Capítulo 7

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♪"Dançando quero tentar,
Mas meu coração sabe esperar"♪

A rua até a casa da minha mãe era calma, diferente de quase todo o resto da cidade que era movimentação para lá e para cá. As cores faziam um degradê no céu devido ao sol que se punha no horizonte, e as silhuetas dos prédios eram um cenário bonito e familiar. Enquanto andava, uma brisa leve passava e bagunçava meus cabelos.

Peguei o celular em meu bolso e procurei pelo número de Giovanni até encontrá-lo. Eu estava hesitante, mas eu sabia que tinha que parar de procurar por Julieta. Eu não iria encontrá-la. Ainda assim, havia um pingo de esperança em mim que me dizia que talvez ela estivesse me procurando, e talvez ela, diferente de mim, não desistisse dessa busca.

Mas eu não podia mais, queria, mas não podia. Estava procurando por uma agulha num palheiro e esquecendo que eu tinha outras coisas para fazer, outras coisas para pensar, e outras pessoas para conhecer. Então eu cliquei no contato dele e liguei.

Oi, Luca, como vai?

— 'Tô bem, cara... É... Você tinha falado sobre uma menina chamada...

A Lídia?

— É... Teria como você me apresentar a ela?

Claro! Você vai gostar muito dela, Luca! Ela é bonita, batalhadora, engraçada. Ela vai ir ao evento gastronômico, semana que vem, você vai, não é?

— Vou.

Então está combinado. Vou falar com ela hoje... – Houve um silêncio entre nós por alguns segundos. – Luca, posso te fazer uma pergunta? – Ele perguntou e eu concordei, esperando que ele continuasse. — O que te fez mudar de ideia?

— A Milena. Ela me fez abrir os olhos, como sempre. – Acabei soltando uma risada curta.

A Milena cuida de tomo mundo, não é? – Ouvi o som abafado de sua risada do outro lado da linha.

— É, ela cuida. Até o evento gastronômico, então. Tchau, Giovanni.

Até. – Ele desligou e eu voltei a prestar atenção nas ruas, com a mente sentindo-se mais confusa do que antes.

***

Minha mãe estava radiante em seu vestido amarelo de girassóis. Andava de um lado para o outro conversando com os convidados e servindo eles com seu famoso arroz com vinagrete.

Tio Pedro estava tomando conta do churrasco. Eu, desde pirralho, sempre gostei de me sentar ao lado dele apenas para o ouvir contar suas piadas. Quando pequeno, passei muito tempo em sua casa, brincando com Milena e Maya, e nesses tempos, ele havia me dado lições que eu guardava comigo desde aquela época.

Maya também estava ali, com suas roupas caras e seu jeito mimado. Eu sempre fui mais chegado na Milena do que nela, mas sabia que do jeitinho dela, Maya me amava, e eu a amava também.

Desviei o olhar de Maya para ver Milena bebendo um refrigerante, sentada em uma das cadeiras brancas de plástico que haviam por ali.

Milena era dois anos mais velha que eu, e passamos grande parte da nossa infância e adolescência juntos. Quando ela não estava na minha casa, eu estava na dela. Lembro-me de quando íamos brincar no quintal de pique-esconde ou de outras brincadeiras.

Uma vez nós brincamos de super-heróis, Milena era a Mulher Maravilha e eu era o Flash. Quando eu fui correr, acabei escorregando na grama molhada e caindo em cheio no chão, foi quando eu quebrei minha perna. Milena fez um lindo desenho do Flash no meu gesso. Fiquei muito feliz e mostrei para todo mundo o desenho.

— Oi, Milena... – A cumprimentei hesitante.

— Oi, Luca.

— Nós estamos bem agora? – Perguntei e ela assentiu, me fazendo sorrir.

— Me desculpa se fui chata com você, mas não vou te pedir desculpas por ter te falado o que todos já deveriam ter dito.

— Eu não estou pedindo para você se desculpar. – Contei me sentando numa cadeira próxima e ela me olhou. – Você tinha razão. E pode deixar que eu prometo não faltar mais nem me atrasar na faculdade. Vou tentar crescer, como você mesma disse.

— Fiquei sabendo que você vai ser o fotografo do evento. – Ela mudou de assunto, formando um sorriso.

— A ficha não caiu até agora.

— Ah, fica tranquilo. Você vai se sair bem.

— Assim espero.

Ouvimos o som do sapato-alto batendo no chão e viramos nossa atenção para Maya que se aproximou de nós, sentando-se em uma das cadeiras com um sorriso típico em seu rosto.

— Como vai o meu primo menos favorito e minha irmã chatinha? – Ela provocou e eu e Milena fizemos um sorriso irônico.

— Oi, Maya, estou pensando em enviar uns gatos para sua casa para ver se sua alergia é mesmo verdade. – Provoquei de volta.

— Sempre gostei desse seu senso de humor, Luca. – Ela ironizou.

— Maya, não tem nenhum lugar para ir hoje? Além de ter que te aturar lá em casa eu tenho que te aturar aqui também? – Milena entrou nas provocações.

— Acontece que sua mãe... – Maya apontou para mim. –... Não parava de dizer que todo mundo deveria estar aqui e essas coisas. E Milena, – Ela virou-se para a irmã. – Você mora mais na casa daquele seu namorado do que na nossa, então não tem nada o que reclamar.

— Você veio aqui não foi porque minha mãe disse para vir não, Maya. Você veio porque estava com saudades do seu primo favorito. – Fiz questão de dar ênfase no favorito.

— Vai sonhando, Luquinhas.

E ficamos, nós três, naquelas provocações por um longo tempo, até o dia dar lugar a noite e Maya se levantar para conversar com outras pessoas.

Peguei duas latinhas de cerveja, e uma ofereci a Milena. A minha eu abri e comecei a tomar. Milena levou a bebida dela a boca enquanto balbuciava algo sobre as estrelas estarem bonitas naquela noite, então encarei o céu, admirando toda aquela grandiosidade, e pensei se em algum lugar, ela também estaria.  

🌇🌇🌇

Capítulo um pouquinho menor, mas espero que tenham gostado. Me digam aí a opinião de vocês sobre o capítulo.

Obrigada pela leitura.
Nos vemos no próximo!

Romeu Por Uma Noite ✔Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum