20 - Cicatrizes

59 12 54
                                    


20

– Elle! – Desperto com a voz alarmada de Eric. – A liga entrou em contato! O helicóptero já vai pousar!

O céu ainda está escuro, revelando fazer poucas horas do começo da manhã. Levanto-me devagar e olho para o Tony dormindo uma ultima vez. Eu quero falar com ele e dizer que estou indo, mas não quero ter que me despedir outra vez. Eu não queria ter que me despedir dele nunca mais. Reparo em cada detalhe do seu rosto; algumas mechas de cabelo sobre a testa, o nariz delgado, seus lábios gentis... Aproximo-me e beijo suavemente seu rosto. "Eu te amo, pra sempre."

– Vamos! – Digo virando-me para Eric.

Ele e eu começamos a correr para fora da floresta, que parecia ter tomado um ar sombrio depois dos acontecimentos de ontem.

– Eles já estão lá, vamos rápido! – Diz enquanto corríamos.

Quando chegamos ao final, subimos no helicóptero que agora só contava com a presença do piloto. Ele rapidamente decola. Do alto, olho para a floresta, e as lembranças das últimas vinte e quatro horas começam a enfileirar-se em minha mente.

– Ei Volant! – Eric me chama, e eu olho para os lados verificando se alguém ouviu ele me chamar pelo sobrenome do meu pai. – O que foi?

– Não é nada – Volto a olhar para o lado de fora. Penso que talvez eu não devesse tê-lo mandado seguir em frente. E se esse não era o melhor caminho? E se só pudéssemos ser completamente felizes se estivermos juntos? A insegurança começa a sussurrar questionamentos me levando a pensar se eu havia de fato tomado a decisão certa.

– Não se preocupe. – Eric diz como se adivinhasse o que eu estava pensando. – Vai vê-lo de novo.

Olho para ele.

– Acho que você deveria aproveitar a viagem e dormir um pouco. – Sugiro. – Ficou acordado a noite toda...

Ele não responde. Eric apenas se vira e deita no canto do chão, impressionantemente realizando exatamente o que eu lhe dissera para fazer. Eu admirava a qualidade dele de saber quando não falar ou fazer perguntas. Por ser alguém que entende alguma coisa sobre estar sozinho, ele sabia identificar bem as horas em que eu não queria companhia e isso me deixava livre do peso na consciência de achar que estava sendo grossa.

Volto a olhar para fora. A lua ilumina a floresta, que agora me parecia a única coisa importante naquela vista. Não porque era bela, mas por quem ela abrigava.

...

Por volta das sete da manhã chegamos à liga, trazidos por um dos carros que pertencem a ela. Tivemos que passar por todo o processo de antes de entrar na mesma hora em que os empregados do aeroporto. Tudo ocorreu bem apesar do contratempo de termos ficado para trás em relação ao resto dos que foram a missão.

Encontro Katy assim que chego ao centro da liga.

– Oh Elle, graças a Deus! Pensei que tinha morrido! – Diz ela me abraçando.

– Não se preocupe estou bem! – Conforto-a.

Ela olha para a minha calça suja de sangue.

– Você levou um tiro? – Sua expressão é de espanto e admiração.

– Sim. Mas Eric tirou a bala da minha perna e agora estou bem.

– Você não esta nem um ano aqui e já levou dois tiros. – Ela comenta, rindo. – Se tivesse guardado as duas balas que te atingiram você poderia competir com o Fred, ele tem um pote com sete balas que foram tiradas dele.

Os ExiladosWhere stories live. Discover now