Capítulo 10

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♪"Eu disse "bailamos" E nós dançamos"♪

Eu e Lídia andávamos lado a lado admirando o sol que se punha no horizonte, enquanto, mais à frente de nós, Miguel andava brincando com seu aviãozinho de papel.

— E você o conheceu? – Ela perguntou depois de eu ter dito sobre minha mãe, e meu pai.

— Sim... Ele mora aqui em Henrietta desde sempre então não é difícil o encontrar por aí. Mas nunca tivemos um relacionamento paterno e ele nunca quis se envolver.

— Deve ter sido difícil para você.

— Um pouco. – Respondi. – Mas minha mãe é tudo pra mim, e me criou da melhor maneira. Nunca precisei de um pai, de verdade.

— Espero que Miguel também não precise de um. – Ela desejou, parecendo perdida em seus pensamentos e eu segurei sua mão mais forte.

— Ele não vai. – Assegurei para ela.

— Mas enfim... – Ela abriu um sorriu. – Aonde estamos indo?

— Bom... Você já conheceu minha humilde residência. Então pensei em irmos em outro lugar, que faz parte da minha vida também.

Ela sorriu de lado, mostrando suas covinhas que me deixavam hipnotizado. Envolvi meu braço sobre seus ombros, a puxando com delicadeza para mais perto e continuamos nossa caminhada.

***

Milena abriu o portão da casa de Diego e quando seus olhos caíram sobre Lídia, ela abriu a boca, surpresa, mas logo essa emoção deu espaço para o que parecia felicidade.

— Você a encontrou! – Milena exclamou com um sorriso puxando Lídia para um abraço. Eu esperava que ela não tivesse achado Milena uma completa maluca, mas bem...talvez ela fosse um pouco mesmo. – Você é linda.

— Você que é! Meu Deus, olha esse cabelo! – Lídia dirigiu sua voz para Milena e sorri, pensando que as duas iriam se dar muito bem.

— E quem é esse garotinho fofinho? – Milena abaixou-se para ficar da altura de Miguel. O jeito com que ela falou, fez com que o menino desse lindas risadinhas.

— Esse é o Miguel, meu sobrinho. – Lídia respondeu.

— Eu sou a Milena, Miguel. – Ela o cumprimentou. – Vamos, entrem. – Milena disse para nós, se levantando e adentrando o local.

Diego estava sentado em seu sofá jogando videogames e ao seu lado estavam Danilo e Giovanni. Sorri ao perceber que todos estavam ali, deixando com que algo parecido com paz e felicidade adentrassem meu peito.

— Lídia! – Giovanni se levantou do sofá, a cumprimentando com um abraço. – Vejo que vocês já se conheceram.

— Na verdade... – Ela começou. – Meio que a gente já se conhecia.

— Da festa. Só não sabíamos o nome um do outro. – Continuei.

— Sobre isso. – Milena chegou segurando seu gato malhado no colo. – Nós até homenageamos o Luca nesse gatinho. Ele se chama Romeu. – Ela contou e eu coloquei a mão sobre meu rosto, em vergonha e descontentamento.

— Me desculpa. Eu contei para a Milena e o Diego sobre... basicamente...tudo.

— Relaxa. – Ela riu. – Eu contei para minhas amigas também.

— Eu acho que a história de vocês parece uma novela. – Diego se manifestou.

— Ou um filme. – Foi a vez de Danilo dizer.

— Uma música.

— Ou um livro.

— Está bem, chega. – Disse entre risadas.

Nos sentamos e passamos boas horas conversando de maneira leve e descontraída e assistindo Danilo fracassar miseravelmente no videogame.

Milena e Diego brincavam com Miguel e era encantador ver como eles tinham uma espécie de sincronia entre eles e um dom com crianças. Pensei que se um dia os dois quisessem e tivessem filhos, eles seriam simplesmente ótimos, e sorte quem tivesse a maluca da Milena e o idiota do Diego como seus pais.

Ouvimos também Danilo falar sobre as bonitas mulheres que apareciam no pub e Giovanni o repreender a cada cinco segundos por isso.

E claro, Lídia. Ela disse de maneira feliz e orgulhosa sobre o projeto que estava participando no Sol De Verão, que incentivava os jovens por meio da dança. Ela falava daquilo com tanta paixão como quando falou sobre as estrelas, e a única coisa que pensei foi que ela era perfeita. De um jeito imperfeito, mas perfeita. Ela era ela, e nada poderia tirar aquilo dela. Nem seus problemas, nem suas tristezas, nem ninguém impediria ela de ser ela mesma, eu via aquilo só pelo jeito com que dizia, com que brincava.

Lídia era ousada, era forte, era como um enigma que eu nunca iria desvendar por completo, e nem precisava. Eu a achei, no final das contas, e sabia que não existiria outro momento que eu pudesse a encontrar, nem antes, e nem depois. Porque de uma forma bem louca, eu sabia que tudo tinha acontecido no seu devido tempo.

Quando a noite tinha caído e Miguel dormia como um anjo no sofá, e os garotos ainda conversavam na cozinha, eu segurei a mão de Lídia e saímos para fora do portão, vendo como a cidade ficava bonita a noite.

— As estrelas estão bonitas hoje. – Comentei e a vi levantar o olhar para cima, abrindo um sorriso.

— Você tem razão.

— Você tem um sorriso bonito.

— Você tem olhos muito atentos. – Ela disse e eu ri.

Ficamos alguns instantes em silêncio olhando para a rua.

— O que será de nós daqui para frente? – Perguntei.

— Eu não sei. – Ela disse olhando o nada. – Mas uma coisa eu sei. – Ela se virou para mim, envolvendo seus braços em meu pescoço e eu envolvendo os meus em sua cintura. – Nós não vamos ter um final dramático e triste como Romeu e Julita, afinal, não somos eles. – Ela olhou em meus olhos. – Somos Lídia e Luca. – Eu sorri.

— Luca e Lídia?

— Lídia e Luca.

— Lídia e Luca então. – Eu concordei fazendo com que ela risse. Isso era algo que eu amava sobre estar com ela, que a todo momento estávamos rindo e sorrindo um para o outro.

Então sentimos pingos de água caírem sobre nós e olhamos em volta vendo a chuva que começara.

— Deveríamos entrar? – Questionei.

— Ah não. Sempre quis dançar na chuva.

— Então, senhorita, me concederia uma dança?

— Com todo o prazer.

E assim ficamos, dançando sobre a calçada, na chuva, rindo e nos beijando com magníficas estrelas acima de nós. Não sabíamos como seria o amanhã, mas naquele momento, a única coisa que importava era a dança, e deixamos que a dança nos levasse.  

Romeu Por Uma Noite ✔Where stories live. Discover now