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29 de Novembro de 1941
13:34

Riddle era complicado, isso eu havia percebido no exato momento em que nossos olhares se encontraram naquele vagão, mas o que eu não sabia era que ele podia ser tão complicado assim.

Tudo bem, talvez eu até tivesse uma ideia, mas era totalmente diferente de ter isso sendo praticado em frente a meus olhos.

Riddle estava surtando internamente a exatamente uma semana, se recusando a dizer o motivo sempre que eu perguntava. Da última vez que eu tentei, terminei prensada em uma parede, desejando vergonhosamente que ele me fizesse parar de reclamar colando sua boca na minha. O que, obviamente, não aconteceu, ele simplesmente se afastou - instável e assustado de uma forma que não combinava com ele - e foi em direção a qualquer lugar que fosse longe o suficiente de mim.

Desde de então - no caso, desde ontem - não o vi mais - levando em conta que hoje é sábado, e não havia nenhuma razão para nos esbarramos por aí, exceto o motivo de que estávamos sempre juntos.

Tirando todo esse maldito problema, ainda tinha o bônus de que Marcell Slytherin não saia de meu pé, parecendo não entender o significado da palavra "não" - maldito garoto mimado.

Suspirei mais uma vez, me espreguiçando levemente - cuidando para não me mexer muito - no sofá da comunal e tentando ler o livro que eu tinha em mãos - onde eu estava mesmo?

— O que está errado? - abaixei meus olhos para o azul claro do loiro ao meu lado, que estava dormindo em meu ombro até um minuto atrás.

— Hm?

— Você está suspirando e se mexendo a meio hora.

Dei de ombros.

— O livro está chato - menti.

— Uhum, tá bom, e eu sou filho da família mais pobre do mundo, passo fome e não tenho o que vestir além de um trapo de segunda mão que era do meu tataravô.

Não pude evitar rir, revirando os olhos.

Abraxas se sentou, olhando-me.

Com Riddle, minha conexão era estranha, quase como se tudo jogasse um contra o outro, como se forçasse a nos unir, obrigando-nos a permanecer um ao lado do outro - de uma forma boa. Diferente de como eu me sentia com o loiro. Abrax era como um conforto, um bom amigo para todos os momentos - um irmão que eu nunca tive.

— O que está errado? - suspirei, fechando os olhos. Ele não podia me perguntar esse tipo de coisa quando eu estava frágil o suficiente para ser sincera.

— Eu não sei - confessei, abrindo os olhos e me perdendo em sua seriedade. Ele quase nunca ficava sério - está tudo um caos e eu nem sei o motivo.

Sua mão pálida se fechou no livro que eu segurava, pegando-o e colocando-o na mesa à nossa frente, passando os braços por meus ombros e me puxando contra si, me apertando em um abraço muito bem vindo.

O cerquei com meus braços, suspirando ao apoiar o queixo em seu ombro. Talvez eu precisasse daquilo.

— Tom está estranho - murmurei contra seus fios platinados - e eu não sei bem a razão, mas acho que tem haver comigo - suspirei - acho que a culpa é minha, mas não sei o que eu fiz.

Abrax riu anasalado, afastando-me pelos ombros, olhando-me nos olhos.

— Sabe, acho que nunca o vi assim - o olhei confusa - Riddle sempre foi alguém frio, calado e rude, afastando qualquer pessoa que falasse com ele por mais de meio minuto. Tom mudou muito desde que você chegou, Eva.

Dark Lady (1) - Tom Riddle (Republicada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora