Capítulo 25 - Ano Vinte e Quatro

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Mês Doze. Penúltimo Dia.

River usou o seu novo manipulador de vórtice apenas duas vezes. A primeira, indo para a Inglaterra de 1562, onde ajudou o Décimo Doutor oferecendo informações sobre a invasão Zygon que estava ocorrendo naquele período. Ela também tinha acabado de receber um convite da Corporação Felman Lux para liderar um time em uma expedição no planeta Biblioteca. Ela estava seriamente pensando em aceitar. A segunda foi em uma tentativa de visitar o Rosto de Boe, mas ao invés disto, tinha ido para o funeral dele. 


Mês Doze. Último Dia.

River e Nardole conversavam na sacada do restaurante. 

- Você entendeu como funciona, né? - Perguntou ela ao dar seu manipulador de vórtice para Nardole.

- Sim, senhora! E quanto a Tardis?

- Você já conversou com máquinas, né? Você entende o que o R fala, vai entender ela também. E outra, eu não te ensinei como se dirige ela?

- Sim, mas... E se ela não gostar de mim? Eu não posso tocá-la sem o consentimento dela!

River levou a sua mão direita ao rosto e desceu lentamente, como forma de expressar a sua reprovação pelo o que ouviu. Em seguida, ela colocou a mesma mão sobre o ombro de Nardole e disse:

- Ela gosta de você, senão nem te deixaria entrar nela tantas vezes... - Ela parou por um momento e sussurrou para si mesma. - Isso soou um pouco estranho... Enfim, Nardole, eu e ela já combinamos tudo. Só falta você fazer a sua parte. Estamos entendidos?

- Sim, senhora! - Ele prestou continência a ela.

- Nunca mais faça isso para mim! 

- Sim, senhora!

- E lembre-se: Você tem a minha total permissão de chutar a bunda dele, se ele sair da linha.

- Sim, senhora! Como quiser, senhora!

Ao retornar, ela encontrou com o Doutor na sala do console.

- Oi, querido!

- Tudo bem?

- Sim, estou um pouco cansada. Acho que vou sentar no corredor de cima e ler algum livro. Tudo bem?

- Sim, querida! Qualquer coisa, estarei tocando guitarra lá no quarto.

- Para quê ir tão longe, toque aqui mesmo.

- Não vai te atrapalhar?

- Não mesmo! Amo te ouvir!

Ambos sorriram. Ela subiu as escadas, andou um pouco e se sentou em uma poltrona próxima a uma mesinha e a uma estante de livros. Ao lado, havia uma lousa com os dizeres "Jardim do Adeus. Próxima Parada?". Ela olhou, tentou lembrar do porquê aquilo era familiar, pensou em perguntar para o Doutor, mas desistiu. Em seguida, ela tirou da bolsa um Tablet e decidiu terminar o seu livro em co-autoria com a Tardis.  Enquanto isso, o Doutor andava pelos corredores inferiores, dedilhando a sua guitarra.

- Só faltam o prefácio e o epílogo. - Sussurrou ela para si mesma.

- Disse alguma coisa, querida? - Perguntou ele, olhando para cima.

- Nada, apenas lendo, querido!

Ela começou a ouvir o Doutor tocar, não resistiu e perguntou:

- Qual é o nome dessa música, querido? Ela é linda!

- "Eu esqueci".

- Como assim você esqueceu o nome da sua própria música?

- Não, o nome dela é "Eu esqueci".

- Por que não "Clara"?

- Clara quem?

- Ah, esquece! - Ela voltou a escrever em seu Tablet. 

- Que tal, "River"? - Ele gesticulou como se desenhasse um gigante letreiro no ar.

- Não seja bobo, querido! - Ela riu e mandou um beijo para ele.

Aproveitando que o Doutor havia entrado em um dos corredores adentro, River foi até a porta e ordenou que Nardole entrasse na Tardis.

- E agora, senhora?

- Você se esconde enquanto eu levo ele para o quarto...

- Não precisar me contar os detalhes, senhora.

- Não seja besta! Eu vou arrumar as minhas coisas para um trabalhinho que me arrumaram.

- E onde eu me escondo?

- No quarto do Adric. Ou no banheiro, aquele próximo ao armário de macarrão. Ele sempre usa o da suíte.

- Entendido, senhora!

Horas depois, River e Doutor estavam se preparando para deixar Darillium. O Doutor tinha acabado de receber uma convocação do planeta Porĉiama onde ele teria que executar Missy pelos seus crimes.

- Então é isso, sede da Corporação Felman Lux?

- Sim! E você?

- Não sei ainda! – Disse ele, tentando esconder o seu verdadeiro destino.

- Querido...

Ele abaixou uma das alavancas do console e a Tardis partiu. Ela se materializou na sede da Corporação Felman Lux.

- Adeus, querido! Espero te ver novamente!

O Doutor não respondeu. As portas se fecharam e a Tardis se desmaterializou. River se uniu com o time da expedição, fizeram os últimos preparativos para a viagem e embarcaram em um foguete em direção ao planeta Biblioteca. Durante a viagem, River aproveitou para escrever nas últimas páginas de seu Diário. As suas últimas palavras diziam:

"Somente na escuridão nos revelamos. A bondade não é bondade se buscar uma vantagem. O bom é bom na hora final. No poço mais profundo. Sem esperanças. Sem testemunhas. Sem recompensas. A virtude somente é virtude no momento derradeiro. É nisso que ele acredita. E é por isso, acima de tudo, que eu o amo. Meu Marido. Meu louco em uma caixa. Meu Doutor."


Doctor Who: Ultimum Vale Pt. 2 - A Longa Noite de NatalWhere stories live. Discover now