É, eu tenho uma arma e sei usá-la muito bem se for necessário, mesmo que nunca tenha realmente atirado em alguém ou tampouco matado. Não. A única pessoa que realmente vou matar um dia se chama Phil Davis e ele é o meu padrasto alcoólatra abusivo e o motivo pelo qual eu fugi de casa aos sete anos com meu irmão, depois de decepar a mão dele com um facão.
Vocês devem me achar uma psicótica sem um bom motivo para fazer isso, mas a verdade é que Phil é o pior tipo de escoria e ouso dizer a pior coisa que aconteceu comigo e minha família. A história não é muito agradável ou tampouco seja algo que goste de me lembrar, mas realmente existe uma justificativa plausível para o que me tornei atualmente. O motivo para eu ser uma criminosa de dezessete anos e ter me aliado a uma gângster de latinos americanos.
Mas acho que não é o momento certo ainda para me abrir sobre meus traumas e sobre meu passado triste e deprimente, digno do Oscar de melhor história dramática. Talvez quando tivermos um pouco mais de intimidade, eu me abra com vocês. Até lá só irei revelar o fato resumido e direto: Phil matou a minha mãe e vou mata-lo por isso.
Só o mínimo pensamento em Phil, me faz reviver lembranças horríveis dos gritos de dor da minha mãe. Das cicatrizes que ele deixou em mim e em Carlos quando jogou cada um de nós dois sob os cacos de vidro da mesa — a qual Phil quebrou em um de seus ataques intermitentes de fúria —, que cortaram violentamente nossa pele e deixaram cicatrizes que ainda doem só apenas de lembrar.
— Ei, Dora. — Carlos me chama falando tipicamente português comum. Agradeço mentalmente por meu irmão me retirar dos meus devaneios de tormento interno. — O que acha de irmos a um ringue de patinação? Eu quero muito saber como é!
— Você vai é cair de cara no gelo seco e se machucar. — Digo com sinceridade.
— Não vou não. — Ele tenta contra argumentar, mas eu apenas reviro meus olhos.
Boston estava completamente coberta por neve e pequenos flocos brancos caiam do céu, flutuando em pleno ar. Carlos e eu nunca tínhamos visto neve de verdade, sem ser em algum filme, programa ou fotos. Essa realmente era nossa primeira vez e experiência com neve, e infelizmente não gosto nenhum pouco. Não sei explicar, apenas me sinto desconfortável e ainda mais sinto um aperto no meu peito ao constar que mamãe gostaria de ter visto neve também.
Meu peito dói por um momento e respirar nunca me pareceu tão difícil quanto agora.
Sinto tanta falta dela...
Mas só sentir isso não vai trazê-la de volta a vida. A única coisa que posso fazer é tentar seguir em frente. Sei que minha história e a história de Carlos não tiveram um começo muito feliz, mas isso não precisava definir todo o resto de nossas vidas. Eu sempre estaria aqui para cuidar do meu irmão e nunca deixa-lo só. Essa é uma promessa que irei cumprir, custe o que custar.
O dia estava ensolarado, mas não era aquele sol quente a ponto de derreter sua pele só de estar sob ele como era em LA, não, o sol de Boston era tão frio quanto às pequenas camadas e colchões de neve branca e clara que se formava em suas ruas. Neve. Tão clara, tão pura e tão odiada inconscientemente por mim.
Assim que chegamos à cidade e saímos da estação, fomos primeiramente ao Museu das Artes Finas, o qual é a segunda maior exposição de artes permanente nos Estados Unidos. Carlos e eu amamos arte e principalmente desenhar, parece que essa é a nossa terapia e nosso jeito particular de lidar com os nossos traumas. O desenho praticamente de ajuda a pensar melhor, a controlar minha raiva e a como lidar com os sentimentos que são sufocados por mim. Acredito que meu irmão faça o mesmo. Então essa é uma das nossas paixões em comum: desenhar e arte.
Como estava fazendo bastante frio em Boston, bom ou pelo menos era isso que Carlos descrevia, já que não sinto frio. Mas meu irmão sente e muito, ao ponto dele esfregar suas duas mãos cobertas por luvas lã na tentativa frustrante de se esquentar e bater os dentes de tanto frio, mesmo estando coberto por centenas de camadas de roupas.
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Things We Lost In The Fire ── 𝐌𝐀𝐆𝐍𝐔𝐒 𝐂𝐇𝐀𝐒𝐄
FanfictionAo encontrar uma antiga e misteriosa espada nórdica, a qual faz com que o pai que nunca conheceu, venha até seu encontro, Doraalice Castro, acaba descobrindo de uma maneira não muito legal que todos os mitos nórdicos são tão reais quanto os Deuses A...
1. Ninguém escapa dos meus louboutins ninjas-voadores.
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