34 - Lee

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- Você tem certeza? - Matt pergunta.

- Tenho sim, quero incentivar a prática de tênis aos jovens e fazer uma academia em São Francisco vai ser ótimo, falei com um arquiteto conhecido do Connor, ele me deu algumas ideias de como fazer. Fazer algo aqui tão perto de onde eu cresci vai significar muito pra mim.

- Então vamos fazer isso Lee, vamos conversar mais quando você chegar... falando nisso quando você volta pra Londres?

Penso um pouco antes de responder, meu jogo em Viena foi um fiasco, perdi na primeira rodada pra um novato, eu estava mal mentalmente, estava arrasando e sofrendo por ter perdido a Grace, voltei para Londres apenas para conversar com Matt, pedi pra ele limpar minha agenda durante um mês e vim pra os Estados Unidos. Passei os primeiros dias com Connor em São Francisco, saindo e bebendo com ele, tentando dissipar a dor de estar longe dela e agora de forma definitiva.

- Eu não sei Matt, só estou aqui há duas semanas, além de eu precisar descansar, se eu voltar pra Londres agora vou querer ir atrás de Grace.

- A imprensa e os canais esportivos estão atrás de saber o que houve com você, estou fazendo o que posso pra abafar mas uma hora você vai ter que se pronunciar.

- Eu sei, só preciso de um tempo.

- Falou com Dimitri? Sabe que esse tempo sem fazer absolutamente nada pode prejudicar seu jogo.

- Falei, ele disse que entende e assim que eu voltar vamos montar juntos meu cronograma de treinamento.

- Então tá... vou indo nessa.

- Espera... - dou um suspiro longo - Você sabe como ela está?

- Joguei pólo com Elliot domingo passado, eu não a vi, mas ele comentou comigo que Grace estava  ainda mais fechada, não queria sair e mal estava falando, mas que agora está começando a se animar mais por causa da amiga Jorja mas ele disse que a Grace gosta muito de você e que está sendo difícil pra ela.

- Ok... Eu preciso desligar Matt. Tchau.

Encerro a chamada de vídeo com o coração apertado, não gosto de saber que Grace está sofrendo e que está triste. Olho pela janela e vejo a grande plantação de uvas do meu pai, a vista é magnífica e eu sempre gostei de voltar pra casa e descansar aqui mas agora me sinto diferente, meu corpo está descansado, me sinto tranquilo aqui mas não me sinto propriamente em casa, minha mente e meu coração estão com ela... com Grace. Dou um longo suspiro, levanto e saio do escritório do meu pai.

Encontro minha mãe preparando o almoço, me aproximo e fico ao lado dela no balcão, ela me passa alguns legumes eu começo a cortar em silêncio. Depois de um tempo ouço sua voz.

- Posso ouvir seus pensamentos daqui e eles são sobre uma linda mulher de cabelos pretos e jeito tímido. - continuo calado e sinto o olhar dela sobre mim - Desculpe filho mas você é bobão por ter deixado a Grace escapar.

- Mãe?! - reclamo olhando pra ela.

- É a verdade e eu sei que você só veio pra cá pra não ter que lidar com o problema... está sendo covarde por não enfrentar essa situação.

- O que quer que eu faça mãe? Grace terminou comigo e com boas razões, eu fui um idiota, não valorizei quando podia e agora eu a perdi. - jogo a faca em um canto e paro de cortar os legumes.

- O que você sente por ela? - ela pergunta e eu dou um suspiro longo.

- Eu a amo, muito, gosto de ficar do lado dela mesmo que em silêncio, ela é tão importante pra mim que até o tênis agora não parece fazer sentido.

- E porquê não diz isso pra ela? - ela pergunta e me olha com um jeito amoroso - Meu filho, você se parece com seu pai quando começamos a namorar, eu sabia que ele me amava mas ele não sabia demonstrar isso com ações e eu precisei dizer e mostrar que um relacionamento a gente constrói no dia a dia mas o amor Lee, o amor está nos detalhes, na atenção, no carinho, está nas pequenas coisas.

- Eu sei...

- Não sabe não filho, se soubesse não teria perdido a Grace. - olho pra ela boquiaberto.

- Mãe! Qual é?

- Só estou falando... Olha, vamos pensar, imagine se a Grace dissesse que te ama mas não fosse a nenhum torneio seu, não desse a mínima pra isso, sendo que o tênis faz parte do que você é desde que era criança?

- Eu iria odiar isso, não ter o apoio dela seria bem ruim. - falo e minha mãe me olha como se eu tivesse acabado de dizer o óbvio.

- Então... com certeza foi isso que a Grace sentiu.

- Merda, eu sou um idiota mesmo.

- Você só precisa começar a pensar sob outras perspectivas, enxergar o ponto de vista dela também, eu sei que é difícil sendo que você está acostumado a pensar sozinho e ver só o seu ponto de vista, é normal, mas precisa se esforçar mais pra fazer dar certo com Grace.

- Obrigado mãe... eu te amo. - dei um abraço nela e ela sorriu.

- Você só meteu os pés pelas mãos e agora tem que voltar pra Londres e reconquistá-la.

- E se ela não me quiser?

- Nesse caso quem perde é ela meu filho, você é maravilhoso e se ela te ama mesmo já deve saber disso.

- A senhora é que é maravilhosa e tem ótimos conselhos.

- Estou treinando pra quando for a vez do Connor, ele precisa de uma mulher de verdade que o faça enxergar como é bom se apaixonar. - ela fala brincando e eu rio - E Connor sendo como é vai fazer bobagem quando isso acontecer.

- Ou pode se sair melhor do que eu. - suponho e ela ri.

- É, talvez... Agora chega de conversa, vamos fazer o almoço.

- Sim senhora.

******************

Alguns dias depois...

Eu ainda estava em Napa, me sentia um pouco melhor mas ainda me sentia incompleto e com saudade de Grace. Vi as fotos que ela tirou com um fotógrafo renomado de Londres, ficaram lindas, olhei tantas vezes que até decorei os detalhes. Meus dias de férias estavam acabando e agora eu teria que retomar a rotinas de treino e torneios mas eu me sentia desestimulado e desanimado. Estou esperando uma chamada de vídeo com Dimitri e Matt para acertamos minha volta na próxima semana quando recebo um alerta de email, era um convite do Rupert. Era um convite para a festa de aniversário dos hóteis dele que completavam trinta e cinco anos.

Leio e releio o convite, apesar de surpreso fiquei contente por ele ter me convidado, penso na minha conversa com minha mãe e saio do escritório, ando até a cozinha e meus pais estão conversando.

- Pai será que o senhor pode preparar um presente especial para Rupert o pai da Grace? - pergunto e os dois me olham curiosos.

- É claro filho. - meu pai responde e sai da cozinha. Minha mãe me olha.

- Está na hora de eu voltar pra casa e concertar as coisas.

- É assim que se fala filho.

Dou um sorriso, finalmente estava na hora de voltar para o meu lar, para a minha Grace.








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