About Empress and Emperor [Ushijima Wakatoshi x OC]

Capítulo 24 - A verdadeira Imperatriz

Sentia meus olhos pesados, minha cabeça estava doendo por completo e todo meu corpo parecia reclamar de qualquer movimento brusco que eu fizesse.

A noite não tinha sido uma das mais favoráveis e por mais que Sakusa tivesse me distraindo cortando bolas e fazendo paralelos e cruzados incríveis, minha cabeça não abandonava o dono dos olhos oliva e as lágrimas ainda insistiam em cair sempre que as palavras dele surgiam na minha mente.

"Você parece uma oferecida."

Quem ele pensa que era para me chamar de oferecida? Eu não estava errada em abraçar meus amigos, eu tinha total direito. Se ele quisesse pensar aquilo, o problema era dele. Eu não estava errada! Eu não estava errada!

Será que eu estava errada?

Assim que essa frase cortou meus pensamentos, as lágrimas surgiram com tudo e eu me sentei lentamente na cama, vendo que Kira já tinha saído do dormitório e deixado sua cama arrumada. Teríamos apenas mais dois dias em Tóquio, contando com hoje que era a final das nacionais, um dia de folga e finalmente de volta ao colégio e a vida normal de um estudante. Gostava de quando a única coisa que eu fazia era treinar até meus músculos doerem. Gostava também de estar com as meninas do time, de matar um dia de treino e ir comer pão de queijo, ou de quando viajávamos juntas para um amistoso e nos divertimos nas praias.

Eram tantos momentos que eu perdi, que eu abandonei para vir viver como uma estudante e jogadora de uma seleção. É claro que havia muitas coisas que compensam, o time feminino do Shiratorizawa, Kira, os garotos do time, Bokuto e Akaashi, Kaori e Yukie. Até mesmo Omi-kun, que apareceu a pouco tempo. Foram tantas pessoas e tantas memórias, mas eu também sinto tanta saudades.

As lembranças repentinas só deixaram minhas bochechas mais molhadas, mas me forcei a ficar em pé e caminhar em direção ao banheiro. Minha vida não poderia parar porque eu fui rejeitada, ou porque eu sinto saudades de casa. Eu não poderia me deixar abater tanto, existem pessoas que eu preciso orgulhar ainda, eu poderia ir para casa depois que tudo acabasse. Eu tinha que fazer as memórias delas valerem a pena.

Minha aparência no espelho estava pior do que eu imaginei e aquilo me indignou, como eu pude deixar aquilo acontecer comigo por causa de uma paixão? Não me importava que ele fosse uma das pessoas mais gentis que eu havia conhecido, ou de como ele era bonito, inteligente, prestativo e apaixonado por vôlei, não existe nada mais importante no mundo do que eu mesma. É claro que eu ainda me sentia perdidamente apaixonada por ele, e talvez aquele sentimento nunca saísse do meu peito, afinal eu o amo e sei que meu amor não é inconstante, mas eu o reprimiria até esquecer. Eu não mereço sofrimento, eu mereço o mundo e irei conquistá-lo sozinha.

Me afastei do espelho e liguei a ducha no gelado, enfiando todo meu corpo para baixo e deixando todas as mágoas escorrerem pelo ralo abaixo, lavando meus cabelos e deixando a baixa temperatura melhorar um pouco a situação do meu rosto inchado e vermelho. Assim que pus meus pés no quarto, com os cabelos penteados e a toalha em volta do corpo, meu celular começou a tocar e assim que atendi, a voz alta e estridente de Kira chegou aos meus ouvidos.

"ESQUECEU DAS NACIONAIS! VOCÊ ESTÁ ATRASADA!" - puta merda!! Arregalei meus olhos e verifiquei o horário. Eu tinha exatos vinte minutos para trocar de roupa e chegar ao estádio antes que perdessemos por desistência.

Passei o uniforme pelo corpo e esqueci completamente meu ritual, calcei as meias e as joelheiras, amarrei o cabelo da melhor maneira possível e comecei a me desesperar quando não encontrei meu passe de entrada, nem a chave reserva do quarto.

Assim que consegui achar o necessário, me pus a correr como uma desesperada. Eu não peguei elevadores, muito menos um taxi, eu não podia perder meu precioso tempo esperando essas coisas lentas e lerdas chegarem onde eu preciso, e seria bom para aquecer correr por uns cinco quilômetros como se minha vida dependesse disso e eu não fosse tomar o sermão mais catastrófico da minha história. Pelo que percebi, a rua estava vazia, o que facilitou muito para minha pequena maratona e me diminuiu uns bons dez minutos.