"Imaginamos centenas de coisas antes de reencontrar alguém especial. Basta uma troca de olhares para que todas elas não saiam como o planejado."
Passar pelos fantasmas do medo permitiu que a equipe seguisse em busca de seu principal objetivo: encontrar o Cetro de todos os magos. Contudo, levando em conta os últimos acontecimentos, ninguém decidiu falar por um tempo e o grupo acabou sendo transportado para uma atmosfera um tanto reflexiva. Especialmente Ivy, cuja mente e imaginação não conseguia se desligar da questão que mais lhe incomodava na ocasião: Daise.
- Acha que minha irmã conseguiu passar pelos Yetis? - Perguntou Ivy, despertando Miguel de seus próprios pensamentos. - Ou melhor... acha que ela está aqui?
- Se Daise for tão forte quanto o Hérion, pode ter certeza que esta bem. Mas, sendo bem sincero, acho que chegamos primeiro. Caso contrário, encontraríamos vestígios de luta por toda a parte. Você está preocupada... não é mesmo?
- Estou nervosa! As vezes sinto falta dela e só queria abraçá-la, outras vezes sou tomada por um sentimento estranho. Fico com raiva e uma vontade enorme de seguir com minha vida e deixá-la pra lá.
- Vamos combinar uma coisa? Que tal só deixar acontecer? Quando chegar a hora você vai saber o que fazer, mas até lá é melhor não ficar se torturando com isso.
Normalmente as palavras de Miguel soavam como completos absurdos, mas naquele momento, conseguiram causar um certo conforto em Ivy.
Dez passos à frente e finalmente chegaram em um local aberto: uma espécie de caverna, cujas paredes subiam muitos metros até o teto. Ao redor, outras passagens e corredores que provavelmente levariam a pontos externos diferentes, ou a novos compartimentos secretos escondidos pela montanha.
- Chegamos! - Disse Hérion. - Redobrem a atenção, não queremos ser pegos de surpresa por qualquer outra coisa nesse lugar.
- Lá está o Cetro que procuramos! - Apontou Ítalo para o objeto posto sobre uma mesa de pedra, no centro da caverna.
Com cerca de sessenta centímetros de comprimento, o Cetro era prateado e possuía traços dourados que se cruzavam por diversas vezes em sua haste. Na extremidade de cima havia uma pedra vermelha presa por um suporte de ouro maciço e na outra ponta, um encaixe de dois pinos para se conectar com a segunda metade do artefato.
- Depois de tudo que enfrentamos para chegar até aqui, o Cetro está assim de bandeja? - Questionou Burty desconfiado. - Isso não me cheira bem, está fácil demais...
- Vai ver acharam que ninguém passaria pelos obstáculos que passamos. - Sugeriu Miguel. - Convenhamos, não tem nada de fácil neles.
- Duvido muito garoto! Mas, só tem uma maneira de saber...
Cautelosamente Hérion esticou o braço em direção à mesa. Com o coração batendo mais rápido do que o normal, o caçador estava alerta a qualquer coisa estranha a sua volta. Então um feixe de luz verde irradiou sobre o objeto, fazendo Burty dar alguns passos para trás, ao mesmo tempo em que procurava por Chelly. Lentamente, a figura de uma mulher surgia. Dona de cabelos ruivos até a cintura, olhos castanhos e roupas de couro, além de botas cano longo e luvas escuras, ela os encarava. Ao redor de seu corpo havia uma espécie de aura verde escura e suas duas mãos possuíam uma concentração maior dessa energia. Curiosamente, carregava um bastão com cerca de cinquenta centímetros em suas costas, envolvido por um pano e bem amarrado por finas cordas que passavam por seu ombro, dando a volta nos quadris.
- Afastem-se deste Cetro imediatamente! - Ordenou a ruiva emitindo ainda mais energia.
- Daise? - Disse Ivy passando por entre a equipe, ao passo em que forçava os olhos, como se não acreditasse no que estava vendo. Suas mãos tremiam e seu caminhar se tornava cada vez mais curto e desajeitado. - É você?
- Ivy? Ivy! - Daise correu para um forte e apertado abraço na irmã. - Não acredito! O que está fazendo nesse lugar?
A pequena maga estava tão comovida que sequer conseguiu retribuir o gesto.
- É tão bom te ver depois de tanto tempo, como eu senti saudades! - Continuou Daise, com um enorme sorriso estampado no rosto. - Você está tão linda... tão... incrível!
- Saudades? - Questionou a menina. - Como pode ter saudades de alguém que você abandonou? Me largou em um orfanato e desapareceu... Agora, depois de todos esses anos você chega e diz que sentiu saudades?
- Olha Ivy... Eu jamais quis te deixar naquele lugar. Tomar aquela decisão foi a coisa mais difícil que já tive que fazer, mas fiz para sua própria segurança! Eu não podia deixar acontecer com você a mesma coisa que aconteceu com nossos pais... Não suportaria isso! Não te abandonei Ivy. Quer dizer... Abandonei, mas não do jeito que você pensa. Não é tão simples!
- Você não sabe o que eu penso! - Bradou Ivy furiosa. - Não sabe nada sobre mim! Não fale como se me conhecesse.
Apesar de saber a delicadeza do momento, Ítalo decidiu intervir para alertar as duas sobre os riscos de ficarem parados no meio daquela caverna.
- Eu sei que vocês têm suas diferenças e muito o que conversar, mas precisamos nos apressar e sair logo daqui. Estamos correndo um grande peri...
Antes que o mensageiro pudesse terminar a palavra, seu pescoço foi envolvido pela energia verde que emanava das mãos de Daise. Ela o sufocava, enquanto seu olhar deixava claro que não estava para brincadeiras.
- Nunca mais interrompa minha conversa com a Ivy!
Ítalo chegou a ter seus dois pés retirados do chão, com a força daquele misterioso poder que o erguia pelo pescoço. Não restou outra alternativa ao arauto, a não ser se desfazer na forma de raio e reaparecer ao lado de Daise.
- Compreendo que esteja com raiva, afinal, eu interrompi um momento importante para vocês. - Observou o mensageiro, ajustando seu roupão. - Mas corremos perigo aqui... Vocês podem se entender depois, com mais calma.
- Ele tem razão. - Concordou Ivy - Estamos parados e expostos. Precisamos ir embora antes que alguma coisa dê errado.
Daise concordou e a aura que rodeava seu corpo desapareceu aos poucos, na mesma medida em que ela se tranquilizava com a situação.
- Quem são vocês afinal? E para que querem o Cetro de todos os magos?
- Somos amigos da Ivy. - Respondeu Hérion. - Estamos aqui para reunir forças e lutar contra Hérberus. Acredito que o conheça... Meu nome é Hérion Burty e tenho a outra parte do poder que ele busca, a outra metade do que você recebeu. Então para de encher o saco querendo arrumar briga com todo mundo e colabore, pois estamos do mesmo lado! Se decidir ajudar será bem vinda, caso contrário vê se não atrapalha.
Burty novamente se dirigiu até a mesa de pedra e pegou o Cetro. No instante em que o objeto foi retirado de seu suporte, um barulho estranho surgiu na caverna. O som lembrava o giro de engrenagens e portões de ferro se abrindo.
- Bem que você falou Hérion. - Observou Miguel. - Estava fácil demais!
BINABASA MO ANG
Hérion Burty - O caçador de Lendas
ActionHérion Burty é um caçador mal-humorado e rabugento. Quando estava prestes a mudar de vida, ele se vê em uma situação delicada que envolve não só uma aventura épica, mas muitas respostas sobre seu passado. Como se não bastasse, um mago antigo e poder...