16°.

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Murilo e eu ficamos escondidos no banco de trás até Ace sair pelo portão. Então paramos o carro e trocamos de lugar, Pedro fica atrás com o Murilo, já dei os remédios pra ele e troquei e limpei o curativo após conferir os pontos, agora ele já está adormecido ao lado do meu irmão no banco de trás. Ace ainda não soltou uma palavra depois que saímos, segue dirigindo em silêncio.

— Você sabe para onde estamos indo, certo? — Pergunto o olhando, ele nada responde. Olho para o meu irmão que já está dormindo junto com o Pedro. — Está bravinho, é? — Sorrio voltando a atenção ao Ace. — Eu te irritei e agora está me dando um gelo, isso sim é muito maduro. — Reviro os olhos. — Mas eu posso muito bem falar por nós dois, não se preocupe.

— Estamos indo para a prisão que seu pai está, não queria ir pra lá? — Fala pela primeira vez, o tom grosseiro não me intimida.

— Não, na verdade primeiro vamos para a minha casa deixar o Pedro e o Murilo — decido. — Pedro pode descansar e eu não quero que meu irmão vá comigo ver nosso pai, ele não precisa disso. — Vejo os nós dos dedos do Ace ficarem brancos com a força que ele aperta o volante. — Não gosta de receber ordens, né? Eu também detesto. — Sorrio. — Nós moramos no Leblon, você deve saber o caminho, certo? — Ace faz uma curva quando entramos na cidade, mudando a rota em direção ao centro. — Vou entender isso como um sim.

Ligo o rádio do carro e deixo uma música tocando bem baixinho.

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— Você pode usar o quarto do papai, é o melhor da casa — falo apontando, Pedro assente e o Murilo o leva pra lá, depois retorna.

— O que vamos fazer agora? — Pergunta desviando os olhos para o Ace parado na entrada de casa. — Você vai sozinha com ele? — Sussurra.

— Não se preocupa, maninho, eu sei me cuidar. Só toma cuidado também, tá legal? Dá esses remédios daqui uma hora para o Pedro. — Entrego duas caixinhas a ele. — Nós já voltamos. — Murilo assente e me abraça, eu deixo um beijo no seu rosto e saio com o Ace atrás de mim. Entramos no carro e ele acelera pra fora do condomínio. — Agora pode me xingar o quanto quiser, vai, pode desabafar — falo incomodada com seu silêncio. — É sério, não vou fazer nada, só ficar calada ouvindo.

— Cala a boca — rosna.

— Você parece um bicho do mato, sabia? Quando tá puto então, nem se fala. Parece rosnar feito um. — Balanço a cabeça, ele me encara com a expressão fechada. — Até seu olhar muda, precisa ver. Na verdade acho um pouco engraçado até, mas também é muito intimidador. Não funciona comigo, é claro, mas não custa tentar, né? — Sorrio pra ele que volta a atenção para as ruas movimentadas. — Você sabe onde meu pai está, Alexandre? Porque até agora ninguém me confirmou saber disso, julgo que está me levando pra lá, mas vai saber. Talvez esteja só procurando um lugar pra desovar meu corpo, afinal, ainda estou valendo muito para o Paccino, né? Mas se for isso você não deixaria meu corpo em qualquer lugar, não teria sentido...

— Não vou te entregar ao Paccino e nem te matar, Camila. — Bufa. — Nós temos um acordo, não é? Apesar da vontade que estou de fazer o contrário, não vou voltar atrás com minha palavra — garante.

— Você é um mercenário de palavra, certo? — Levanto as sobrancelhas, seus olhos caem em mim.

— É isso que sou — afirma.

— Desculpa ter te ameaçado ontem, mas eu precisava fazer alguma coisa pra você me tirar de lá. Sozinha eu não conseguiria passar pela minha irmã. Eu não iria mentir pra ninguém, ainda mais sobre um assunto tão pesado. Você não fez nada comigo contra minha vontade, nenhuma das duas vezes — afirmo.

Seduzindo a Fera - Livro 1 dos Selvagens.Where stories live. Discover now