13 - Pirilampos

89 11 0
                                    

Estava um final de tarde de Verão ameno. Apesar de já serem seis horas, o sol ainda ia alto. Dina estava um pouco cabisbaixa pela rejeição de Ellie, tinha preparado tudo com tanto cuidado e carinho, mas nada a fazia desistir. Entregou as rédeas de Shimmer a Ellie que pegou nelas com um movimento brusco.

- Sabes, não precisas de vir se não quiseres. – Disse Dina baixando o olhar. – Digo à Annie que estou cansada ou assim, ela nem vai perceber.

- Sou uma pessoa de palavra, se lhe disse que ia, vou. – Respondeu Ellie com um tom gelado na voz.

- Então vamos... ainda temos algum caminho pela frente.

Ellie montou Shimmer e seguiu caminho ao lado de Dina e Callus. Ambas iam em silencio. De vez em quando Ellie olhava para Dina e vice-versa, mas sem nunca trocarem um olhar. A paisagem que as acompanhava era sempre digna de filme, muitas árvores ao seu redor, campos de lavanda cheirosos, constantemente seguidas pelo riacho baixo por onde os cavalos gostavam de passar sentindo a água fresca molhar-lhe as patas.

Dina não tinha mentido, o caminho era realmente longo e o silencio constrangedor não ajudava a passar o tempo. Dina e Ellie decidiram quebrar o silêncio ao mesmo tempo:

- Então, já... - começou Ellie ao mesmo tempo que Dina falava: - Achas que... - ambas riram.

- Diz! – Dina deu vez à Ellie para falar.

- Ah, não ia dizer nada de especial... só ia perguntar se alguma vez pensaste em dar ouvidos às pessoas da cidade? – perguntou Ellie.

- De quê? – Dina estava confusa.

- De tu e o Jesse voltarem... sabes, disseste que as pessoas achavam que vocês deviam ficar juntos e tal.

- Olha, o Jesse é ótimo... adoro-o a ele e à sua família, eles serão sempre família para mim, mas quando namorámos estávamos apenas em piloto automático sabes?! – Explicou Dina. – Acho que já falamos deste assunto vezes demais... tu nunca falas de ti, mulher de negócios lá da cidade, aposto que pretendentes não te faltam.

- Isso é porque não há muito para falar nesse campo, aliás, nem nesse campo nem noutro... A minha vida é trabalhar e trabalhar, tento dar o meu melhor... como disseste, sou mesmo uma mulher de negócios e vivo focada nisso.

- Oh cala-te! Deixa-te de tretas...– Dina insistiu. – És bonita, inteligente, cuidada... em Seattle não há ninguém que goste disso, é?

- Oookey... - Ellie começou. – Terminei uma relação no final de dezembro, ela era fantástica, mas acho que não estávamos em sintonia. Ela queria umas coias, eu queria outras.

- Quanto tempo estiveram juntas? – Dina estava curiosa.

- Uns dois anos, mais ou menos... Ela era tatuadora... sabes como é a vida de artista?!

- Não... - Dina riu.

- Pois! Eu também não, mas ela sabia bem. Foi ela quem me fez esta tatuagem. – Ellie exibiu o braço de maneira a que Dina visse a sua tatuagem.

- Já tinha reparado nela, é bonita... Talvez ela não fosse certa para ti.

- Talvez não. – confirmou Ellie. – Mas e esse lugar espetacular e fantástico, quando chegamos?

- Estás a ver aquele prado ali? – Dina apontou em frente. – É mesmo aí. Acho que vais gostar.

- Espero que valha a pena...

- Vai valer. – Dina estava coma ar sonhador. – É onde aparecem os pirilampos. Quando era pequena e até mesmo adolescente, acampávamos muitas vezes aqui.

Woodward RanchWhere stories live. Discover now