"Uh.. Uma amiga minha. Ela ficou depressiva alguns anos atrás. Ela perdeu uma pessoa... Essa pessoa era muito importante para ela. Pouco tempo depois, quando ela achou que estava se recuperando, outra perda aconteceu." Solto um suspiro pesado e olho para Amber, que está com o olhar fixo na mesa, pensando.

"E por acaso essa sua amiga está melhor hoje?"

"Sim. Bem melhor, ela finalmente conseguiu superar tudo isso." Respondo e dou um sorrisinho.

"Alguém mais?" O olhar do Sr. Derek passa por todos, e parece que minha ação em falar de alguém depressivo encorajou outras pessoas a fazerem o mesmo.

O resto da aula não demorou a passar, alguns alunos falando sobre parentes ou amigos depressivos e um ou outro falando até sobre sua própria depressão.

"Bem, parece que essa foi uma das nossas melhores aulas." O professor suspira. "Espero que nas próximas aulas vocês interajam como nessa. Para a semana que vem eu quero um relatório sobre em que casos a depressão pode ser curada ou não." Múrmuros são ouvidos das pessoas que não gostaram da ideia de um relatório, diferente de mim, que adorei o trabalho, assim vou poder me distrair. "Já podem sair. Dispensados."

-xxx-

O período de aulas acabou faz cerca de meia hora e eu estou na lanchonete com Amber, enquanto ela me conta da sua noite com o Calum.

"Fico aliviada em saber que vocês fizeram na cama do Ash e não na minha." Digo depois que ela termina a história. "Mas como vocês conseguiram abafar... Ah, os gemidos?" Pergunto tímida e Amber ri.

"Calum pensou em tudo." Ela dá uma golada no suco. "Ele deu uma playlist de rock para o Mike e pediu pra por, e o barulho alto da música fez com quem ninguém escutasse. Pelo menos eu espero."

"Ou vocês foram rápidos ou chegaram cedo. Eu cheguei com o Luke depois e os dois já estavam na sala." Comento.

"Bem, chegamos cedo." Amber afirma. "Falando no Luke, como anda sua relação com ele?"

"Não temos uma relação." Fui direta. "Somos apenas amigos."

"Amizade colorida. Só se for, porque com aquele beijo..." Amber diz. "Sente alguma coisa por ele?"

"Foi só um desafio, nada de mais. Mas talvez posso rolar alguma coisa." Ela assente e pega sua bolsa pendurada na cadeira.

"Tenho que ir. É melhor que fazer aquele relatório logo antes que eu perca a vontade." Rimos juntas, pois é bem capaz de Amber realmente fazer isso. Ela se levanta e nos despedimos com um abraço.

Vou até o balcão da lanchonete e peço mais um suco, depois volta a sentar. Tiro meu notebook da mochila e ligo, lendo meus e-mails em seguida. A moça da lanchonete, a Sra. Parker, me traz o suco e eu agradeço com um sorriso,no qual ela retribui.

"Não sabia que você tinha ficado depressiva quando eu me mudei pra Londres." Dou um pulo quando Michael me surpreende do nada. "Oh, desculpa, não quis te assustar." Ele senta na cadeia a minha frente, onde Amber estava.

Arqueei as sobrancelhas.

"O que está fazendo aqui?" Pergunto, grossa. "Não deveria ter ido embora? Por que está falando comigo, você sabe que eu quero evitar.."

"Eu sei, na verdade até concordo com você. Quero me distanciar também. " Ele diz com seu olhar baixo. "Só vim saber por quanto tempo você ficou com depressão depois que eu me mudei."

"Não fiquei depressiva."

"Madsy... Madson." Ele se corrige. "Eu sei que a história da amiga é falsa. Você disse que sua 'suposta amiga' sofreu por duas perdas. Você sofreu duas perdas."

"Sofri só uma perda, você sabe disso."

"Você me considerou como uma perda quando eu fui embora, e uns meses antes ainda teve a perda do-"

"Por favor, não toque nesse assunto." O interrompo e ele concorda.

"É, eu sei, me desculpa, eu também não gosto de falar disso."

"E você não foi uma perda para mim." Minto.

"Madson, por favor, claro que fui. Eu só preciso que você admita isso e que me explique sobre a depressão." Michael coloca sua mão sobre a minha, mas logo se arrepende e tira.

"Pela última vez: não fiquei depressiva por você!" estou quase gritando. "Mas sim, eu já fiquei depressiva, se é isso que quer saber. Foi pelo... Você sabe o que."

"Pela perda. Isso foi antes ou depois da minha mudança?"

"D-Depois." Gaguejo.

"Bem, ainda acredito que você ficou depressiva por mim." Ele diz convencido. Abro a boca para falar mas ele impede. "Eu estava com você quando quase ficou depressiva pela perda. Chorou no meu ombro e eu e seu irmão fomos sua base para você não entrar em depressão! Eu esta a lá Mad, eu ajudei você, isso depois que você conseguiu me perdoar, claro." Ele está berrando

"Por que está tão convencido que eu tive depressão só porque você foi pra Inglaterra?" Berro de volta.

"Porque se não teria esquecido tudo isso e me perdoado por ter parado de falar com você!" Michael passa a mão pelos seus cabelos avermelhados. "Só olha para mim e discorde que eu estou certo."

Abro a boca várias vezes, mas não sei o que dizer. Apenas encolho os ombros e encaro o verde dos olhos dele.

"Foi o que eu pensei." Ele diz.

Por um lado ele está certo, ele esteve comigo no processo de superação da perda porque eu o perdoei. Mas agora ele está convencido que eu fiquei com depressão depois que ele se mudou, e eu odeio admitir isso, mas ele está certo.

"Talvez tivesse sido melhor se nunca tivesse te perdoado da primeira vez." Concluo. Sinto as lágrimas brotando nos meus olhos, mas felizmente consigo afastá-las. "Por favor, vai embora e evite falar comigo."

"Ok." Ele se levanta e percebo em sua afeição que ele está.... Triste? "A propósito, talvez se você realmente não tivesse me perdoado, as coisas poderiam estar diferentes. Mas se você me perdoar dessa fez, tudo pode mudar."

"Vai embora." Peço de novo e deixo uma lágrima escapar.

Michael se retira da lanchonete e eu fico sozinha. Pago o suco para a Sra. Parker e vou para o estacionamento. Preciso urgentemente ir para casa, ler um bom livro e esquecer essa conversa que acabei de ter com Mike.

No caminho de 15 minutos da universidade até em casa vou com os vidros fechados e a música alta, para tentar abafar meus pensamentos.

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Olá meus amores,
Como estão? Espero que tenham gostado desse capítulo.
Obrigada por lerem.
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Ily you all xxx

Everything I Didn't Say + mgcWhere stories live. Discover now