III. VIII. Crenças

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Eu suspirei, me encostando próximo a porta, então ouvi seu risinho ridículo, eu não costumava pedir ajuda a ninguém. Mas quando Sakura era o "problema", eu precisava que alguém me apontasse a direção certa e me desse todos os sinais possíveis de que eu estava fazendo a coisa certa.

— Ela ameaçou te estrangular ou está irritada por não conseguir dormir? — Ela perguntou, também já estava acostumada com as oscilações de humor da Sakura.

— Eu estou fazendo algo de errado? — Aquela pergunta era o cúmulo da humilhação para o meu orgulho.

Eu não gostava nem um pouco de pedir ajuda, pedir opinião de qualquer um, sempre soube resolver qualquer impasse ou dúvida que surgisse, era capaz de resolver sozinho e aquilo era algo que eu almejava fazer. Mas quando Sakura era adicionada naquela equação, eu ficava totalmente perdido e isso era, de muitas formas, irritante.

— Como assim? — Ela soltou a caneta e me olhou, buscando alguma coisa na minha expressão que entregasse o real sentido daquela pergunta, mas eu não costumava deixar transparecer muita coisa.

— Estou agindo mal com ela? — Sua expressão se apaziguou naquele instante, logo se tornando um riso frouxo e em seguida uma risada realmente alta.

Já estava me levantando para voltar para Sakura, se eu soubesse, sequer teria vindo até aqui. Eu não gostava de ser motivo de riso, aquilo era outra coisa irritante em toda aquela situação, deixar meus sentimentos expostos demais. Eu sequer sabia entendê-los completamente, então ser zombado daquela forma... Argh!

— Você não está fazendo nada de errado. — Ela disse ainda em meio aos risos. — É fofo que se importe assim.

Travei o passo, querendo saber mais. Tinha certeza que ela só continuaria se eu me virasse em sua direção novamente, virei nos calcanhares e vi ela empurrar os óculos, que já estavam na ponta do nariz, com o dedo médio. Numa ofensa contida em minha direção.

— Você não está fazendo nada de errado... Ela só está grávida, os hormônios se movimentando de forma descontrolada, o corpo mudando, os hábitos mudando... É normal que ela esteja irritada, estressada, carente.

— E porque eu pareço ser o problema? — Me escorando na porta outra vez, minha atenção estava completamente voltada para ela.

— Porque foi você que meteu o problemão nela. — Não pude evitar de sentir as bochechas vermelhas, muitas vezes Karin tinha um palavreado completamente desbocado.

— Então o que eu faço?

Sim, por Kami, eu precisava que alguém me apontasse todas as direções, setas e luzes que pudessem me guiar até o caminho certo para lidar com uma Sakura grávida e sempre irritada.

— Você vai ter que descobrir sozinho, eu não tenho uma receita que você possa seguir, só lhe de apoio quando necessário. Ela precisa de você, mais do que nunca.

Suspirei, sentindo o peso das suas palavras, sabendo que ela estava certa e eu podia seguir sem a culpa de achar que estava errado, mesmo que ela parecesse tão irritada.

Ela apoiou o rosto na mão, com uma expressão que eu não lembrava de ter visto em seu rosto, não pensei que poderia me tornar amigo dela daquela forma. Deixando que ela pudesse ver minhas dúvidas.

— É bom te ver dessa forma. — Ergui uma sobrancelha, sem entender a que ela se referia. — Ver que você é muito mais do que essa pessoa fria, pensei que nunca fosse encontrar felicidade ou aceitação, sempre foi uma pessoa tão fria e mergulhada em sentimentos ruins, mas quem diria, não é? Tudo que você precisava nunca esteve além dos portões de Konoha, ela sempre esteve lá, sua jornada de redenção não tem outro final... a não ser com ela.

O Retorno do UchihaWhere stories live. Discover now