3. Dou vida à uma espada sinistra

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Fernando, Fernanda e eu, namoramos desde os treze anos, até que decidi que era melhor por um fim nisso, ano passado. Não brigamos, nem nada demais, era só que de repente eu quis ser solteira quando percebi que nunca tive esse momento, já que começamos a namorar muito novos. Sentia que nossa relação já tinha se saturado demais e que estava na hora de me abrir para novas coisas. Por incrível que parecesse, os gêmeos aceitaram isso numa boa e terminamos bem ainda sendo amigos.

Mas não importasse o que acontecesse, quando nós três estávamos perto um do outro, nós sempre tínhamos recaídas frequentes e quando menos esperassem, eu estava beijando um dos dois. E no dia seguinte eu acordava sempre ou na cama de Fernando ou na cama da Fernanda, minha consciência sempre pesava e me sentia completamente culpada, porque eu sabia que tinha feito merda ao me deixar levar.

Entretanto, um relacionamento tão longo quanto ao que tivemos, não é tão fácil assim de superar e seguir em frente como eu pensava quando terminei tudo. Bom pelo menos comigo era assim, não sei como era com os dois.

Todo mundo tinha seus pinguins. Alguém que simplesmente não conseguia esquecer e deixar no passado, por isso sempre os traziam de volta para o presente. E os meus pinguins eram Fernando e Fernanda.

— Vocês não estavam em Nova York? — Pergunto, arqueando a sobrancelha e tentando segurar o máximo possível da minha surpresa ao verem que eles estavam de volta e sequer cheguei a saber disso.

Bob parece se divertir as minhas custas atrás de mim, porque ele sabe de toda confusão entre nós três e como fico quando parecendo uma verdadeira idiota quando estou perto deles. Juro que ainda mato o Bob esponja, o estrangulando com a alça da minha Chanel.

— Chegamos ontem à de manhã. Fomos na sua casa te procurar, mas Júlia disse que você tinha ido para Boston com Carlos. — Fernanda faz um bico infantil, que particularmente eu achava adorável e senti uma vontade gigante de beijá-la naquele momento.

Droga.

Segura a onda, Doraalice! Eles são seus exs. Exs! E pessoas normais e psicologicamente saudáveis não ficam mais com os exs!

— A propósito, como Carlos está? — Fernando pergunta, enfiando suas mãos em seus bolsos.

— Muito bem. — Engulo o seco com dificuldade, os dois percebem meu nervosismo e sorriem ainda mais, se divertindo as minhas custas assim como Bob fazia.

— Temos uma novidade para você. — Fernanda sorri alegremente.

— Têm? — Questiono.

— Mamãe quer que você corra no racha dessa noite. — Fernando diz e pisco totalmente atônica, quase sem acreditar.

— Como é?

— Hoje é dia da nosso racha contra as outras gangues da cidade. O prêmio dessa vez é de cem mil dólares. E nossa mãe escolheu você para nos representar e vencer a corrida. — Fernando esclarece.

Então Fernanda passa o braço por cima do meu ombro e puxa para próximo dela.

— Sabe que nossa mãe sempre te amou. Até hoje não superou o fato que terminamos, Dodô.

É, Mônica queria realmente me ferrar. E a pior parte é que já estou me vendo beijando um dos gêmeos essa noite e fazendo muita besteira de uma só vez.





***





Mônica Ferreira é a verdadeira chefona da gangue. Ela manda em tudo e controla tudo. É a responsável pela boate que temos, pelas brigas clandestinas que lucramos alto, pelos rachas, pelas mesas de jogo de pôquer clandestinas, pelos produtos que contrabandeamos e pelos produtos que importamos sem sequer pagar os altos impostos e revendemos pelas ruas da cidade. Resumindo: é ela que manda em tudo.

Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄Where stories live. Discover now