Capítulo III

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Quando ouviu seu nome sair pelos lábios de Yurem naquela manhã, Izuna soube que algo grande estava para acontecer. Tobirama havia ido ao encontro do Rei às pressas após a terrível notícia sobre a duquesa e, horas depois, o Tenente o chamou com a seriedade que ele normalmente só tinha quando algo o incomodava.

Yurem avisou que iriam partir ainda naquele dia, e logo após explicar o motivo, o deixou para fazer seus próprios preparativos. Ver Yurem tão concentrado em algo o lembrou de todas as vezes em que foram caçar juntos, e inevitavelmente a mente de Izuna voltou anos atrás, quando ele se empenhou tanto para salvar Madara.

Yurem sério daquela maneira sempre o deixava do mesmo modo, mas, daquela vez, tinha algo diferente. O Tenente parecia ter preocupações além da busca em si, e Izuna não o estranhou por isso, não enquanto ele mesmo não conseguia deixar de se preocupar com o que Tobirama estava sentindo naquele momento. A tia estava desaparecida, a esposa do amigo havia sido morta e o reinado do irmão tendo um início complicado. Além de tudo, Izuna sabia muito bem que ele ainda estaria preocupado com sua segurança e a de Yurem.

Antes de se preparar como Yurem havia ordenado, Izuna não esperou para ir até Tobirama. Ele estava em seu quarto, com os braços cruzados e a expressão séria direcionada para além da sacada. As cortinas brancas balançavam descontroladas pelo vento que deixava aquele dia mais fresco. O tecido tampou Tobirama por alguns segundos, enquanto Izuna descia os poucos degraus de mármore, e quando o vento se acalmou por um momento e a cortina ficou quieta na grande porta da sacada, pôde ter seu olhar sobre si.

Os pés seguiram calmamente até Tobirama, e quando enfim ficou ao seu lado, o ouviu suspirar pesadamente. Nada disseram por longos minutos e ficaram a olhar a paisagem da vila através da porta de vidro. Izuna sabia que seria difícil fazer Tobirama se acalmar com tudo o que estava acontecendo, mas esperava que ele visse que não havia com o que se preocupar se tratando dele.

— Nós vamos encontrá-la — enquanto se virava para ele, Izuna disse finalmente.

Tobirama não desviou a atenção da vila, mas a cabeça de moveu positivamente.

— Eu sei que irão — sua voz soou calma —, mas o que me preocupa é o estado em que ela estará.

— Sempre procuro pensar o melhor.

— Sim — ele sorriu e se virou para Izuna. — Mesmo tendo dito, anos atrás, que tentaria mudar isso em você, ainda continua o mesmo.

— Isso é ruim? — Izuna acabou sorrindo de maneira fraca, fazendo-o rir em tom baixo e balançar a cabeça.

— Não — Tobirama levou as costas da mão até a bochecha de Izuna. — Isso faz de você melhor do que eu.

O soldado balançou a cabeça como ele ao ouvir tais palavras, assim que o toque em seu rosto cessou. Tobirama ficou sério mais uma vez, o corpo se aproximou um pouco mais, e segurou as mãos de Izuna com as suas para levantá-las próximo aos peitos de ambos.

— Eu não irei mentir para você. — Ele desviou o olhar por poucos segundos e acariciou as mãos com os polegares. — Estou obviamente preocupado com a minha tia, e o mesmo vale para Yurem e os outros, mas... — Tobirama respirou fundo. — Sei que posso parecer egoísta e frio com todos eles, mas, o que mais temo neste momento é que você se machuque.

Izuna tomou algum tempo para si mesmo. Os pensamentos se agitaram, e nada naquela bagunça parecia bom o suficiente para dizer. Não era surpresa que Tobirama pensasse daquela forma, porém, continuava um assunto delicado por não poder dar certeza alguma para ele. Ainda assim, o sorriso fraco de Izuna voltou a aparecer, quando soltou uma de suas mãos e a levantou até o rosto de Tobirama, que virou a cabeça por um momento e beijou levemente a sua palma.

O Chamado Dos DeusesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora