5. Meu pai é o próprio Satanás de terno.

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Meu pai é o próprio Satanás de terno.





GERALMENTE QUANDO AS pessoas estão diante de uma cena de um crime como assassinato, elas começam a se desesperar ou até mesmo ligar para a policia, mas nunca, nunca mesmo elas parecem calmas e dizem tranquilamente que são seus parentes ou pior ainda: o pai de merda que você nunca conheceu.

Ok, reconheço que minha semana foi mais agitada do que o de costume e ainda mais bizarra por causa de uma espada nórdica. Mas isso não era motivo para enlouquecer, certo? Errado.

— Como? — Sim, essa é a única palavra que consigo pronunciar depois de tal informação.

O cadáver de Phil estava logo atrás de mim, mergulhado em uma poça gigantesca de sangue vermelho e a arma do crime estava jogada no chão bem perto dele. Se aquele homem diante de mim fosse da policia, eu já estaria incriminada, condenada a prisão perpetua e ainda sendo despachada para o Brasil para cumprir pena. Mas algo dentro de mim dizia que aquele homem não fazia parte da policia ou FBI, não. Ele era outra coisa. Seus olhos brilhavam como anéis flamejantes, mas encaravam o corpo sem vida de Phil numa frieza que até mesmo me provocava arrepios.

Se ele fosse um agente de segurança, ele teria já me dado voz de prisão ou feito um escândalo por eu, uma jovem de dezessete anos, ter matado um cara. E além do mais, aquele cara não parecia ser qualquer, diria e arriscaria dizer que ele poderia ser o próprio consultor de moda do diabo, pois só de olhar nos olhos dele eu via chamas e rios quente de lava como se estivesse no próprio inferno.

— Você realmente se parece com a sua mãe quando jovem... — O homem diz e franzo o cenho quando o ouço mencionar minha mãe. — É inegável não reconhecer o esforço que Larissa fez para manter você escondida e longe de mim. Mas uma pena que os esforços dela foram em vão.

— O que você sabe sobre minha mãe? — Pergunto entredentes não gostando nenhum pouco da forma como aquele cara falava dela. Como se realmente a conhecesse, pois se isso fosse verdade, minha mãe teria me falado sobre um cara que parece o satanás de terno. Ou pelo menos era o que acreditava.

Acho que o rumor é verdadeiro. O diabo parecia mesmo vestir Prada, pois o terno que aquele homem usava era não só o da marca, como também era o mais caro entre eles. O reconhecia de uma foto em uma revista de moda cara que tinha roubado de um dos casarões dos ricaços em Bel Air.

— O suficiente para você saber que é minha filha. — Ele parecia insistir nesse negócio de querermos brincar de casinha doentia, onde ele era o pai e eu a filha. Mas isso não iria funcionar comigo.

Sua filha? — Questiono atônica, o encarando de cima a baixo. Não tínhamos nada em comum ou tampouco parecidos, talvez fossemos um pouco parecidos no quesito altura, mesmo que ele fosse incrivelmente e assustadoramente mais alto do que eu. — Conta outra. Eu acho que me lembraria se meu pai fosse o próprio satanás de terno.

Algo dentro de mim se revirou, fazendo meu corpo ficar completamente em alerta, como se um perigo iminente fosse surgir do nada e era para eu estar pronta quando isso fosse acontecer. Mas, devo admitir que duas partes minha estavam lutando entre si mesmas, uma que era a voz da razão; dizia que aquele cara era maluco e a outra voz que era da intuição dizia que deveria acreditar nele, porque ele era mesmo o meu pai.

Subitamente a imagem da noite anterior, onde eu segurava a espada e tive uma visão desse mesmo cara, me veio à minha mente, ao mesmo tempo em que a palma da minha mão direita — a que tinha descoberto a tal runa viking desenhada ali mais cedo —, começou a arder e a esquentar, não de uma forma dolorosa, mas sim de uma forma confortável, talvez?

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Onde as histórias ganham vida. Descobre agora