Um salto para o fim

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P.V Naruto

Não sei por quanto tempo fiquei desacordado, mas quando finalmente recobrei a consciência estava sendo carregado por alguém. tentei abrir meus olhos para descobrir quem era o meu "salvador" mas os mesmos estavam inchados demais para cumprir devidamente suas funções. alguns minutos se passam no total silêncio até eu ouvir o estranho batendo em alguma porta, e a mesma abrindo.

— Meu deus! o que aconteceu com ele?! — logo reconheci a voz da enfermeira da escola. — venha, traga-o para dentro, irei cuidar das feridas dele.

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Eu estava sentado em cima de uma maca na ala médica da Anbu, a organização secreta responsável de guiar as almas dos mortos para seu descanso final e de proteger a humanidade dos demônios que invadiam o primeiro plano.

Depois de ser deixado com a enfermeira pelo desconhecido que pediu seu anonimato a idosa, a mulher teve de seguir o protocolo e ligar para o meu responsável, que no caso era kakashi. depois de chegar na escola ele me trouxe de volta para a Anbu dizendo que me levaria á um hospital, mas claro que ele não faria isso. Nós da Anbu nunca íamos ao médico pois nossos corpos eram diferentes e isso poderia ser facilmente descoberto pelos médicos e então todos nós estaríamos em risco.

— Vai me dizer como arrumou tantos machucados? — perguntou Kakashi enquanto limpava um corte em minha testa. gemi de dor com o contato.

— alguns garotos da escola me cercaram no banheiro. — o mais velho olhou pra mim surpreso e então desatou a rir. — Qual a graça? — perguntei com uma carranca. Kakashi secou algumas lágrimas que caiam de seus olhos antes de continuar o que estava fazendo.

— Isso é uma piada né? — perguntou ainda com traços de humor em seu rosto. o olhei sério. — está falando sério? — concordei. — Naruto!

— O que?! - respondi na defensiva. ele parou de limpar meu corte novamente e me encarou. — Qual o problema?

— Qual o problema? Naruto, pelo amor de deus, eu treinei você para lutar contra demônios e espiritos raivosos! eu vi você derrotar vários deles como se não fossem nada! agora você me diz que está todo quebrado por causa de um bando de adolescentes idiotas?

— É — respondi simplista. kakashi me olhou como se eu fosse um louco e continuou fazendo o curativo.

— Porque não lutou com eles dolens fratrem? — suspiro ao ouvir meu apelido em Latim, a língua dos mortos.

— Minha mãe sempre dizia que nosso poder não deveria ser usado contra os seres que juramos proteger.

— isso era porque o filho dela não sofria bullying, se ela estivesse aqui agora iria até a escola e puxaria todos eles pela orelha. — rimos nostálgicos ao lembrar de kushina, aquela mulher ruiva super-protetora e irritadissa.

— Tantas coisas seriam diferentes se ela estivesse aqui. — digo triste.

— Eu sei.

Kakashi terminou de limpar meus cortes em silêncio, fazendo um curativo em cada um e enfaixando meu tronco.

— Naruto. — chamou o mais velho. O encarei. — Quando eles forem partir para uma luta com você, pense no conselho que seu pai lhe daria.

Pisquei várias vezes para afastar as lágrimas que se formavam em meus olhos. Eu quase podia ouvir a voz do meu pai dizendo: "mete a porrada nesses idiotas, filho"

O de cabelos cinza pigarreou para aliviar o clima e se afastou de mim para admirar seu "trabalho" como médico.

— Pronto, novinho em folha. Agora vamos. — disse pegando seu manto de Hokage.

— Vamos pra onde? — perguntei confuso enquanto descia da maca exibindo uma careta de dor.

— Como assim "pra onde"? Tem meia dúzia de goblims verdes demoníacos próximo ao seu colégio. Precisamos extermina-los antes que machuquem alguém. — Resmunguei em protesto.

— Mas eu estou todo acabado! Eu não posso ir até a Tsunade para ela aplicar uma magia de cura em mim? — implorei.

— Óbvio que não. Que isso sirva de treinamento para você: lutar apesar dos ferimentos. Da próxima vez é melhor revidar, se não farei com que lute com um bando de fantasmas vagantes.— Suspirei derrotado. Como sensei Kakashi Hatake era irredutível.

Assim que ele saiu da ala médica pequei meu uniforme e o vesti lentamente, evitando todos os pontos machucados. Após o lento processo coloquei a máscara branca e vermelha habitual e embanhiei minha katana nas costas, indo atrás do mais velho e o encontrando já vestido na saída da grande mansão que fazíamos de quartel general. Pessoas com máscaras e uniformizadas com o habitual cinza andavam por todo o lado, parando para nos cumprimentar de vez enquanto.

— Quer fazer as honras? — perguntou Kakashi.

— Fique a vontade. — respondi sem ânimo. Ele sossurrou algumas palavras na língua dos demônios e logo estávamos sob a proteção de  véu que nos deixava invisíveis aos olhos dos humanos sem quaisquer habilidades sobrenaturais. Os demônios possuíam um véu próprio que faziam as pessoas verem outra coisa, então nunca entenderiam por que tem um monte de gente mascarada correndo atrás do que na visão deles eram provavelmente gatinhos indefesos.

Disparamos pelos telhados das casas assim que tivemos certeza de que o véu estava de fato funcionando e não demorou para encontrarmos o bando, que possuía mais de cinquenta goblins.

A tarde iria ser longa.

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Quando Kakashi e eu finalmente acabamos de exterminar todos os demônios já estava escuro, e o mesmo decidiu passar na anbu para conferir como as coisas ficaram na ausência do líder. Sem mais o véu protetor, me dirigi para o terreno da escola, sentando na beira do prédio mais alto dali. Meus pés balançavam na beira e o vento açoitava meus cabelos loiros, me dando a sensação de estar voando.

Voar. Os pássaros voam. Eles são livres e vão para onde quiserem. Parecem tão leves consigo mesmos, tão inocentes e felizes com suas vidas curtas e frágeis. As vezes queria ser um pássaro e voar para longe de mim, de meus problemas, de meu sofrimento. Queria voar para um lugar bem ensolarado onde sempre fosse verão, onde cheirasse a praia e dias felizes que jamais voltarão. Olhei para a meia lua que pairava no céu, amaldiçoando ela por aparecer todas as noites, pois é somente durante ela, durante a escuridão, em que paro e percebo o quanto estou vazio, o quanto estou machucado e quebrado e o quanto me perdi. É durante suas aparições que choro por um futuro que  nunca vou ter, que lamento meus terríveis erros, que me pergunto qual será minha punição por eles.

Me levantei rapidamente, ignorando as pequenas pontadas de dor de meus machucados que já começavam a cicatrizar. O vento continuava a açoitar minhas roupas e me inclinei na beirada do prédio com os braços abertos e olhos fechados. Quase podia me imaginar voando para longe, para um lugar onde eu não me lembre de nada do que aconteceu, um lugar onde esse dom não seja meu. Inspirei fundo e olhei para a queda que me aguardava caso pule. Parecia tão convidativo.

"Voe pequeno pássaro", o vento pareceu sussurrar. "Venha meu menino", a morte pareceu chamar.

Um passo.

Meu coração bateu mais rápido em antecipação.

Um pé no ar.

Minha mente se senteu em paz pela primeira vez em muitos anos.

Uma lágrima de alegria desce.

Um sorriso aliviado sobe.

1, 2, 3.....


— NÃO!!!!


Ghost - SasunaruWhere stories live. Discover now