3°.

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Vejo o dia virar noite e o cansaço vai me consumindo, acabo adormecendo. Mas não demoro para acordar ao ouvir barulhos, o homem que me trouxe está parado na minha frente com mais dois caras.

— O que vão fazer? — Pergunto assustada. Eles se aproximam e me puxam. — Para! Me solta! — Amarram um pano nos meus pulsos, outro nos meus olhos e o último na minha boca me calando. Sou carregada por vários lugares, escuto várias vozes e tropeço em tudo até que me jogam num chão e amarram minhas mãos em outro lugar me mantendo presa.

Consigo ouvir a conversa deles, mas não entendo por estar longe. O cansaço acaba sendo mais forte e eu apago.

°

Sinto um calor no meu rosto e vou despertando sentindo o mormaço do dia, sinal que já amanheceu.

— Tem alguém aí? Ou! Estou morrendo de sede! Se tiveram todo esse trabalho de me sequestrar, com certeza tem algum propósito. Então não me deixem morrer de sede!

— Alguém da essa maldita água para aquele vagabunda de uma vez! Não aguento mais ouvir seus berros! — Ouço alguém gritando e meu corpo todo treme de medo, logo alguém segura meu rosto com brutalidade e coloca uma garrafinha de água na minha boca, bebo até não ter mais nada. Então a pessoa coloca a mordaça de volta e escuto os paços saindo até a porta ser fechada. Agora não consigo gritar mais nada, só resmungar pelo pano na boca.

°

As vozes vão se alterando e eu consigo entender um pouco do que dizem.

— Quero a prova de que ela está viva — um homem fala.

— A grana primeiro — o outro responde, esse eu reconheço como sendo o mesmo que ordenou que me dessem água mais cedo.

Não consigo escutar direito o que falam a seguir, mas identifico quando abrem a porta do lugar que estou, continuo parada com o coração disparado e a respiração desregulada.

Não sei que merda tá acontecendo, mas tô assustada pra caralho.

Eles fecham a porta e não demora muito para eu começar a ouvir barulhos altos de coisas quebrando, armas sendo disparadas e pessoas gritando. É simplesmente um horror. Gritos de dor, sons das armas, coisas sendo quebradas e batendo umas nas outras. Mesmo estando dentro desse lugar, consigo identificar que as pessoas estão lutando entre si, ou com outras pessoas, não sei. Mas é um briga.

Quando tudo finalmente se silencia, meu coração vai a mil. A porta abre e eu consigo ouvir os paços até tirarem a venda dos meus olhos, a claridade me faz fechá-los de imediato, mas os abro o mais rápido que consigo e vejo um homem diferente dos que eu vi até então. Ele é branco, levemente bronzeado, e tem uma barba cobrindo parte do rosto. Sua expressão não é nada amigável, mas mesmo assim dá pra ver o quão bonito ele é. Os olhos parecem meio esverdeados, mas não consigo ver por muito tempo, já que ele logo os abaixa enquanto me solta das amarras. Sua boca é bem desenhada e carnuda, coisa difícil de encontrar num homem assim, branco, e relativamente padrão. O cabelo é castanho e sua barba é pouca coisa mais clara, ele também é bem forte, musculoso e alto. Seu rosto tem alguns machucados e tem várias manchas de sangue espalhadas pelas mãos e braços, também nas roupas.

— Vamos logo — chama me puxando bruscamente pelos pulsos.

— Ei! Quem é você? — Pergunto tentando me afastar.

— Estou a trabalho para seu pai, vim te levar de volta — responde já andando, só me resta segui-lo. Mas assim que saio do quartinho que estava, eu arregalo os olhos e quase vomito ao ver a cena. Vários corpos espalhados pelo lugar, muito sangue pelo chão e nas paredes, fora o cheiro forte.

Seduzindo a Fera - Livro 1 dos Selvagens.Where stories live. Discover now