas coisas de você desde que eles se conheceram, e ela chegava a achar que ele inventava porque ela nunca te viu. Agora você virou meio que um ponto de inspiração pra ela. — mexeu o ombro.

Uau.

     Não pergunte nada inconveniente, Afrodite.

— Você e a Atena estão juntos? — me bati internamente por fazer o contrário do que pensei. — Foi mal, eu não...

— Ela está em Toronto, terminando a faculdade. Não estamos juntos, mas somos amigos. — assenti, envergonhada ao máximo.

— Dite onde você colocou a minha... — Chas entrou na sala e parou de falar ao ver Vinnie. — E aí, cara. — cumprimentou Nathan com um aperto de mão. —  Chase Hudson.

Tem como isso ficar mais vergonhoso?

— Vincent Hacker— retribuiu o aperto e Aphrodite apareceu. — É a minha deixa. Até outro dia. — me olhou antes de sair.

Poderia ter sido pior, admito.

— Onde você colocou a minha camiseta cinza? — franzi o cenho. — Aquela com a arte da Marilyn Monroe.

— Tá no cesto de roupa suja, usei ela no sábado, não lembra? — ele revira os olhos e volta de onde ele saiu.

Ótimo jeito de começar a semana.

[...]

Charli amarrou o cabelo e passou as mãos pelo rosto molhado, voltando a pegar a colher e mergulhar no sorvete.

— Eu espero que o seu choro seja mesmo pelo filme, Charli! — ela ri fraco, voltando a chorar. — Você não pode chorar por homem, Charli D'amelio.

Olha lá, a suja falando da mal lavada.

— É o Chase, não é? — ela assente, se jogando mais na cama. — O que ele fez?

— A questão é o que ele não fez né! — retrucou e eu ri. — Ontem, na cena que a Dulce tem que beijar o Kyle, eu ouvi ele dizendo que seria estranho porque é como beijar a irmãzinha dele!

pesado

— Eu não faço ideia do que dizer pra te ajudar, nunca estive no seu lugar — ela levanta o dedo do meio. — Mas eu sei de uma coisa que você precisa urgentemente!

— Mais sorvete? — revirei os olhos.

— Festa, Charli! Você precisa rebolar essa bunda um pouco, mulher! — ela ri e se levanta.

— Ótima ideia! — disse e eu sorri — No sábado? Você disse que não quer festa mesmo.

— Por mim tudo bem. — mexi os ombros e ela sorri.

Seu sorriso desmancha em segundos, provavelmente porque ela lembrou do motivo de estar chorando.

— Charli, pelo amor de deus! — resmunguei. — Você tem vinte e quatro anos, já passou da idade de chorar por homem!

Ela me olhou, triste.

— Olha, o meu ex namorado me traiu por meses, fez uma filha na amante, e você me vê chorando pelos cantos? — ela cruza os braços.

— É diferente, Dite.

— Eu sei, Charli, o que eu estou tentando te dizer é que homem é tudo idiota, e não vale a pena chorar por nenhum deles! — ela ri. — Por que você não passa aquele negócio verde na cara e vai deitar? As gravações de amanhã são em turnos diferentes e precisamos estar descansadas.

— Você tem razão. — me abraçou. — Obrigada.

— Por nada, gata. — beijei sua testa. — Boa noite.

Amanhã é só quarta-feira, faltando exatamente quatro meses, duas semanas e quatro dias para o fim disso tudo.

Que deus me ajude.