Capítulo 4

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Percy estava sentado em um dos bancos à luz da fogueira. Alguns filhos de Apolo e Afrodite encontraram alguns instrumentos e tocavam e cantavam alto. Já era bem tarde e ele se sentia sonolento. Observava um ou outro campista que se balançava ao som da música.

Ele viu Annabeth se aproximar de onde estava e abriu espaço no banco, onde ela se sentou.

— Sabe, você parece bem idiota parado aí. Devia chamar alguém para dançar.

Percy sorriu, lembrando de uma conversa bem parecida que tiveram alguns anos atrás.

— É, acho que você tem razão. Quem eu deveria convidar?

Annabeth lhe deu uma cotovelada nas costelas.

— Eu, Cabeça-de-alga. Você deveria ME convidar para dançar. Eu não mordo, sabia?

controversas.

Eles estendeu a mão para ajudá-la a se levantar e eles foram se juntar ao grupo de dançarinos.

                    ***

No dia seguinte Annabeth encontou-se com Percy perto da fogueira. Ela iria levá-lo para conhecer o Acampamento. Quíron tinha conversado com os campistas no café da manhã. Ele disse "Percy deveria ser deixado em paz para se readaptar" e "que eles poderiam fazer perguntas mais tarde, depois do jantar", assim, eles pareciam estar sempre em qualquer lugar menos onde Percy e Annabeth estavam no momento. Ainda assim, algumas pessoas vieram se apresentar a ele: Grover, Connor e Travis Stoll (a quem aparentemente estava devendo dez dólares... suspeito), Chris e Clarisse. Percy tinha uma leve impressão de familiaridade com eles, especialmente com Grover, mas era só isso, como se estivesse vendo por um vidro embaçado: era possível ver uma forma, mas não dá pra ter certeza do era.

O "passeio" em geral foi rápido. Percy não falou muito, preferiu ficar ouvindo Annabeth falar sobre a história do Acampamento e a arquitetura do lugar e tentou não fazer muitas perguntas.

O último lugar que ela lhe mostrou foi o lago de canoagem. Annabeth parou de falar assim que chegaram lá. Percy se perguntou se tinha dito algo errado até perceber que ela olhava para a água. Durou apenas um segundo, antes dela piscar e concluir o que estava falando.

— Bom, é só isso que tem pra ver. Alguma pergunta?

— Muitas, na verdade — Ele sorriu.

— Claro que tem — Ela sorriu de volta.

Ele demorou pra responder, não sabia como começar o que queria dizer. " Eu não esqueci de você". Percy respirou fundo antes soltar tudo de uma vez.

— Eu me lembro de você. —
o sorriso de Annabeth lentamente desapareceu. Ele continuou mesmo assim, olhando para o chão agora.
— Quando eu acordei na Casa dos Lobos eu só lembrava de você... do seu rosto, pra ser mais específico... e... do seu nome. Eu não sei... Eu não sei quão próximos nós somos mas... achei que seria importante... pra você.

Annabeth enterrou as unhas nas palmas da mão e virou o rosto. Pela primeira vez em muito tempo ela estava sem palavras. Abriu a boca para dizer absolutamente nada e a fechou de novo.

— Obrigada...

A voz dela saiu arrastada como se não fosse isso que queria dizer. Percy assentiu e se aproximou um passo. Era um lago bonito. O Acampamento era bem diferente do Acampamento Júpiter, ele gostava mais daqui.

— Imagino que Quíron vá nos chamar a qualquer momento agora. — Annabeth murmurou depois de muito tempo em silêncio. Ele se virou em sua direção. — Ele provavelmente vai querer uma reunião com todos os conselheiros para "discutir a missão".

— Missão?

— A profecia dos sete. Um pouco antes de você desaparecer, a nosso oráculo fez uma profecia. "Sete semideuses atenderão ao chamado, em tempestade ou fogo o mundo terá acabado..". Eu tenho quase certeza que você é um deles. Leo, Piper e Jason também, eles chegaram logo que você sumiu, não lembravam de nada.

A profecia dos sete? O começo parecia muito com aquela que Octavian, vulgo pentelho seboso, tinha no chão do templo... até que ocorreu a Percy:

— Jason? Jason do outro acampamento? — Percy franziu as sobrancelhas. Jurava que ele tinha morrido. Pensando melhor agora ele estar aqui fazia bem mais sentido. Ou menos, depende do ponto de vista.

— Isso. Jason Grace, do Acampamento Júpiter.

— Eu posso ir nessa reunião também? Ou é exclusiva para conselheiros?

— Tecnicamente, você ainda é conselheiro do chalé 3, Cabeça-de-alga. Não É como se tivesse muitos candidatos.

Annabeth não disse "conselheiro" como se fosse alguma coisa especial. Até porque ele parecia ser o único filho de Poseidon por ali. Mesmo assim Percy aceitou isso como um cargo de grande responsabilidade.

— Vem, ainda dá tempo de eu te mostrar a lojinha. Vamos pegar algumas coisas pra você.

Ela enfiou as mãos nos bolsos de trás antes de virar e continuar andando. Percy a seguiu.

                    ***

Percy e Annabeth corriam pelas ruas de Paris. Eles nunca se imaginaram ali. Paris. Ainda assim era onde estavam, com o vento frio congelando suas orelhas, o vestido verde de Annabeth brilhava no escuro. Ela estava linda!

As lojas passavam voando, livrarias e cafés e padarias que cheiravam a farinha e açúcar mesmo durante a noite. O som das suas risadas abafadas e seus pés contra o concreto eram as únicas coisas que se podia ouvir na pequena rua rente ao rio.

Eles se sentiam bem e livres e naquela noite a cidade-luz era deles, apenas deles, até que o Sol aparecesse no horizonte.

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