8. Nada como um jantar viking e um sutiã de metal

151 25 87
                                    




Nada como um jantar viking
e um sutiã de metal





A EXPERIÊNCIA PÓS-MORTE ESTAVA sendo nenhum pouquinho acolhedora ou gentil comigo. Eu me perguntava internamente o que teria feito se não tivesse deixado Carlos e Júlia irem naquele maldito recital. Talvez eles estivessem bem e seguros e eu não estivesse praticamente morta. Ainda tinha um pequeno fio de esperança que isso tudo não passasse de um engano, um mal entendido, um sonho bem louco ou apenas um surto coletivo que tive ao me embebedar demais na casa dos gêmeos. Ou só estar sob efeito de drogas pesadas.

Pois só algo do gênero poderia explicar esse circo que minha vida se transformou.

Mas, infelizmente, tinha me beliscado diversas vezes e até mesmo me dado um tapa na cara, quando dei a desculpa esfarrapada para Sam que precisava ir ao banheiro para poder fazer isso e surtar sozinha, entretanto, não importasse quantas inúmeras dores provocava em mim mesma, eu sempre que abria os olhos estava nessa merda de hotel. Ok, ele não é uma merda, mas vocês entenderam meu desespero.

Puxei meus cabelos e novamente voltei a morder minha bochecha sentindo o gosto de sangue novamente preencher minha boca.

Seria muito dramático da minha parte dizer que Sam teve que literalmente me arrastar pelo braço para fora do meu banheiro? Porque eu tinha dito a ela que não sairia dali, claro que ela me ameaçou, mas eu ignorei sua ameaça porque estava literalmente surtando. Acho que só naquele momento foi em que minha ficha caiu e tomei consciência da algazarra que estava acontecendo. EU MORRI. EU TO MORTA. E MEU PAI É UM GIGANTE DE FOGO CHIFRUDO DE MERDA.

Ok. É nesse momento em que quando se vê algo assim, você começa a ligar para o centro psiquiátrico mais próximo e implora para eles trazerem uma camisa de força. Sério. Estou literalmente surtando internamente.

Mas como ainda não estava tão louca, no meio do meu desespero ao ser arrastada brutalmente pelo braço de Sam, percebi que ainda estava completamente descalça. Isso era ruim. Então no meu curto momento de lucidez de patricinha agarrei uma pantufa cor de rosa qualquer antes de ser arremessada novamente contra a dura parede do corredor, com o jeitinho delicado daquela ogra.

Fechei os olhos com força e mordi meu lábio interior, pela súbita dor que senti nas costas e na parte detrás da minha cabeça.

— Adorei a maneira com que hotel trata seus hospedes, sabe, eles deveriam ter mais ogras como você para o bom funcionamento. — Digo sem remorso e com plena consciência de que estou brincando com fogo.

Ah, mas meu pai é um gigante de fogo, então certamente não posso me queimar.

Sam fecha a porta do meu quarto com força o suficiente para fazer as decorações das paredes do corredor tremessem e ameaçassem a cair. Mas por um milagre elas não caem e a valquíria me fuzila com o olhar e sua mão vai em direção ao machado em seu cinto, de uma maneira ameaçadora.

— Do que você me chamou?

— Então além de ser uma ogra é surda, por acaso?! — Respondo já não conseguindo mais controlar meu temperamento.

Eu ainda estava em meu modo surtada, mas agora ele estava sendo substituído pela minha versão full pistola. Já estava farta desse circo. Era coisa demais para processar de uma só vez e aquela ogra na minha frente não estava me ajudando nenhum pouco, na verdade, tudo isso estava me tirando do sério. Queria apenas gritar e mandar tudo e todos para a puta que pariu.

Por um momento me recordo sobre as valquírias e sobre o que li em relação a elas no passado, as valquírias, na verdade, são , deidades femininas menores que serviam sob as ordens de Freya. O seu propósito era eleger os mais heróicos guerreiros mortos em batalha e conduzi-los ao salão dos mortos, , regido por Odin, onde se convertiriam em einherjar. Algo que soube a pouco tempo que havia me tornado uma.

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Onde as histórias ganham vida. Descobre agora